Centro Educacional nº 6 adota sistema de reutilização de recursos hídricos

Reutilizar a água da chuva é o próximo desafio do Centro Educacional nº 6 de Taguatinga. Por meio do projeto Cultivando Água, a ser inaugurado na segunda-feira, a unidade vai incentivar a reutilização e os cuidados com os recursos hídricos. A iniciativa consiste na instalação de um sistema de reaproveitamento da água das chuvas, com o objetivo de reduzir em 30% o consumo nas escolas públicas do Distrito Federal, a começar pelo CED 6, que deve economizar R$ 5 mil por mês na conta de água. Por atender a uma clientela variada e estar em uma localização estratégica, a escola foi a primeira escolhida para receber o projeto.
Todo o material para a construção do sistema já está na escola. Dois reservatórios com capacidade para 2 mil litros cada serão construídos. A Secretaria de Educação do DF gasta com água, por mês, entre R$ 1,1 milhão e R$ 1,2 milhão, considerando as 649 escolas e os quatro prédios administrativos. Caso o projeto seja implantado em toda a rede, a conta pode cair para cerca de R$ 800 mil.
O projeto tem duas etapas. Na Fase 1, são instalados reservatórios e calhas de PVC no telhado da escola, paralelamente ao sistema convencional. A água captada da chuva é tratada e destinada apenas às descargas dos banheiros e aos serviços de limpeza e rega de plantas. Na Fase 2, 100 alunos farão um curso de educação ambiental para aprender como preservar os recursos hídricos. Eles receberão cartilha explicativa e certificado de conclusão e participarão de palestra e visita monitorada à Bacia de São Bartolomeu.
De acordo com Paula Almeida, diretora da Associação Arte, Cultura e Vida — instituição sem fins lucrativos que difunde práticas para a construção de uma cultura de sustentabilidade e é responsável pelo projeto— , foi formado um grupo para trabalhar na elaboração do plano de realização. Ela explica que o projeto era mais amplo, mas, por falta de recursos, foi adaptado ao orçamento previsto no edital de responsabilidade social da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). O financiamento foi fechado em R$ 70 mil, incluindo implantação do sistema, educadores, assessoria de imprensa, coordenador pedagógico, engenheiro e material de construção.“O interesse maior é em educação ambiental para os jovens, para que eles consigam construir em casa mesmo”, informa Paula. “Há possibilidade. Todos podem ter um modelo de captação de água da chuva em casa. Por isso, nosso projeto é de construção bem simples e visual. A maioria é em formato de cisterna e fica embaixo da terra. O nosso fica na superfície. Nós vamos ensinar como implementar em casa, mas não é todo mundo que tem espaço para colocar o reservatório.”
Utilização
Integrante da associação, Emerson Almeida diz que a proposta inicial era montar o sistema em três escolas da Área de Relevante Interesse Ecológico JK, que compreende Samambaia, Ceilândia e Taguatinga. “Somos os únicos bichos que usam a água limpa para jogar fora nossos resíduos”, lembra. “Em cada metro quadrado de telhado, com uma chuva mediana, a gente consegue captar mil litros d’água. E, quando a água dos reservatórios estiver baixa, dá pra usar a da rede mesmo.”
Ainda não foram escolhidos os 100 alunos que vão participar do curso de recursos hídricos oferecido pelo projeto Cultivando Água, mas já se sabe que serão todos do primeiro ano do ensino médio, já que permanecem por mais tempo na escola. O curso tem duração de seis meses e inclui passeios em áreas de preservação ambiental, palestras e avaliação do processo com toda a comunidade, no modelo de gestão participativa.
Animado com o potencial do projeto, o diretor do CED 6, Laércio Vieira da Silva, se alegra pelo fato de a escola ser a primeira a ter o sistema construído. “Somos uma escola inclusiva, de clientela que vai de ensino médio regular a educação para jovens e adultos. Recebemos alunos que passaram pelo Caje e temos 60 alunos surdos”, detalha. “Eu estou aqui querendo conhecer mais profundamente o projeto para implantar lá em casa também. Esse é o começo, mas, pelo que cai de água dessas telhas, no futuro, talvez a gente amplie.”
Já o professor de geografia José Eustáquio Abadia observa que o projeto pode ser mais bem aproveitado se for divulgado para toda a comunidade escolar. “A divulgação ainda está tímida, falta integração ainda. As informações que eu tenho são poucas. Mas eu gosto de participar de tudo. Acho interessantíssimo, até porque a questão da água está dentro do que eu trabalho. Poderia colocar no planejamento facilmente”, diz.
R$ 5 mil
Montante que pode ser economizado mensalmente na conta de água do CED 6