Brasília sedia SERNEGRA de 18 a 21 de novembro

O Distrito Federal sediará a VII Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (SERNEGRA). O evento será realizado pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) de 18 a 21 de novembro, e marca a passagem do Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20. Além de simpósio acadêmico nacional, haverá palestras, debates, oficinas, shows musicais, espetáculos de teatro e dança, desfile de moda, espaço infantil, rodas de conversa e feira de afroeconomia. O evento movimentará o campus da 610 Norte e tem inscrições abertas e gratuitas para todas as pessoas interessadas.
O simpósio conta com cerca de 300 inscritos de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Alagoas, Goiás, além de Distrito Federal. Nas 24 seções temáticas, os pesquisadores compartilharão seus conhecimentos em áreas como literatura, audiovisual, políticas públicas, discurso, identidade, mídia, migrações, feminismo, práticas pedagógicas, direitos humanos, cinema, saúde, quilombismo e culinária.
Tendo como tema “Descolonizar o feminismo”, o SERNEGRA 2018 abrangerá ainda quatro mesas de debates com a participação de convidadas de destaque no cenário acadêmico contemporâneo. Seguindo a tradição de homenagear mulheres negras que entraram para a história por serem exemplo de luta contra o racismo e o patriarcado, a sétima edição do SERNEGRA reverenciará a memória da ex-vereadora do RJ Marielle Franco, assassinada no último 14 de março, no exercício do mandato.
As inscrições para o SERNEGRA podem ser feitas no www.sernegraifb.org até 18 de novembro.
 
Abertura com mostra de filmes
No domingo (18), a partir das 18h30, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb), a solenidade de abertura do VII SERNEGRA será seguida de mostra de cinema e debate com o público, na presença das diretoras das obras.
“Travessia” (5 min, 2017,RJ, classificação livre) é o filme de estreia da jovem diretora Safira Moreira, que utiliza linguagem poética, a partir de fotografias de famílias negras, para refletir a representatividade do negro em nossa sociedade, questionando a estrutura racista que atravessa passado e presente. Baiana, radicada no Rio de Janeiro, formada em Cinema, Safira é fundadora do cineclube Capa Preta, com foco no protagonismo da mulher negra no cinema. “Travessia” foi o melhor curta-metragem do CachoeiraDoc 2017 e recebeu ainda prêmio da Crítica e Menção Honrosa da  ABD / CRITIC AWARD AND SPECIAL MENTION.
“Xinguilamento: a força dos ancestrais” (versão resumida de 5min, 2008, AGO) é o documentário em que a jornalista Marisol Kedji, revela rituais praticados pelo povo axiluanda, habitantes de Luanda, para estabelecer comunicação espiritual com seus antepassados. Angolana, Marisol perdeu-se da família ainda menina, durante a guerra pela independência de seu país. Refugiada em Portugal, foi vítima de trabalho escravo durante treze anos até radicar-se em Brasília.
“Mulheres de Barro” (26min, 2014, DF) é o documentário de Edileuza Penha de Souza, sobre doze mulheres da localidade de Goiabeiras Velhas (ES) que tem como ofício a confecção de panelas de barro e relatam histórias de dor e sofrimento, mas também de amor e prazer. Doutora em Educação, professora da UnB, é pesquisadora de Cinema Negro no Brasil e no Continente Africano.
“Dialogos con mi abuela” (40min, 2016, CU) encerra a programação de abertura. Neste documentário que mistura realidade e ficção, a autora Glória Rolando conversa com sua avó Inocência, natural de Santa Clara, cidade como tantas que ao redor do mundo vivenciaram intensos conflitos raciais no início do século XX. O filme foi lançado durante as comemorações dos 130 anos da abolição da escravatura em Cuba. Glória atuou por mais de 35 anos no Instituto Cubano de Filmes Nacionais, além de dirigir o Imágenes del Caribe, grupo independente de produção cinematográfica. A premiada cineasta dedica sua obra ao resgate da história de pessoas da diáspora africana.
 
Mesas de Debates abordarão feminismo, saúde, sexualidade e tradições afrocentradas
 
As quatro mesas de debates serão realizadas no auditório do Campus do IFB (610 Norte) entre os dias 19 e 21 de novembro. Para discutir sobre a importância de “Descolonizar o Feminismo” , a convidada internacional é a antropóloga afro-dominicana Ochy Curiel, professora na Universidade Nacional da Colômbia e considerada uma das mais importantes teóricas feministas do Caribe e América Latina, especialista em raça e sexualidade. Ela estará ao lado de Thula Rafaela Pires (professora do Departamento de Direito da PUC-Rio); Gina Vieira Ponte (professora da rede pública do DF e autora do premiado projeto Mulheres Inspiradoras) e Renísia Garcia, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.
 
