Calúnias nunca silenciaram a força desta categoria, que sempre lutou e lutará por uma educação de qualidade

A lei é clara ao dizer que funcionários(as) públicos(as) das esferas federal, estadual e municipal têm direito a receber anuênio. Este direito foi congelado pelo governo de Jair Bolsonaro entre 28 de maio de 2020 a 31 de dezembro de 2021, e descongelado para os(as) profissionais da saúde e da segurança em 1º de janeiro de 2022 por meio da Lei Complementar 191/22. O mesmo direito não foi repassado para os(as) educadores(as) sob o pretexto, por parte do Governo do Distrito Federal (GDF), de que o magistério público não havia trabalhado durante a pandemia. Profissionais da educação continuam com a contagem de anuênio suspensa nesse período.  

O Sinpro entrou na justiça por quebra de isonomia, uma vez que servidores(as) da saúde e da segurança tiveram seus anuênios descongelados. Para o diretor do Sinpro, Dimas Rocha, uma das consequências da LC 191 é reafirmar o discurso de que a nossa categoria não trabalhou. “O tratamento não é isonômico. Estamos entrando na justiça para questionar essa diferenciação de tratamento que foi dada em relação às categorias. Está sendo judicializado, mas nossa unidade política, enquanto categoria, será fundamental para reverter essa decisão”, explica Dimas, complementando que durante a discussão do processo, o GDF tentou justificar a suspensão do benefício sob a alegação que os(as) professores(as) não trabalharam.

O comportamento utilizado pelo governo federal e pelo governador Ibaneis Rocha mostra que a educação nunca foi uma prioridade. Não bastasse os(as) professores(as) se endividarem, gastarem com dispositivos eletrônicos e precisarem aprender a lidar com novas mídias para repassarem o conteúdo para alunos(as), que muitas vezes não tinham sequer energia elétrica, o governo do DF e Bolsonaro retiram um benefício legal sob o manto da calúnia, de uma inverdade.

 

A verdade sempre aparece

Diz o ditado popular que uma mentira contada várias vezes tende a se tornar uma verdade. Parece ser esta a artimanha utilizada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para tentar desacreditar uma categoria que sempre lutou e continua lutando por uma educação pública de qualidade. Não é de hoje que o governo tem falado que os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais não trabalharam durante a pandemia da Covid-19, na tentativa de “justificar” a suspensão da contagem de anuênio durante este período. Mesmo dita à exaustão por parte do GDF, a mentira não tem se tornado verdade, mas uma injustiça e uma grande covardia com o magistério público.

Só para relembrar o governo do DF, que parece ter se esquecido, ou pior, desconhecer a verdadeira realidade da educação pública na capital federal, os(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais, ao contrário do que tem dito, tiveram o trabalho triplicado durante a pandemia. Sem recursos do GDF para a nova realidade, os(as) educadores(as) muitas vezes tiveram de tirar do próprio bolso para que o conteúdo pudesse ser repassado aos(às) estudantes. O resultado foi uma rotina de cansaço, gastos extras, acúmulo de trabalho, estresse, superação diante das barreiras tecnológicas e jornadas de trabalho intermináveis. É bom lembrar que tudo isto se deve à falta de compromisso do poder público com a educação e a ausência de ações que atendessem as necessidades de profissionais da educação, estudantes e suas famílias.

Ao invés de buscar soluções para equipar a rede pública com estrutura e tecnologia; investir nos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais; desenvolver estratégias para recuperar a aprendizagem perdida na pandemia, e buscar os(as) alunos(as) que evadiram, o GDF desvaloriza a categoria e não reconhece todo esforço e dedicação que tiveram para que a educação não entrasse em colapso. Com um cenário totalmente dependente do meio tecnológico e virtual, professores(as) e estudantes precisaram se reinventar e colocar a mão no bolso, gastando com dispositivos móveis e a compra de planos de internet para conseguir acompanhar o “novo” normal do ensino remoto. 

O Sinpro continuará lutando na Justiça para que esta injustiça seja corrigida e que aqueles(as) que sempre lutaram para que a população tenha acesso à educação, mesmo diante dos mais variados problemas, sejam respeitados, assim como seus direitos.