Debate eleições 2022 | O que candidatos ao GDF apresentam à educação pública

Onze candidatos e candidatas disputam o governo do Distrito Federal nas eleições deste ano. Eles e elas citam a educação no plano de governo, já que o setor é estratégico para o crescimento socioeconômico do DF – e de qualquer lugar do mundo. O Sinpro-DF fez o recorte dos quatro primeiros colocados nas intenções de voto e apurou o que eles e elas apresentaram para a educação pública nos debates realizados até agora.

A pesquisa de intenção de votos levada em consideração foi a do Ipec, publicada no dia 30 de agosto. Os pronunciamentos analisados foram os realizados nos três debates com os(as) candidatos(as) ao GDF: o da Band Brasília, realizado dia 7 de agosto, antes do início das campanhas eleitorais; o do Correio Braziliense, realizado no dia 18 de agosto; e o do Metrópoles, realizado dia 23 de agosto, ambos após o início da campanha eleitoral, aberta oficialmente no dia 16 de agosto.

Concorrem ao GDF, em ordem alfabética: Coronel Moreno (PTB); Ibaneis Rocha (MDB); Izalci (PSDB); Keka Bagno (PSOL); Leandro Grass (PV); Leila Barros (PDT); Lucas Salles (DC); Paulo Octávio (PSD); Renan Arruda (PCO); Robson da Silva (PSTU); Teodoro da Cruz (PCB).

Ibaneis
Embora o cenário caótico imposto à educação do DF – e outros setores sociais –, Ibaneis Rocha (MDB), atual governador e candidato à reeleição, está à frente nas pesquisas. Segundo o Ipec, ele tem 41% das intenções de voto.

Advogado milionário, o atual governador foi questionado várias vezes pelos(as) demais candidatos(as) sobre os casos de corrupção que aconteceram durante seu governo.

Ibaneis também foi o único candidato a faltar um dos debates realizados: o primeiro após o início da campanha eleitoral.

O atual governador não fez muita questão de tratar sobre a educação pública do DF, que foi marcada nos últimos três anos e oito meses por salas de aula superlotadas, estudantes com deficiência sem monitores, professores(as) e orientadores(as) educacionais sem qualquer tipo de reajuste salarial abandono, sobretudo, no período mais agudo da pandemia da Covid-19.

Questionado sobre a violência nas escolas, Ibaneis, que implementou a militarização das escolas por decreto, disse que o retorno às escolas quando a pandemia foi contida “gerou sim algum tipo de violência”. “Nós sabemos que isso tem sido tratado dentro da Secretaria de Educação, juntamente com o pessoal da Secretaria de Segurança, onde se criou um efetivo plano de enfrentamento à violência dentro das nossas escolas”. Até agora, a militarização das escolas não apresenta nenhum resultado positivo. Ao contrário, o que se mostra com a presença de policiais na gestão escolar é a evasão, os casos de assédio e de cerceamento do direito de cátedra.

Paulo Octávio
Atrás de Ibaneis nas pesquisas das eleições 2022, está o empresário Paulo Octávio (PSD), com 9% das intenções de voto. Nos debates, ele, que declarou R$ 618.868.229,48 em bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), não chegou a citar as minguadas cinco propostas apresentadas para a educação em seu plano de governo.

Quando questionado sobre a violência nas escolas, Paulo Octávio disse que “não têm casos comprovados de agressão a alunas nas escolas públicas do DF”. Além disso, ao ser questionado sobre ensino domiciliar, indicou apoio à proposta repudiada por especialistas em educação, já que a iniciativa impede que crianças e adolescentes tenham acesso às diversas realidades sociais, vedando o contato com a pluralidade e a diversidade, além de negar a pedagogia como ciência.

O candidato disse que quer acabar com o analfabetismo no DF e que quer construir cinco escolas profissionalizantes. O plano de governo de Paulo Octávio fala na construção de dez escolas profissionalizantes.

Leila Barros
Também conhecida como Leila do Vôlei, a candidata do PDT aparece nas pesquisas com o mesmo percentual de intenção de votos de Paulo Octávio: 9%.

Nos debates, Leila falou que tem como uma das principais metas para a educação do DF “potencializar a busca ativa” de estudantes que deixaram as escolas, sobretudo, durante a pandemia da Covid-19.

A candidata ainda afirmou que quer investir no ensino tecnológico, priorizar o ensino técnico, “fortalecer as creches” e o Batalhão Escolar. “A polícia, a segurança, tem que estar fora das escolas, protegendo aquela escola dentro daquele território”.

Leandro Grass
O professor Leandro Grass (PV) aparece na pesquisa do Ipec com 7% das intenções de voto. Deputado distrital, ele é conhecido por sempre ter votado a favor da educação e dos profissionais do magistério. “Propus vários projetos de lei, encaminhei mais de R$ 30 milhões para a educação”, disse o candidato ao governo.

O candidato diz que tem entre as metas para a educação a busca ativa, o combate à evasão e ao abandono, a realização do “diagnóstico daquilo que cada estudante tem de aprendizado a ser realizado”, o estímulo dos professores, o “fomento das boas práticas pedagógicas dentro das escolas”, o respeito à autonomia de cada comunidade escolar.

De forma incisiva, Leandro Grass disse que “quando iniciou a pandemia, em março de 2020, a única coisa que o governo (do DF) foi capaz de fazer foi jogar para a televisão um conjunto de aulas totalmente desconectadas dos projetos pedagógicos das escolas”. “Não foi feita uma busca ativa dos estudantes. Não foi feita uma inclusão tecnológica desses estudantes. Como ficaram os estudantes do campo, os estudantes do Ensino de Jovens e Adultos? Abandonados”, afirmou Grass.

Além da luta em defesa da educação pública, Leandro Grass também atua em defesa da transparência das ações públicas. Ele denunciou o caso de corrupção de compra superfaturada de testes de Covid-19 ineficientes, realizada pela Secretaria de Saúde. O caso investigado pela Polícia Civil na operação Falso Negativo levou toda cúpula da SES-DF à prisão.

Não foi verificado nas agências de checagem a análise das falas dos(as) candidatos(as) referentes à educação nos três debates abordados na matéria.

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