CNTE participa do Encontro Regional da Rede de Trabalhadoras em Educação da IEAL na Costa Rica

A construção de políticas públicas a favor dos direitos das mulheres e o papel do movimento sindical no continente latino-americano estão norteando os debates do Encontro Regional da Rede de Trabalhadoras em Educação da América Latina – IEAL, nos dias 30 de novembro e 01 de dezembro, em San Jose (Costa Rica). O evento está sendo transmitido ao vivo em https://www.youtube.com/watch?v=wFJz20ikYrM ( -4h horário de Brasília).
O evento teve início com uma apresentação cultural de Guadalupe Urbina, artista radicada na Costa Rica, que milita pelos direitos humanos de mulheres e indígenas, abriu o evento com uma apresentação cultural. Guadalupe inspirou os 250 participantes a refletirem sobre o tema da Conferência com canções sobre a dura realidade das trabalhadoras, de esperança  e das belezas naturais do país.
A  professora Fátima Silva, secretária de relações internacionais da CNTE e vice-presidente da IEAL, abriu os trabalhos fazendo um resgate histórico dos 10 anos de atuação da Rede de Mulheres, falando das primeiras reuniões, das companheiras que se empenharam para construir esse projeto e de debates importantes como os que aconteceram no Brasil e no Peru em que as políticas de Estado foram debatidas passando por assuntos polêmicos como fé e religião. “A equidade de gênero continua sendo nossa agenda permanente, já avançamos muito, mas novos desafios se apresentam com os ataques sistemáticos de grupos conservadores que tentam reverter direitos históricos das mulheres”, finalizou.
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Os representantes das entidades internacionais que apoiam os projetos da Internacional da Educação para América Latina (IEAL) fizeram suas saudações. Pela UEN-Noruega falou Rune Fimrite e, pela NEA-EUA, Jill Christians, ambos reafirmando a importância do trabalho da Rede de Mulheres em conquistar direitos de igualdade.  A Ina Eriksson da Lararforbundet-Suécia fez um apelo emocionado para que a Rede atente para a questão dos povos refugiados.  Alertou educadoras e educadores para a importância de integrar meninos e meninas que vêm de processos violentos, traumatizados e com famílias destruídas, e lançou a reflexão : “como conseguiremos educar para a integração, para a solidariedade e não para o medo?”.
O presidente da CNTE e vice-presidente mundial pela América Latina da Internacional da Educação (IE), Roberto Leão, mencionou a importância de dialogar constantemente sobre política sindical numa perspectiva de poder, gênero e paridade. “É importante que nossas políticas sejam construídas com todo o valor que o olhar e o trabalho das mulheres nos trazem. Nossa luta tem que ser feita por homens e mulheres, lado a lado, pois não haverá uma pedagogia libertadora enquanto isso não for realidade. Essa é a contribuição que a Rede de Mulheres tem trazido ao longo desses 10 anos de trabalho”. Ele lembrou ainda que este encontro na América Central é um marco para o fortalecimento do movimento de mulheres em toda a região.
O primeiro painel da programação com o tema “Os direitos e a participação política da mulher” contou com apresença de Sylvia Mesa e Ciska Raventós, ambas pesquisadoras do centro de pesquisa em Estudos da Mulher da Universidade da Costa Rica. Na sequência, houve um amplo debate com a plenária sobre “As políticas de gênero e o movimento sindical centroamericano”. Deste painel participaram Carmen Brenes (ANDE, Costa Rica), María Vicenta Vasquez (ANDES 21 junio, El Salvador), Bernarda López (ANDEN, Nicarágua), Damaris Solano (SEC, Costa Rica), Elbia Pereira (FUM-Uruguai), Sonia Alesso (CETERA-Argentina) e, representando o Comitê Regional da Sub-região da IEAL, a companheira Lilian Andino (PRICPMA-Honduras).
Presente na solenidade de abertura, a Ministra da Mulher da Costa Rica, Alejandra Mora, fez uma explanação das ações de sua pasta de governo, com nas condições sociais das mulheres do país, que demonstrou progressos no acesso ao mercado de trabalho, mas evidenciou desvantagens salariais em comparação com os homens ocupando os mesmos postos de trabalho.  A Ministra também indicou áreas de retrocesso, como a participação política das mulheres e seus direitos de saúde sexual e reprodutiva com dados preocupantes sobre a gravidez de meninas menores e a proibição de práticas médicas como a fertilização in vitro. “Apenas ações afirmativas permitirão que avancemos nos direitos humanos das mulheres, incluindo nossas crianças e adolescentes. Nossos direitos tem que ir além do discurso”, concluiu.
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Estes encontros estruturam a construção dos debates sobre a questão de gênero a partir do conhecimento das políticas de equidade e igualdade, implementadas pelas Centrais Sindicais e pelos Governos nas diferentes regiões do continente. A delegação brasileira está representada por mais de 100 trabalhadoras e trabalhadores da educação de dezesseis (16) entidades afiliadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE):  AFUSE/SP, APEOESP/SP, APP Sindicato/PR, CPERS/RS, FETEMS/MS, SIND-UTE/MG, SINPRO/DF, SINPROESSEMA/MA, SINPROJA/PE, SINTEGO/GO, SINTEP/MT, SINTEPE/PE, SINTESE/SE, SINDIUTE/CE, SINTE/SP e SINTET/TO.