Derrota do povo: oposição a Lula livra bancos, bets e bilionários de impostos

Enquanto o presidente Lula (PT) isentou do imposto de renda quem tem renda de até R$ 5 mil e diminuiu a alíquota até R$ 7.350, a oposição ao seu governo na Câmara Federal não votou nessa quarta-feira (8) a Medida Provisória (MP) nº 1303/2025, que aumentava os impostos para bancos, bets e bilionários. A ação foi liderada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ligou para os parlamentares da sua base, e os bolsonaritas Ciro Nogueira (PP-PI), líder do partido, e Antonio Rueda, líder do União Brasil, entre outros.
Sem pensar na maioria do povo brasileiro e apenas mirar em seus próprios interesses e de proteção a 1% da sociedade formada pelos super-ricos, a bancada da oposição fará com que o país perca arrecadação de R$ 10,5 bilhões em 2025 e R$ 21 bilhões, em 2026. Esses R$ 31,5 bilhões poderão deixar de ser investidos na saúde, na educação, em projetos de infraestrutura e outros programas sociais de interesse da maioria do povo brasileiro, se não houver outras formas de arrecadação.
A previsão da equipe econômica do governo federal é a de que seja preciso um bloqueio nas despesas de 2025, incluindo emendas parlamentares, e obrigar um ajuste de R$ 35 bilhões no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026.
A derrota é do povo brasileiro, diz Lula
O presidente Lula criticou nesta quinta-feira (9), a decisão do plenário da Câmara dos Deputados de retirar de pauta a votação da Medida Provisória.
“A decisão da Câmara de derrubar a medida provisória que corrigia injustiças no sistema tributário não é uma derrota imposta ao governo, mas ao povo brasileiro. Essa medida reduzia distorções ao cobrar a parte justa de quem ganha e lucra mais. Dos mais ricos. Impedir essa correção é votar contra o equilíbrio das contas públicas e contra a justiça tributária”, escreveu o presidente em uma postagem nas redes sociais.
Pela manhã, durante entrevista à Rádio Piatã, da Bahia, o presidente da República declarou:
Nós estávamos propondo uma [taxação] de 18%, foi negociado para as [bets] pagar apenas 12%, ainda assim eles não quiseram e se recusaram pagar. É engraçado que o povo trabalhador paga 27,5% de imposto renda do seu salário e os ricos não querem pagar 12%, não querem pagar 18%”.
Ele ainda atribuiu o revés sofrido a interesses da oposição e de partidos de centro em inviabilizar a manutenção de programas sociais do governo.
“O que está por trás dessa decisão é a aposta de que o país vai arrecadar menos para limitar as políticas públicas e os programas sociais que beneficiam milhões de brasileiros. É jogar contra o Brasil”, disse Lula, segundo a Agência Brasil.
O cinismo dos deputados do Centrão e da extrema direita ficou escancarado ao comemorarem a retira da MP da votação.
O que dizia a MP
Considerada essencial para o equilíbrio fiscal de 2026, a MP previa a tributação de fundos de investimento e regras específicas para a tributação de ativos virtuais, operações em bolsa, empréstimos de ativos e investidores estrangeiros.
A alíquota da taxação da receita bruta das bets regularizadas seria entre 12% e 18%. Já as aplicações de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCD) teriam alíquota de 5%.
Para avançar na comissão especial e poder seguir a plenário, o relator da medida, deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), chegou a costurar acordos com diferentes bancadas para excluir a tributação de bets e aplicações em LCA e LCD, ainda assim a oposição decidiu impor essa derrota ao povo brasileiro.
A MP foi derrubada a pedido da oposição por 251 votos e 193 contrários. Uma Medida Provisória é válida por 90 dias e precisa ser votada pelo Congresso para se tornar lei.
Repercussão nas redes sociais
Os usuários das redes sociais protestaram contra os deputados de direita. Para eles, a derrota, como disse o presidente Lula, é do povo brasileiro.
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Formas de recuperar a arrecadação
O presidente Lula, que tem viagens marcadas esta semana, disse que na próxima na quarta-feira (15) vai se reunir com a equipe do governo para discutir uma proposta para que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs paguem o imposto devido ao país.
As fintechs são empresas de inovação que se diferenciam pelo uso da tecnologia para oferecer serviços financeiros digitais. Segundo Lula, hoje, há fintechs maiores do que alguns bancos e que não pagam impostos proporcionais ao tamanho do negócio.
De olho nas eleições de 2026
Mas para a oposição o que importa é diminuir a aprovação ao presidente Lula. A pesquisa Quaest, divulgada nesta quinta-feira, mostra que ele vence qualquer adversário no primeiro e segundo turnos das eleições presidenciais do ano que vem.
A Genial/Quaest simulou oito possíveis disputas de primeiro turno. No cenário em que Jair Bolsonaro aparece como candidato, Lula soma 35% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro com 26%, Ratinho Júnior com 10%, Ciro Gomes com 9% e Romeu Zema e Ronaldo Caiado com 3% cada.
Quando Michelle Bolsonaro substitui o ex-presidente, Lula sobe para 36%, enquanto a ex-primeira-dama registra 21%. Ciro Gomes e Ratinho Júnior aparecem empatados, com 10% cada. Nos cenários com Tarcísio de Freitas, o petista atinge 39%, contra 18% do governador paulista.
O levantamento também testou um cenário com Eduardo Bolsonaro. Nesse caso, Lula chega a 43% das intenções de voto, enquanto o deputado aparece com 22%.
Lula venceria todos os adversários em segundo turno
A pesquisa também avaliou nove cenários de segundo turno. Em todos eles, Lula venceria seus oponentes. Contra Ciro Gomes, o resultado seria 41% a 32%. Na disputa com Jair Bolsonaro, Lula teria 46%, enquanto o ex-presidente alcançaria 36%, mantendo variação dentro da margem de erro.
A maior diferença registrada foi contra Eduardo Leite (PSD): Lula teria 45%, ante 22% do governador gaúcho. O presidente também venceria com ampla margem Michelle Bolsonaro, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado.
Pautas de interesse do povo brasileiro
A derrubada da MP é mais uma prova de que boa parte do Congresso Nacional não está de acordo com as demandas do povo brasileiro. Uma das pautas que ainda não foi colocada em votação é o fim da escala 6 por 1.
A CUT e entidades de movimentos sociais lançaram o Plebiscito Popular – iniciativa que busca ouvir a população sobre temas centrais para o futuro do país e fortalecer os espaços de participação e decisão popular. A consulta pública vem sendo realizada desde julho, com urnas físicas em comunidades, sindicatos, escolas, universidades e praças, além da votação online disponível no site oficial. O prazo final de votação vai até 12 de outubro, próximo domingo.
Como votar
A votação segue aberta de forma online e presencial, nas urnas distribuídas por todo o país. Os materiais de divulgação nas redes sociais estão disponíveis neste link e para votar clique aqui.
Com informações da Agência Brasil e O Cafezinho
Fonte: CUT