CED 11 de Ceilândia homenageia 15 estudantes aprovados na UnB

 

A comunidade escolar do Centro Educacional 11 de Ceilândia Norte está em festa desde que a Universidade de Brasília (UnB) divulgou os resultados do vestibular e revelou que 15 estudantes da escola foram aprovados(as) na graduação. Nesse sábado (30/4), às 9h, o CED 11 se enfeitou para receber os(as) estudantes com um café da manhã.

 

“Reunimos os estudantes. Fizemos um café da manhã para eles e elas. Depois, levamos eles e elas ao auditório da escola, apresentamos aos pais que estavam na reunião. E, após isso, inauguramos o mural com os nomes dos aprovados na UnB. Que é essa pintura com os nomes deles na escola e o curso que passaram”, conta Francisco Gadelha, mais conhecido na comunidade escolar como Kiko Gadelha, diretor do CED 11.

Além da comemoração, a turma homenageou Geoffrey Stony, um dos estudantes do grupo que sonhava em ingressar na UnB, mas a violência diuturna da região da escola abreviou sua vida. Em setembro do ano passado, aos 16 anos, ele foi assassinado num assalto.

 

“Sempre colocamos um mural na escola com o nome dos estudantes que passam na UnB. No ano passado, quando fazíamos o mural com os aprovados em 2021, um de nossos estudantes disse que o nome dele constaria do mural deste ano e que ele iria dar orgulho ao pai. Infelizmente, ele foi brutalmente assassinado na saída da escola. Roubaram-lhe o celular e deram-lhe um tiro. A turma homenageada no mural deste ano é justamente a turma dele. São os estudantes próximos a ele que passaram na UnB em 2022. Por isso, colocamos o nome dele também com a referência ‘in memoriam’”, diz o diretor.

 

 

Não é a primeira vez que o CED 11 de Celiândia, que atende também a crianças e adolescentes do Sol Nascente, considerada a maior favela da América Latina, realiza a proeza de aprovar um número grande de estudantes para graduações em várias universidades do País.

 

“Todo ano sempre colocamos mais e mais estudantes em universidades públicas. Como eles entram na nossa escola no 6° Ano do Ensino Fundamental e ficam até o fim do Ensino Médio, estamos tendo muitos frutos. O grupo de professores(as) se empenha muito nessa jornada desde o começo do Fundamental até o fim do Médio”, afirma Kiko.

 

 

Esse esforço foi comprovado no ano passado, que, apesar das dificuldades enfrentadas por causa da crise sanitária decorrente da pandemia da covid-19 e da crise econômica neoliberal, 37 estudantes do CED 11 foram aprovados em várias universidades pelo País. Desses, 32 ingressaram na graduação da UnB pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS).

 

Gadelha explica que ele e sua equipe de professores(as), orientadores(as) educacionais e técnicos-administrativos se dedicam a promover uma educação inclusiva e libertadora que busca a retirar, o máximo possível, as centenas de crianças e adolescentes da região do CED 11 do mundo da violência.

 

“Aqui bem próximo está o Sol Nascente, uma das maiores favelas da América Latina. Daí que temos esse trabalho com os e as estudantes voltado para que eles e elas tenham vontade de mudar de vida em razão da violência desta região de Ceilândia e Sol Nascente. A violência aqui é muito grande e a gente incute nos meninos e nas meninas a ideia de mudança de vida”, afirma o diretor.

 

Para isso, segundo ele, a equipe usa a educação para trabalhar esse espírito de mudança ao longo de todo o Ensino Médio e, por causa disso, todo ano a escola apresenta sucesso e índice elevado de aprovação no PAS e nos vestibulares País afora. Em 2021, a despeito de todas as dificuldades impostas pela política econômica neoliberal, a escola teve 37 estudantes aprovados.

 

“Este ano tivemos 15 estudantes aprovados na UnB. Esses estudantes vêm fazendo a formação. A gente vem ajudando eles para que coloquem isto na cabeça: o importante é que eles e elas mudem de vida e possam mudar essa realidade, sendo estudantes de periferia e de escola pública”, afirma Gadelha.

 

Ele informa que o Sinpro-DF sempre ajuda a escola toda vez que a unidade escolar pede apoio. “O Anderson, diretor do Sinpro, está sempre aqui na escola e está nos motivando também com materiais de campanha e tudo o mais que possa nos ajudar a ajudar os estudantes, como, por exemplo, para fazer inscrições em provas. Tudo isso é muito importante pra gente”, assegura o professor.

 

“O projeto existe há muito, mas desde 2020. Sempre fizermos essa preparação para as provas de vestibular. Mas intensificamos mais em 2020 mesmo com a pandemia. Agora, com a morte de Geoffrey, estamos ainda mais dedicados a colocar a educação a serviço das necessárias mudanças sociais e econômicas da região”, afirma.

Na avaliação da colegiada do Sinpro, o projeto em curso no CED 11 de Ceilândia reforça a importância da educação paulo-freiriana e mostra relevância da educação como política pública de inclusão social. Em muitos locais do País, a escola é o único braço do Estado em operação na comunidade. É o único local em que a população pode recorrer para solucionar problemas sociais e econômicos.

 

“É por isso e muito mais é que lutamos, intransigentemente e diuturnamente, pela aplicação dos recursos financeiros do Estado na educação pública e gratuita, que exigimos o monitoramento e a fiscalização social desse dinheiro pela população porque é dinheiro público assediado pelo capital e é com ele que podemos mudar a realidade do nosso País”, finaliza Anderson Corrêa, diretor do Sinpro-DF.