Diante inflexibilidade da prefeitura, greve dos professores de Novo Gama continua

Há mais de 20 dias professores da rede pública de ensino de Novo Gama (GO) estão de braços cruzados contra a retirada de um direito histórico da categoria: a jornada ampliada. O movimento enfrenta total inflexibilidade da prefeitura, que tentou via Justiça deslegitimar a luta da categoria.

A jornada foi extinta em 10 de maio, por meio da portaria 69/2019. A justificativa da prefeita Sônia Chaves (PSDB) é de que não há verbas para arcar com as supostas despesas geradas pelo modelo de trabalho, garantido em lei e conquistado após uma greve de 71 dias, realizada em 2014.

Pelo modelo imposto pela atual prefeita, a escola funciona cinco horas no turno matutino e mais cinco no turno vespertino. O docente trabalha cinco horas na sala de aula em um dos turnos e o tempo restante é destinado à coordenação e ao planejamento das aulas, totalizando 40 horas semanais. Com a extinção da jornada ampliada, o professor ficaria com as oito horas destinadas apenas à sala de aula, trabalhando em duas turmas e em dois horários distintos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Professores do município (Sinpro-NG), Francisco de Assis, desde que Sônia assumiu a gestão, os professores têm sido gravemente atacados. E, desde o princípio, a retirada da jornada ampliada era uma das suas principais bandeiras contra a categoria.

Assis explica ainda que o argumento usado para a extinção não foi comprovado com dados. No início de março, durante encontros realizados entre representantes do município e sindical, as partes entraram em acordo sobre a criação de uma Comissão Paritária, que iria discutir o tema e provar se, de fato, há escassez de recursos.

Porém, mesmo após ter concordado com a criação do grupo de estudos, a prefeita desistiu de levar a ideia adiante. A partir dai, deu continuidade à uma série de ataques, até que, efetivamente, pôs fim à jornada.

“A ideia da Comissão era provar se havia recursos ou não. Se por meio da análise das contas do município ficasse comprovado que não há dinheiro, a gente ia levar os resultados à categoria e conversar. Como não houve estudo que embasasse a decisão, decidimos partir para a luta, como sempre fizemos”, disse Assis.

Decisão judicial declara greve legal

Apesar dos esforços da prefeita para desmobilizar e enfraquecer o movimento, no último dia 5 de junho, uma decisão de judicial declarou a legalidade do movimento. No entanto, o parecer exige que 50% dos professores voltem às salas de aula.

“É um grande movimento que só vai encerrar quando tivermos um posicionamento favorável aos docentes. Não aceitaremos o fim da jornada ampliada. Já conseguimos uma vez e estamos prontos para permanecer lutando. Nossa luta é histórica”, finalizou Francisco de Assis, presidente do Sinpro-NG.

Fonte: CUT Brasília