BRUMADINHO: DOIS ANOS DE UM CRIME QUE AFOGOU VIDAS
Um dos maiores crimes ambientais já registrados no país, completa hoje dois anos. O rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, Minas Gerais, deixou sequelas por todos os lados. Ao todo, 270 vítimas fatais, e danos irreparáveis ao meio ambiente. O rompimento causado em janeiro de 2019, despejou 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos da mineração na bacia do rio Paraopeba. Toda a lama, percorreu mais de 300km, afetando 18 municípios e atingindo 944 mil pessoas, deixando um enorme estrago por todos os lados. De acordo com informações, até hoje o corpo de bombeiros opera buscas na região para tentar encontrar os corpos de 11 soterrados. Mais de 600 mil pessoas tiveram o abastecimento de água comprometido em 8 municípios onde o Paraopeba é responsável pelo abastecimento, inclusive da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A cidade de Brumadinho, onde fica o distrito de Córrego do Feijão, convive com sete das 46 barragens com elevada probabilidade de ruir, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM).
A barragem que se rompeu não recebia mais rejeitos desde 2015. Em dezembro de 2018, porém, após a Vale solicitar uma licença de operação, a Câmara de Atividade de Minerária do Conselho Ambiental de Minas Gerais permitiu que a empresa recuperasse o minério de ferro disposto entre os rejeitos.
Cidades do entorno na região, convivem com a esperança de dias melhores. Além do trauma causado por toda a situação, os moradores sofrem com a falta de água potável e a escassez do plantio na cidade, cenário causado pela devastação no dia 25/01/2019. Para muitos moradores da cidade, há falta de renda, acelera à pobreza e desigualdade, prejudicando a reconstrução do distrito.
INJUSTIÇA
Todo o desastre ambiental foi de responsabilidade da empresa Vale, que segue impune. A dimensão do crime cometido pelo descaso e negligência do alto escalão da mineradora, deveria obrigar uma reparação plena e íntegra aos atingidos, o que não aconteceu até hoje, mas ela segue lucrando. No período entre 2008 e 2017, acumulou um lucro aproximado de US$ 57 bilhões, quase R$ 220 bilhões. Ao longo dos últimos meses, mesmo no contexto da pandemia, os atingidos estiveram em luta em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para cobrar justiça e participação social em meio a negociações em que a Vale, mesmo sendo ré, permanece ditando as regras perante o governo do estado.
A Fundação João Pinheiro, órgão oficial de pesquisa e estatísticas do Estado, estima em R$ 26 bilhões as perdas econômicas com o rompimento da barragem e R$ 28 bilhões para o pagamento de indenizações às famílias das vítimas e demais atingidos.
Com informações: Midia Ninja
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