Crianças do Paranoá terão que se deslocar 40 km para estudar; mães reclamam

O governo Rollemberg continua demonstrando que não se importa com a educação. Após aquele lamentável episódio em que um garoto de 8 anos passou mal em uma escola do Cruzeiro, porque estava com fome, o GDF repete o erro e transfere várias crianças do Paranoá para estudarem no Cruzeiro, a 40km de casa.
Os problemas deste procedimento são inúmeros. Afetará o rendimento escolar, pois as crianças chegarão cansadas na escola e com fome. Afasta os pais do convívio escolar (pois muitos demorariam 2h de ônibus para se deslocarem ao local), dificultando o diálogo que é importante e necessário para a formação de crianças desta idade.
Com mais esta medida que penalizará vários alunos, o governo Rollemberg demonstra que a educação não está no rumo certo.
Leia a matéria do Jornal de Brasília:

Crianças do Paranoá terão que se deslocar 40 km para estudar; mães reclamam

Crianças moradoras do Paranoá que estudaram no Centro de Educação Infantil Gavião, no Lago Norte, em 2017, foram transferidas para a Escola Classe 8 do Cruzeiro. Com o remanejamento, terão de se deslocar cerca de 40 km para estudar. Famílias que tiveram os filhos matriculados perto de casa no último ano reclamam da distância e estão preocupados com a segurança dos filhos durante o trajeto até o novo local.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal informa, porém, que a transferência é temporária. A previsão é de que os alunos alocados no Cruzeiro sejam remanejados para uma nova unidade — a Escola Classe Comunidade de Aprendizagem do Paranoá —, em março.
“O prédio onde a unidade escolar será instalada foi alugado e será entregue à pasta, com sua devida infraestrutura implantada, em fevereiro, para início das atividades em março”, declarou a pasta, em nota. Os alunos ainda não estudam na Comunidade de Aprendizagem porque, segundo a secretaria, a estrutura é inadequada para receber os alunos no dia 13 de fevereiro, início do ano letivo.
Ao serem informados, por telefone, de que os filhos seriam realocados para longe de casa, os pais procuraram respostas junto à Secretaria. Informados de que não haveria vagas em locais próximos de onde moram, procuraram o Conselho Distrital de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos e denunciaram a transferência, considerada pelo conselho como “compulsória”.
Presidente do conselho, Michel Platini acredita que a transferência é equivocada. “Quando a criança estuda muito longe de casa, não consegue fortalecer o vínculo com a escola. Os pais dificilmente participam do processo pedagógico”, explica. Platini acrescenta que a alimentação dos alunos pode ficar prejudicada. “É necessário que a Secretaria de Educação providencie reforço na merenda escolar para evitar casos como o do menino de 8 anos que passou mal em uma escola do Cruzeiro”. Morador do Paranoá, o garoto não comia direito havia dois dias e foi atendido pelo Samu em novembro passado.
Adaptação
Moradora do Paranoá, a autônoma Elismara Afonso dos Reis, 37, diz que não deixará que a filha, de 4 anos — aluna do Centro de Educação Infantil Gavião em 2017 — estude no Cruzeiro. “Minha principal preocupação é a distância e o estresse para ela. Acho um absurdo ter de sair de casa com mais de uma hora de antecedência para estudar, tendo escolas aqui perto”, reclama. “Ela terá de almoçar muito cedo e já vai chegar na escola com fome”, acredita a mãe. Para ela, a estadia temporária na escola classe é prejudicial à adaptação da filha. “ Eles estranham tudo. Ambiente e professores”, opina.
Outro agravante para Elismara discordar do remanejamento é o estado de saúde da filha, portadora de psoríase. “A doença deixa o sistema imunológico debilitado. Ir buscá-la na escola em casos de febre é uma constante na vida escolar. Não tenho carro. Para chegar ao Cruzeiro, pego duas conduções e demoro duas horas”, relata. O início do ano promete ser cansativo. Ainda nesta semana, a mulher pretende ir a escolas do Paranoá para constatar se há vagas. “Tenho fé que vamos conseguir uma, perto de casa”.
Já a dona de casa Heliane Gonçalves de Brito, 38, se preocupa com a segurança do filho, Vinícius Gonçalves de Brito. “Meu filho só tem 6 anos. Ir para a escola sozinho, sem saber muito da vida, é perigoso. Daqui para o Cruzeiro são quase duas horas de viagem”, destaca. Vinícius não pensa duas vezes ao responder onde prefere estudar. “É bem aqui pertinho que eu quero”, dispara, enquanto aponta o dedo para o outro lado da rua onde mora. Lá funciona a Escola Classe 3 do Paranoá.
Versão oficial
Segundo a Secretaria de Estado de Educação, alguns alunos residentes na região do Paranoá e do Itapoã que estudavam no Centro de Educação Infantil Gavião, no Lago Norte, foram alocados em escolas próximas à residência. Outros, destinados à escola Comunidade de Aprendizagem do Paranoá, ainda de portas fechadas, foram transferidos, juntos, para a Escola Classe 8 do Cruzeiro. “Optamos por reunir todos os alunos na mesma unidade para dar início ao mesmo projeto pedagógico que será aplicado na nova escola”, informou a pasta.
A secretaria garante que os pais não precisam se preocupar com alimentação e transporte. “Não há problemas com o transporte escolar destas crianças transferidas. Será servida uma refeição salgada às 13h30. E a partir das 15h, será servida uma refeição doce. Esse procedimento é diário”, reitera a pasta.