Destruição causada pela chuva em escolas de Samambaia é retrato do descaso do GDF

A forte chuva que caiu nessa quinta-feira (04) no Distrito Federal deixou várias escolas e creches de Samambaia alagadas. Além do Centro de Educação da Primeira Infância Algodão do Cerrado (CEPI), as escolas classe 502, 425, 317 e o Centro Educacional 619 tiveram que cancelar as aulas nessa sexta-feira (05) devido aos estragos causados pelo temporal. Este é mais um reflexo da falta de investimento do GDF nas escolas públicas da capital federal.

Um dos exemplos é a Escola Classe 425. De madeira e telha de zinco, o espaço deveria abrigar crianças e adolescentes até dezembro de 1992. A promessa era que, ao final daquele ano letivo, a unidade de ensino seria demolida para dar lugar a outra com estrutura adequada. De lá para cá, seis governadores se alternaram no comando do DF, centenas de deputados distritais passaram pela Câmara Legislativa e o colégio permanece funcionando de forma improvisada. Ontem, durante o temporal, um pedaço do teto de uma das salas do ensino fundamental desabou e caiu em cima de estudantes.

Feitos com materiais não adequados para receber crianças e jovens, esses colégios despertam a preocupação de pais e mães. Na EC 425 de Samambaia, a estrutura precária já causou acidente. Em abril de 2016, uma estudante de 4 anos se machucou após ser atingida por um pedaço do telhado que se descolou. Militares do Corpo de Bombeiros encaminharam a criança para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A menina teve ferimentos na boca. Traumatizada com o episódio, a mãe a transferiu de unidade.

Também em Samambaia Norte, a Escola Classe 410 nem deveria estar de portas abertas. Em abril de 2018, a 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) condenou o GDF a reconstruir o colégio no prazo de um ano. Ao explicar o descumprimento da decisão judicial, a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), à época, alegou não ter recursos para investimentos. A justificativa não convenceu o magistrado responsável pela sentença. “O argumento de inexistência de dotação orçamentária específica para a realização da obra não pode prosperar, uma vez que, em decorrência do longo período em que a escola se encontra em condições de extrema precariedade, a solução definitiva do problema tem de ser tratada de forma efetivamente prioritária”, escreveu.

O governo insiste em buscar na justiça mais prazo para desocupar e reconstruir a escola, e aguarda uma tragédia para tomar as devidas providências. Em abril de 2019 vence mais um prazo dado pela justiça e até o momento o Sinpro não tem informações se foi dado mais um prazo para o governo tomar uma providência.

Para o diretor do Sinpro Carlos Maciel, este estrago é resultado da falta de comprometimento e de investimento do governo para com a educação pública do DF. “Isso revela que um dos maiores problemas da escola pública é a ausência de investimento e de manutenção, principalmente em relação às águas fluviais. É preciso ter um olhar mais atencioso com a educação do DF”.

O Sinpro tem reivindicado a reforma e a construção de várias escolas, além da urgência em ter uma política de investimento na educação pública. É preciso que o governo tome uma atitude urgente antes que uma tragédia aconteça. Estudantes, professores(as) e orientadores(as) educacionais merecem respeito.