CLDF homenageia professores e professoras

Convocada por Gabriel Magno, presidente da comissão de educação, saúde e cultura, a Câmara Distrital realizou sessão solene, na noite da segunda-feira (21/10) em homenagem ao dia dos professores e professoras.

Na abertura, o deputado declarou que a sessão é “uma oportunidade de reconhecer os esforços e desafios da categoria. “São os professores que trabalham incansavelmente por uma educação pública democrática, inclusiva, plural e de qualidade social para todos. Essa celebração não pode ser feita sem a luta e busca por valorização da categoria”, enfatiza.

A mesa da sessão solene foi composta por apenas dois homens: o deputado Gabriel Magno e o representante dos estudantes secundaristas do DF, Hugo Leopoldo.

Compuseram a mesa da sessão solene representantes de diversas entidades representativas de trabalhadores da educação, como o Sinpro-DF, a Associação dos Docentes da UNDF, CNTE e Adunb, além do representante da união dos estudantes secundaristas, a candidata à prefeitura de Planaltina e professora aposentada da SEE-DF, Eva Márcia, e a deputada Érika Kokay.

Na noite solene, a diretora do Sinpro, Márcia Gilda, contou que sua filha lhe perguntou quando foi que ela decidiu ser professora, e ela respondeu: “Desde quando eu aprendi a importância de ler, interpretar e desvelar o mundo, porque o sistema não teme o pobre que passa fome, mas o pobre q sabe pensar.”

Márcia lembrou que os sonhos de cada aluno e cada aluna são depositados nas mãos de seus professores e de suas professoras. “Mas nós somos mediadores dos saberes de nossos estudantes, pois damos autonomia a eles”.

Do sonho para a realidade, Márcia cobrou do governo a nomeação de todos os aprovados no concurso de 2022: “Queremos a garantia de que todos os aprovados no concurso de 2022 sejam contratados, e para isso vamos batalhar para que a LOA contemple esses contratações”

Da realidade para o pesadelo, Márcia Gilda também apontou o problema da PEC 66, a PEC da morte, que está em tramitação na Câmara Federal: “Estamos atentos e queremos que a CCJ retire imediatamente esses jabutis de nossa aposentadoria”, em alusão às inclusões feitas na Proposta de emenda Constitucional que, no caso do magistério do DF, aumenta em 7 anos a idade mínima de aposentadoria de uma professora / orientadora educacional, e em 5 anos a de um professor / orientador educacional. “Por isso, saímos do formato da compactação para paralisação das aulas”, explicou. “Temos que mostrar a força da categoria que transforma a sociedade!” completou.

Os docentes da Universidade do Distrito Federal, representados pela diretora do SindiUNDF, professora Kíssila Mendes, formam a agremiação mais recente do magistério distrital. Mas não há muito o que comemorar, com uma reitora autoritária, que se recusa a receber os professores, professores perseguidos (há denúncia da exoneração do professor Gunther Ribeiro Amorim, da Ciência da Computação, na véspera do dia dos professores). Kíssila apontou a falta de planejamento da universidade que é um dos sonhos da comunidade do Distrito Federal, mas está completamente precária, e não tem nem cantina.

“Queremos uma universidade decente, democrática, uma universidade que pague adequadamente seus docentes, que esteja em todos os territórios do Distrito Federal, e não apenas no Lago Norte”, declarou a professora da UNDF.

A representante da Adunb, Maria Luiza Pinho Pereira, arrancou risos da plateia ao contar que foi abordada por uma das homenageadas da noite, que lhe disse: “fui sua aluna, e já estou aposentada”. Maria Luiza lembrou que “a educação é um campo de disputa. Queremos uma educação pública emancipadora. Não basta ser pública, tem que ser libertadora e emancipadora. Por isso, lutamos, como sindicato, não só pela nossa categoria, mas também para manter a instituição que nos emprega enquanto servidores públicos. Estamos em busca de uma política de estado.”

Gabriel Magno e várias outras integrantes da mesa lembraram da importância de se eleger representantes do magistério para as várias casas legislativas municipais, distreital, estaduais e federal: “Nossa luta coletiva é muito importante aqui. Precisamos marcar a presença do magistério e da educação na Câmara distrital, realizar vários atos do magistério durante o ano todo, para lotar o plenário ou o auditório desta casa, para fazer com que professores e professoras ocupem, de fato, este espaço do povo”.

Para a representante da CNTE, Rosilene Corrêa, a sessão solene é um momento simbólico, “pois estamos aqui representando toda a categoria”. Rosi apontou a contradição de parlamentares não comprometidos com a educação, que liberam verba para uma comunidade escolar num dia e, no dia seguinte, votam projetos contra a educação e contra a própria comunidade que recebeu sua verba na véspera. Ela lembrou, ainda, que a precarização da educação é um projeto neoliberal, e mundial: “60% dos professores de todo o Brasil estão em regime de contrato temporário. E a formação principal do professor hoje é via Educação a Distância. Há poucas empresas à frente de plataformas de educação, que dominam o mercado e empregam 50 professores para administrarem uma plataforma com mais de 500 mil estudantes. É muito lucro, não?”. Rosi concluiu lembrando que “temos muita luta pela frente, e a luta é o que nos fortifica e o que nos engrandece, e o que faz com que cada um e cada uma daqui deste auditório continue nessa caminhada.”

A deputada Érika Kokay denunciou que o único projeto de vulto do último governo federla foi o homeschooling, que busca isolar crianças, sem que tenham acesso a diferentes visões de mundo. Ela lembrou que consciência crítica a gente adquire na sala de aula. “É na sala de aula que a gente vira cidadão e constrói uma nação. A escola territorializa. Ela cria tranças de saberes, de fazeres, de existências.” Para a deputada, “coragem é coisa de nascença de todos os professores. Os educadores e educadoras são os flamboyants de nossas cidades.”

 

 

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