Câmara adere a falsa tese de Bolsonaro e aprova mudança do ICMS sobre combustíveis

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Portal CUT. Escrito por: Marize Muniz

 

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), trabalhou para aprovar apressadamente uma lei que muda a cobrança do Imposto de Circulação de Mercadorias (ICMS) dos combustíveis.

Ambos ignoraram que a culpa pelos reajustes é da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras, atrelada ao valor internacional do petróleo e a variação do dólar. Há meses, Bolsonaro vem culpando os governadores, mas  o ICMS não é reajustado há anos.

Mas Lira mostrou força política e, por 392 votos a 71 e duas abstenções, a Câmara  aprovou na noite desta quarta-feira (13) o projeto que muda a regra sobre o ICMS de combustíveis com o objetivo de reduzir os preços.

A gasolina subiu 39,60% em 12 meses e o gás de cozinha registrou alta de 34,67% no mesmo período, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação. Já o diesel subiu 37% no acumulado do ano, segundo Agência Nacional do Petróleo (ANP). Isso sem contar o reajuste de 7,2% que a Petrobras anunciou no último dia 8, indiferente ao que acontece em Brasília.

No mesmo dia em que a proposta de reduzir a alíquota do ICMS sobre combustíveis foi aprovada pelos deputados e encaminhada para avaliação e votação do Senado, a Liderança da Minoria na Câmara lançou o primeiro de uma série de vídeos sobre o impacto do dólar sobre o custo de vida.

O primeiro vídeo afirma: é mentira o argumento de que os governadores são os culpados pela alta no preço dos combustíveis.

Confira:

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que sempre alertou que os preços altos são culpa da PPI reafirmou em postagem no Twitter que os governos estaduais não aumentaram a alíquota do ICMS sobre os combustíveis nenhuma vez desde que o início do mandato do presidente da República. “Bolsonaro está mentindo”, alerta a entidade em campanha divulgada pelas redes sociais.

Sobre o projeto de lei aprovado

O Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 11/2020, de autoria de Emanuel Pinheiro Neto (PTB-MT), prevê que o tributo incida sobre a média da variação dos produtos nos últimos dois anos. Atualmente, é considerado o valor dos últimos 15 dias de acordo com pesquisa de preços feita nos postos. Sobre esse valor, são aplicadas as alíquotas de cada combustível.

O texto aprovado obriga estados e Distrito Federal a especificar a alíquota para cada produto por unidade de medida adotada, que pode ser litro, quilo ou volume, e não mais sobre o valor da mercadoria. Na prática, a proposta torna o ICMS invariável frente a variações do preço do combustível ou de mudanças do câmbio.

Lira disse ao jornal Foha de S. Paulo que a medida deverá reduzir o preço da gasolina em 8%. No caso do etanol, a queda seria de 7%, e de 3,7% para o diesel. O método de cálculo, no entanto, não foi divulgado.

A Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite) calcula que a proposta de Lira gerará uma perda de R$ 24 bilhões por ano na arrecadação de estados e municípios.

Governadores avaliam acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar o projeto, caso seja aprovado também no Senado. O argumento é o de que não caberia ao Congresso definir as regras do ICMS, e sim aos estados.

Fonte: CUT