Dilma, não vete a 85/95

Cerca de 1,5 mil militantes da CUT e das demais centrais sindicais seguiram em marcha o rumo ao Palácio do Planalto no início da noite desta terça (16) para cobrar que a presidenta Dilma Rousseff não vete a fórmula 85/95, alternativa ao fator previdenciário para quem se aposenta. Caso a presidenta vete – tem até esta quarta-feira paramarchadecidir – as centrais prometem pressionar deputados e senadores para impingir uma derrota a Dilma, derrubando o veto.
A fórmula permite que o trabalhador some o tempo de contribuição com a idade e, se o resultado for 85 (mulheres) e 95 (homens), terá direito  à aposentadoria integral (limitada ao teto do INSS). O fator previdenciário, porém, não deixará de existir e poderá ser acionado quando for favorável a quem ingressa na Previdência.
Com velas nas mãos, os manifestantes fizeram uma vigília próxima ao Palácio. Conforme destaca a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa, a ideia é fazer com que entenda a importância até mesmo simbólica da aprovação por parte da presidenta.
“É muito imIMG_7987portante que a Dilma não vete para que a gente tenha credibilidade e força nas mesas de negociação, não só com o governo federal, mas com outros gestores, incluindo prefeituras. Porque o veto dela servirá de justificativa para outros endurecerem a negociação”, apontou.
Para a dirigente, o veto traz ainda causará a perda de credibilidade do Fórum de Debates sobre Políticas de Trabalho, Renda, Emprego e Previdência, criado pela própria Dilma em abril deste ano. “Como vamos sentar para discutir com alguém uma proposta que já foi vetada?”, questionou Graça.
Derrubar o veto
Manifestação incomum, por pedir à Presidência da República que não vete umprojeto saído do Congresso. Normalmente, é o contrário. Participaram do ato, que se estendeu para além das 21h, as principais sindicais reconIMG_7975hecidas do País.
“Nós viemos aqui para dizer para a Dilma que ela tem a oportunidade de marcar um gol de placa se sancionar a fórmula 85/95. E ela tem todas as condições políticas para fazer isso. O Congresso, que vota tanta coisa ruim, desta vez aprovou uma reivindicação da classe trabalhadora”, afirmou Vagner, minutos antes da chegada ao Palácio, sobre o caminhão de som que foi proibido pela polícia e pela segurança presidencial de seguir junto com os militantes que caminhavam.
“A Dilma foi eleita por essa gente oprimida que fez um grande esforço para derrotar a burguesia. Olhe para nós. Venha para os braços da classe trabalhadora”, completou o presidente da CUT, que também havia pedido aos manifestantes que não entrassem em choque com a polícia, o que desviaria o significado e o objetivo do ato.
Todos os dirigentes sindicais que se pronunciaram ao microfone repetiram a mesma promessa: se a Dilma vetar, as centrais vão trabalhar para derrubar a decisão. “Vai ser um tiro no pé histórico”, sentenciou Vagner.