Artigo: De repente todo mundo virou especialista em Educação

Rosilene
(*) Rosilene Corrêa
O colunista do Correio Braziliense Ari Cunha parece não apenas ter parado no tempo. Na verdade, ele está atrasado.
Na edição desta terça-feira (12/7), Cunha – em um texto recheado de chavões e inverdades – ataca a educação pública, a categoria docente e o Sindicato dos Professores no DF. Sem antes, lógico, comprar a ideia e rasgar elogios ao “Escola sem Partido”, sem citar o nome.
Numa clara alusão aos diversos projetos de lei que ameaçam demolir com a liberdade de ensinar, Cunha consegue trazer uma visão enviesada quando afirma que “nas salas de aula, retiram a imagem de Jesus e em seu lugar colocam-se imagens de Che Guevara, Lenin ou Marx”.
E prossegue. “O fato é que nossas escolas públicas reproduzem muito mais o pensamento de uma categoria— como grupo fechado em torno de um sindicato —, do que o pensamento de pais, alunos e educadores”, afirma em outro trecho. Mais adiante, enfatiza que “a orientação pedagógica de nossas escolas prefere o caminho fácil ditado pela cartilha ideológica sindical que o de se apoiar nas ciências do ensino”.
Desconhece o colunista que as questões que são abordadas nas escolas públicas no DF passam sempre pela discussão com a comunidade escolar – justamente os pais, alunos e educadores. E essas discussões dão origem aos projetos políticos-pedagógicos, instrumentos baseados na legislação educacional e que nortearão as atividades escolares.
Ignora que a escola é lugar de formação para a cidadania e não apenas de reprodução do conhecimento, como gostaria que fosse.
Cunha consegue a façanha de produzir uma coluna recheada de preconceito, atraso e desconhecimento do que significa a educação e o trabalho desenvolvido nas escolas. Façanha capaz de tirar raciocínios – rasos e sem sentido – como “o apoderamento das escolas por vontade de um grupo sindical é algo danoso e com consequências a longo prazo”.
Por fim, encerra a coluna com uma frase reveladora: “Que venham mestres e educadores de verdade com vontade e talento. Abaixo os professores de palanque”.
Sugerimos ao colunista, preocupado como está com a educação, que – ao invés de apostar em frases de efeito e numa escola assentada sob a ideologia do “Escola sem Partido” – discuta em seus textos a valorização dos professores ou a implantação da escola em tempo integral, por exemplo. Mas disso Ari Cunha não quer nem saber.
Além de contestar as opiniões distorcidas do colunista, propomos a ele conhecer mais a fundo a realidade educacional ou a buscar saber como se constrói uma escola com vistas a uma formação plural, diversificada, que respeita as diferenças, que debate, que transforma; enfim, uma formação cidadã.
(*) Diretora do Sindicato dos Professores no DF