“Diplomatas” fundamentalistas humilham Brasil perante o mundo em reunião da ONU

O movimento docente e os diplomatas de carreira brasileiros revelaram, recentemente, a humilhação e o constrangimento que representantes de religiões fundamentalistas atuantes no Ministério das Relações Exteriores (Palácio do Itamaraty) do governo Bolsonaro fizeram o Brasil passar nas reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU), realizadas em junho, em Genebra.

 

Com uma moção de repúdio, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) denunciou o ocorrido e chama a categoria docente a reagir contra o imenso atraso, retrocesso e tacanhez de um governo que age apressada e violentamente para subjugar seu povo ao deteriorar a educação pública com a prática da Lei da Mordaça (Escola sem Partido), a reforma do Ensino Médio, a modificação autoritária e fundamentalista da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a perseguição político-profissional a professores(as) e outras medidas reacionárias contra a soberania do Brasil.

 

A categoria docente da rede pública de ensino do Distrito Federal se sente envergonhada e reafirma que a escola pública deve ser, antes de tudo, laica e, acima de tudo, libertadora, emancipadora, gratuita e socialmente referenciada para que forme cidadãos e cidadãs e não escravos(as) subservientes e pessoas ignorantes, sem nenhum pensamento crítico e fanáticas, incapazes de reagirem às espertezas e perversidades que neoliberais fundamentalistas de plantão querem impor à juventude e ao futuro do país. Ressalta a importância dessa escola libertadora na formação de uma Nação soberana, desenvolvida e independente.

 

Confira a seguir a Moção de Repúdio em que a CNTE denuncia a má condução das políticas externas do Brasil pela equipe do governo Bolsonaro.

 

 
MOÇÃO DE REPÚDIO À ORIENTAÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO E DO ITAMARATY NA CONDUÇÃO DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
 
As reuniões que ocorreram no final do mês de junho em Genebra, na Suíça, quando da realização de várias reuniões das Nações Unidas para discutir com representantes de vários países do mundo suas resoluções, constrangeram mais uma vez a todos que presenciaram as intervenções da delegação oficial brasileira. Expostas de forma contundente pelo jornalista Jamil Chade em seu blog, que mantém no portal de notícias UOL, a delegação brasileira, formada por diplomatas de carreira, teve que implementar a orientação do Itamaraty em “disputar” nas sessões temáticas das Nações Unidas, encarregadas de discutir as resoluções que irão para votação nesse próximo período, a sua obsessão religiosa de retirar expressões usadas nos textos da ONU há mais de 25 anos.
 
 
Dessa forma, o que se viu em Genebra nesses últimos dias foi um Brasil apequenado diante de um pensamento primitivo que, até em resoluções que trataram de temas como o armamento, por exemplo, insistia em suprimir qualquer referência ao termo “gênero”, usado em tratados internacionais desde, pelos menos, a década de 1990. Se não bastasse isso, a delegação brasileira insistia que qualquer menção a expressão “direitos reprodutivos” fosse suprimida das resoluções discutidas porque, segundo os diplomatas brasileiros, certamente constrangidos com a “ordem” e orientação dada pelo novo mandatário do Itamaraty, poderia sucumbir para qualquer “apoio” tácito ao aborto, coisa que nunca foi sequer cogitado nos textos da ONU, mas presente na imaginação desses fanáticos que ora ocupam e sujam a reputação de política externa brasileira construída por Rio Branco e consagrada por Oswaldo Aranha.
 
 
Os/as educadores/as brasileiros/as do setor público municipal, distrital e estadual, representados pela CNTE, repudiam, assim, de forma veemente, o retrocesso representado por esse tipo de postura adotado pelo chanceler indicado por Olavo de Carvalho, o guru do governo Bolsonaro, autointitulado filósofo sem nunca ter cursado um curso universitário de filosofia, simplesmente porque abandonou a escola na 8ª série do ensino fundamental. O mesmo Olavo de Carvalho que de forma reiterada agride a todos com seu vocabulário de baixo calão e que vive a promover cursos de astrologia e de autoajuda pela Internet. Nossa política de relações exteriores não poderia nunca ficar submetida a um tipo como esse, que insiste em dizer que a terra pode ser plana. Tampouco nossa política internacional poderia estar sob as égides de sua marionete que hoje ocupa o posto de chanceler do Brasil. O obscurantismo promovido por esse tipo de pensamento não representa o Brasil e tampouco expressa nossas melhores tradições da política externa brasileira.