Dia internacional contra violência à mulher marca a luta contra o feminicídio e a misoginia, diz ex-ministra Eleonora Menicucci

2022 11 25 site fernando frazao 

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

O Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado nesta sexta-feira, 25 de novembro, é data que marca a luta das mulheres contra o feminicídio, o machismo e a misoginia. Elas tiveram seus direitos violados durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Eleonora Menicucci, socióloga e ex-ministra Ministra-chefe da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres no governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), falou em entrevista à CNTE da importância da data de hoje, e revelou ainda o desmonte orçamentário e de políticas públicas que será deixado pela gestão Bolsonaro.

“A importância da data de hoje faz parte da campanha de 21 dias de ativismo contra a violência às mulheres. Estamos falando do direito de viver das mulheres, contra o estrupro, o feminicídio e a violência política”, diz ela se referindo à vereadora do Rio de Janeiro assassinada Marielle Franco.

“Não é dia de comemorar, mas de combate, de luta e de consolidar o enfrentamento em defesa da vida das mulheres e sem qualquer tipo de violência”, destaca.

Combater a violência contra mulheres precisa ser prioridade

O índice de feminicídios no Brasil continua alto. Segundo os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, uma mulher é assassinada, em média, a cada sete horas no país, só pelo fato de ser mulher.

A ministra responsabiliza o governo Bolsonaro pelo aumento da violência contra a mulher e afirma que durante os governos do PT esse tema teve atenção. “Em todos os nossos governos priorizamos o combate a violência, eu estava como ministra. Essas datas reforçam a luta perante ao racismo, perante a homofobia e a misoginia. O feminicídio não escolhe cor da mulher, infelizmente ele atravessa todas as classes sociais, mas a voz das mulheres brancas conseguem chegar nos jornais, já das mulheres negras não”, completa.

Política de enfrentamento a violência voltará como era

A ex-ministra, que também coordena o grupo temático de mulheres no governo de transição, disse ainda que o ministério das mulheres precisa voltar e ter recursos para as políticas públicas para este gênero. “Que seja um ministério das mulheres, assim como o racial e os direitos humanos. E nós fizemos um diagnóstico, e o resultado é de um completo desmonte”.

Somente no ministério das mulheres, foram mais 250 milhões deixados em 2016, após o golpe, para políticas transversais às mulheres, e 300 milhões para a continuidade da casa das mulheres brasileiras, de acordo com a ministra.

Hoje, com o diagnóstico da equipe da transição, o governo Bolsonaro está deixando apenas 23 milhões para as mulheres, sendo 10 milhões para a casa das mulheres brasileiras, e 13 para as políticas transversais, desses 13 milhões, 3 milhões são destinados a outros ministérios. “Isso não dá para nada. É um desmonte total, todas as políticas para as mulheres era voltado para a família (não que sou contra a família), mas vamos propor mudar o ministério da família para se chamar das mulheres, com uma estrutura ministerial”.

Menicucci também ressalta que vários decretos de Bolsonaro estão sendo levantados e serão levados ao presidente eleito Lula para que sejam derrubados. “Primeiro, é o nome do ministério que tem que voltar a ser das mulheres, o segundo, é tirar o nome “família” da pasta. Tenho certeza que a política de enfrentamento a violência voltará como era, com recursos humanos, próprios, e com uma carreira fundamental de gestora e técnica”, finaliza.

>> Saiba mais: A educação tem papel decisivo para o combate à violência contra as mulheres, afirma dirigente da CNTE

Sobre 25 de novembro

Foi a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) que, em 17 de dezembro de 1999, declarou que 25 de novembro é o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher. A data foi escolhida para homenagear as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), dominicanas que ficaram conhecidas como Las Mariposas e se opuseram à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo, sendo assassinadas em 25 de novembro de 1960. 

Fonte: CNTE