É hora de solidificar unidade contra o golpe

Se mantida a previsão de votação final do impeachment pelo Senado para o dia 2 de agosto, os movimentos que se
comprometem com a democracia têm pouco mais de 20 dias para apostar todas as cartas em debates e, principalmente, ações que garantam a saída do governo interino golpista de Michel Temer. Diante do prazo enxuto, a vice-presidenta da CUT Nacional, Carmem Foro, avaliou durante a Plenária Extraordinária da CUT Brasília que o principal desafio da classe trabalhadora é solidificar a unidade e dar peso às próximas atividades para barrar o golpe de Estado. A plenária teve início na manhã desta segunda-feira (11) e seguirá por todo o dia, no Sindicato dos Professores do DF (Sinpro).
Plenária Extraordinária CUT - SINPRO - Foto Heitor Lopes - 11-07-2016 (21)“A Frente Brasil Popular foi, sem dúvida, uma das maiores construções nossa nesse período. Houve uma unidade que não havia havia tempos. Mas, nos últimos 30 dias, houve uma baixa nas manifestações. Isso, na minha avaliação, por causa de pautas que dividem opiniões, como a do plebiscito para chamar novas eleições. Para nós da CUT, o plebiscito agora é um tiro no pé e a legitimação do golpe. Temos dificuldade em entender que essa seja uma saída democrática, o que não é unanimidade”, afirma Carmem Foro.
Junto à necessidade de unificar a esquerda, também há o desafio da construção da greve geral da classe trabalhadora para barrar o golpe e impedir que os direitos garantidos não sejam Plenária Extraordinária CUT - SINPRO - Foto Heitor Lopes - 11-07-2016 (11)surrupiados. A aposta, capitaneada principalmente pela CUT por mexer com o bolso daqueles que patrocinam o golpe, encontra barreiras que, embora grandiosas, poderão ser superadas.
“Tenho convicção da necessidade e urgência da greve geral, por isso chamamos essa plenária. Cada dirigente e cada militante tem que estar convencido dessa necessidade, não é apenas só discurso. A partir daí, teremos capacidade de convencermos os trabalhadores, mostrando o golpe e todos os roubos de direitos que serão impostos”, alerta o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
Durante a Plenária Extraordinária da CUT Brasília, houve aqueles que criticaram a aparente apatia de algunsPlenária Extraordinária CUT - SINPRO - Foto Heitor Lopes - 11-07-2016 (16)sindicatos quanto ‘a realização de ações concretas e de massa que visem ao fim do golpe e deem sustentação à construção da greve geral. “Às vezes parece que estamos vivendo uma normalidade. Estamos a menos de um mês da votação final do impeachment e não há uma mobilização massiva. A gente tem de ter ação concreta, verdadeira, para derrotar o golpe”, disse Reginaldo Dias, do Sindsep-DF.
Em reunião da diretoria executiva da CUT Nacional, no dia 5 desse mês, em São Paulo, foi tirado calendário para dar início à construção da greve geral. Clique aqui para conferir. (http://www.cut.org.br/noticias/cut-intensifica-acoes-para-impedir-retirada-de-direitos-590e/)
Resistência para avançar
Plenária Extraordinária CUT - SINPRO - Foto Heitor Lopes - 11-07-2016 (19)A análise de conjuntura da vice-presidenta da CUT Nacional, Carmem Foro, realizada na Plenária Extraordinária da CUT Brasília, reservou espaço para fazer observações importantes dos 13 anos de governo popular conduzido pelo PT. “Houve um conjunto de acertos, e é por isso que estamos pagando caro, mas era possível ter avançado mais”, afirmou. Segundo a dirigente sindical, reformas essenciais, como a democratização da comunicação, a reforma política e a reforma tributária, foram colocadas em segundo plano.
Diante de um cenário pouco estimulante, com uma unidade profunda de setores reacionários no Congresso Nacional, que apoiam o golpe, Carmem Foro lembra que é importante continuar a luta pela saída de Temer, mas com alterações no projeto político que vinha sendo aplicado. “Queremos que Dilma volte, mas para recuperar o projeto apresentado em 2014. Se ela voltar e continuar fazendo a outra pauta, também não vamos aceitar”, afirma.
WhatsApp-Image-20160711 (3)A Plenária Extraordinária da CUT Brasília continuará na tarde desta segunda-feira, quando será construído um calendário de luta da classe trabalhadora do DF. Também será lançada a cartilha “O maior roubo de direitos da classe trabalhadora”, produzida pela Central, com apoio técnico do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).  O material apresenta os mais de 60 projetos e propostas que tramitam no Congresso Nacional e violam desumanamente os direitos historicamente conquistados.