Congresso já se preocupa com um currículo escolar melhor

Não é verdade que não existem legisladores pensando em melhorias para a educação. Tramitam nas comissões especiais de Educação do Congresso centenas de projetos propondo novas disciplinas e orientações curriculares para as escolas públicas. Muitas dessas propostas não saem do papel. Mas, há as que avançam, como a aprovação do ensino de Meio Ambiente, História da Cultura Afrobrasileira e Índigena, Música e mesmo a volta da Filosofia e Sociologia aos currículos escolares.

O problema é que melhorar o currículo tem um custo alto. Essas poucas leis que conseguiram ser sancionadas esbarram hoje na falta de professores capacitados, em linhas claras de implementação, na carência de material específico e na falta de docentes.
O Brasil Econômico mapeou iniciativas para a real implementação de algumas dessas leis, para provar que, mesmo em meio às dificuldades, é possível diversificar o currículo escolar.
A História Indígena e Afrobrasileira deve fazer parte do conteúdo educacional de acordo com a Lei nº 10.639/03. Esse é um dos temas que mais tem encontrado resistência, afinal os próprios professores não tiveram tais disciplinas na faculdade. A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Social (Seppir) lançou em 2010 um selo para contemplar as escolas que incluírem no currículo o conteúdo obrigatório. Apenas 16 foram agraciadas. Na tentativa de sanar o problema, nasceu o projeto “A Cor da Cultura”.
Realizado pela parceria entre o Ministério da Educação, Canal Futura e Petrobras, entre outras instituições, a ação tem como meta formar 3 mil instituições capazes de multiplicar conhecimento. Para isso, foram elaborados materiais didáticos específicos sobre o tema. Organizações Não Governamentais (Ongs) fizeram o papel de espalhar esse conteúdo pelas escolas Brasil afora.
Em sua terceira etapa, a iniciativa já formou 26.517 educadores em seis estados. No Amazonas e Mato Grosso, a ONG Ação Educativa foi o parceiro responsável pelo treinamento das escolas das capitais. O programa, que foi iniciado em 2010, é acompanhado até hoje.
“Em algumas escolas tivemos resultados ótimos. Em outras, houve certa resistência. O importante é que estamos enfrentando o problema de frente”, diz Jaqueline Lima Santos, assessora do programa Diversidade, Raça e Participação, da Ação Educativa.
Meio ambiente – Trabalhar com o tema do meio ambiente ainda é um desafio para as escolas e um dos motivos é que a realidade do aluno é pouco levada em consideração. Foi vendo essa demanda que a empresa Geodinâmica, fundada em 2007, criou a metologia Mapa (Mundo, Ambiente, Pertencimento e Ação), que permite às instituições de ensino fornecer aos alunos informações geográficas, históricas, ambientais, culturais e econômicas sobre a localidade onde vivem, contextualizadas às informações do Brasil e do mundo, por exemplo.
O trabalho da empresa está em linha com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº. 9.795/99), que assinala a importância de se produzir materiais pedagógicos que tratem da realidade local e formação de professores.
A empresa trabalha na produção de material interdisciplinar, customizado à realidade do aluno. “Se pegarmos o geoatlas de São Paulo, veremos que municípios pequenos não aparecem. Como despertar a curiosidade se o menino não se vê naquela realidade?”, indaga Vinicius Saraceni, diretor geral da Geodinâmica. Assim, a companhia que já atuava na produção de mapas por satélites para outros setores econômicos, viu o potencial da educação.
A Geodinâmica fechou uma parceria com a Secretaria de Educação da Bahia com objetivo de oferecer o material para a rede pública do estado. A metodologia tem suporte no livro “Bahia, Brasil: Espaço, Ambiente e Cultura”, destinado aos estudantes do 6º e 7º anos do ensino fundamental. A meta é atender todas as 1.011 escolas públicas estaduais do ensino fundamental II.
Com informações da Agência Brasil