Dia de Luta no DF: insatisfação e indignação contra retrocesso
Servidores públicos do GDF, terceirizados que prestam serviço em órgão públicos distritais, e diversas outras categorias de trabalhadores da cidade e do campo manifestaram, nesta sexta-feira (29), repúdio às tentativas de retrocesso e retirada de direitos feitas pelo governo federal e pelo governo local. A ação, realizada na Praça do Buriti, marca o Dia Nacional de Luta e Paralisação no DF, chamado pela CUT, e integra a programação do 13º Cecut Brasília, que estará sendo realizado até saábado (30), na sede da Contag, no Núcleo Bandeirantes.
Em Brasília, além de rebater as medidas provisórias 664 e 665 – que restringem e dificultam o acesso a direitos como seguro desemprego, seguro-defeso e pensão por morte – e o restante da política de ajuste fiscal e de arrocho orçamentário do governo federal; o PL 4330, que libera a subcontratação indiscriminada em todos os serviços; e defender o fim do financiamento privado de campanha eleitoral, pautas de âmbito nacional, a classe trabalhadora brasiliense também protestou contra os anúncios de mudanças drásticas na previdência do funcionalismo local e o corte de 20% nos contratos de serviços com empresas terceirizadas, o que já vem provocando desemprego em massa dos trabalhadores subcontratados.
“Baseada nos seus princípios de autonomia e independência perante governos e partidos, a CUT sempre fez a luta de forma intransigente e defendeu a classe trabalhadora. Foi assim em janeiro, quando os demais agrupamentos sindicais aceitaram a proposta do governo Rollemberg, e a CUT ficou sozinha fazendo a luta para não permitir o parcelamento de salários e direitos de servidores públicos. Daremos prosseguimento a este protagonismo e não deixaremos que desrespeitem a classe trabalhadora”, disse o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Brito, durante o ato na Praça do Buriti.
Britto afirmou que propôs o agendamento de uma reunião com o GDF para tratar dos abusos cometidos contra os trabalhadores terceirizados que prestam serviço em órgãos públicos locais, que não receberam os reajustes firmados no último acordo coletivo da categoria ou não estão com pagamentos em dia. “O GDF também é responsável pelo cumprimento dos acordos e convenções coletivas dos trabalhadores. Existe uma coisa chamada responsabilidade social, e não dá para o governo se esconder e imputar apenas às empresas contratantes a responsabilidade em relação aos terceirizados. Ele não pode se manter omisso e deixar que trabalhadores percam seus empregos”, avalia o presidente da CUT Brasília.
De acordo com o dirigente da CUT Nacional, Jacy Afonso, o Dia Nacional de Luta apresenta para todo o Brasil a insatisfação da classe trabalhadora aos ataques neoliberais. Ele afirma que, neste cenário, a CUT tem que reafirmar seu princípio de autonomia a governos e partidos e manter a luta em defesa da classe trabalhadora. “Indicamos o voto à presidenta Dilma, mas isso não significa que nós temos que aceitar todas as propostas do governo. A presidenta Dilma e o seu ministro da Fazenda, Levy, estão equivocados ao optar por uma política econômica recessiva. E a CUT, pela sua autonomia, está fazendo manifestações e greves contra o governo, contra essas medidas e contra o Congresso Nacional, que quer precarizar a legislação trabalhista. Se for necessário, nós faremos uma greve geral contra a política econômica e contra a precarização”, avisa o dirigente CUTista.
Unidade na luta
As medidas neoliberais tanto do governo federal, como do local, atingem toda a classe trabalhadora. Em um exemplo de unidade, participaram do Dia Nacional de Luta e Paralisações do DF trabalhadores comerciários, jornalistas, hoteleiros, técnico-administrativos da UnB, professores, terceirizados, instrutores de auto-escola, bancários, intérpretes de libras, bancários, servidores de autarquias.
Os professores das escolas públicas do DF, que paralisaram totalmente as atividades nesta sexta-feira (29), avaliaram que a efervescência da classe trabalhadora é consequência da arbitrariedade e autoritarismo do governo local. “O GDF optou trabalhar em um clima de ameaça. Por isso, avaliamos que a responsabilidade de tantas paralisações e de tanta mobilização por parte dos professores é do governo. Por nós, estaríamos agora nas escolas, dando aula, recebendo nossos alunos normalmente, mas infelizmente o governo local não nos deu essa opção”, criticou a dirigente do Sindicato dos Professores do DF – Sinpro-DF, Rosilene Correa.
“Essa foi uma amostra do que podemos fazer. Se o governo desmerece a nossa categoria, desrespeita os trabalhadores terceirizados, vamos mostrar a falta que fazemos nos hospitais, nas escolas, nos órgãos públicos. Somos trabalhadores comode qualquer outra categoria, e merecemos respeito e dignidade”, protesta a presidente do Sindserviços, que representa os trabalhadores terceirizados do DF, Maria Izabel Caetano.
Para o dirigente da CUT Brasília e do Sindser-DF, que representa os servidores de autarquias, fundações e empresas públicas e sociedade de economia mista, Andre Luiz da Conceição, o atual governo tenta soterrar as conquistas alcançadas pelos trabalhadores nos últimos anos. “Várias categorias de servidores do GDF estavam com a expectativa de garantir a implantação dos planos de carreira, reestruturação de carreira, programa de valorização do vale alimentação, mas os anúncios do governo frustraram essas expectativas. Iniciamos o ano com várias manifestações e mobilizações e a tendência é intensificar a luta para consolidarmos a unificação das categorias e fazermos um contraponto ao governo”, afirma André Luiz.
Já os trabalhadores jornalistas, presentes ao ato no Buriti, têm como principal preocupação a aprovação do PL 4330. “O Sindicato dos Jornalistas já enfrenta a terceirização, quarteirização e pejotização e os efeitos nefastos delas. Então, a gente tem vivenciado na pele como as empresas terceirizadas violam direitos, desrespeitam a legislação, desrespeitam as convenções coletivas. Isso sendo estendido para a área-fim, se consolidará um ataque aos direitos e uma precarização sem precedentes. Temos também o debate das empresas públicas de comunicação, como é o caso da EBC, onde os trabalhadores lutam para que a terceirização não passe”, contextualiza o dirigente do Sindicato dos Jornalistas, Jonas Valente.
O repúdio ao PL 4330 também é bandeira de luta dos trabalhadores comerciários. “Os deputados que querem dar golpe nos trabalhadores não ficarão impunes. O Congresso Nacional hoje representa para nós não mais que uma quadrilha de empresários que está lá simplesmente para roubar a classe trabalhadora. E nós vamos resistir, não vamos deixar que roubem nossos direitos”, alertou Francisco Luiz Saraiva, dirigente da Confederação dos Trabalhadores do Comércio e Serviços – Contracs.
Na Esplanada dos Ministérios, servidores públicos federais no DF também realizaram ato, tendo como pauta principal a política de ajuste fiscal adotado pelo governo federal, nomeado pela categoria como Plano Levy. A manifestação foi realizada em frente ao Ministério da Fazenda.
Fonte: CUT Brasília