Dia 19, às 9h  
O debate sobre “Saúde da Mulher Negra: da médica de família à benzedeira”, reunirá a médica Thatiane Santos da Silva, graduada em Cuba e que atua como generalista na Clínica da Família Zilda Arns, localizada no Complexo do Alemão (RJ); a assistente social Maria Bezerra, fundadora da Escola de Benzedeiras de Brasília; Ana Vieira Pereira, doutora em Literatura, parteira e escritora, com mediação da assistente social e doula, Ludmila Suaid.
Dia 19, às 17h
“Negritude e Direitos Sexuais e Reprodutivos” é outro tema a ser debatido pelas seguintes convidadas: Jaqueline Coêlho professora de Letras do IFB, estudiosa de Análise de Discurso Crítica sobre aborto; a historiadora Elaine Meireles, especialista em Gestão Pública, doula e educadora perinatal; e a bióloga Fernanda Lopes, consultora nas áreas de saúde e direitos humanos, gênero, desenvolvimento e igualdade racial. A moderação será de Jacqueline Regis, professora do Núcleo de estudos de Linguagem e Sociadde da Universidade de Brasília.
 
Dia 20, às 17h
“Quilombos, Terreiros e Capoeira Angola: equidade de gênero e tradições afrocentradas”, é a mesa de debate que vai reunir Givânia Maria da Silva, doutoranda em Sociologia, natural do Quilombo de Conceição das Crioulas, em Salgueiro (PE) pesquisadora da áreas de educação, organização de mulheres e questões agrárias em quilombos; a historiadora e capoeirista Mestre Janja, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, professora da Universidade federal da Bahia e fundadora do Instituto Nzinga de Estudos da Capoeira Angola e Tradições Educativas Banto no Brasil; Mãe Bárbara Mam´etu Kafurengá, sacerdotisa-mor da Comunidade de Terreiro do Campo Bantu-Indígena Caxuté, localizado na Costa do Dendê (Baixo Sul da Bahia); com moderação de Bárbara Olivieira Sousa, doutora em Antropologia.
 
Dia 21, às 16h30
Atividades culturais incrementam programação do SERNEGRA 2018
Dez oficinas, duas rodas de conversa, dez espetáculos de teatro e dança, três shows musicais, mostra de cinema, exposição de fotografia, lançamento de livro, desfile de moda, feira de produtos afro e brinquedoteca. Esta é a programação cultural que será oferecida gratuitamente aos participantes do VII SERNEGRA.
Para as oficinas, as inscrições devem ser feitas pelo site www.sernegraifb.org, uma hora antes do início das atividades. Confira as opções:
 
Expressão Corporal – Ritmos Afrobrasileiros
A pedagoga Marta Santos da Silva Holanda Lobo (DF) desenvolverá habilidades como concentração e criatividade por meio das danças Jongo e Moçambique, aliadas a história de quilombos.
 
Revelando Identidades – Reflexos e Reflexões
O espelho serve como instrumento no processo artístico visual de transportar para o papel expressões e características para formação da autoimagem. É o que propõe Surama Caggiano (SP), arte-educadora e africanista, como forma de combate à discriminação racial.
 
Batida do OKAM (Danças dAs Orixás)
A batida do atabaque e a ancestralidade feminina são elementos de conexão entre a vibração sonora, o movimento e a energia vital. Dançarina e atriz, Marília Borges (DF) é estudante do Curso de licenciatura em dança do IFB.
 
O Ritmo da Memória
A percussão como forma de resistência para enfrentamento das opressões cotidianas. Este é o trabalho que será desenvolvido pela cantora multi-instrumentista Emillie Lapa (BA).
 
Na Gira com a Kalunga
A dança será marcada pela percussão forte e acelerada, típica do baque virado do Maracatu Nação Porto Rico, uma das mais importantes manifestações culturais de Pernambuco. Soaine Gomes (BA) vai compartilhar a história, os fundamentos e as movimentações coreográficas da boneca Kalunga.
 
O Sagrado Feminino e a Mulher Negra Contemporânea
A sacralidade feminina como ferramenta de resgate de poder e força. Magda Fernanda de Sousa Silva (DF), estudiosa de ervas medicinais.
 
Benze que passa!
Oficina de benzimento e autocuidado com confecção de patuá de proteção, a cargo da assistente social Maria Bezerra (DF), fundadora da Escola de Benzedeiras de Brasilia.
 
Escrita Criativa: Cordel
Exercícios de desbloqueio e liberação da expressão artística visando a produção literária de folhetos que traduzem a cultura popular brasileira. Com Ana Vieira Pereira, especialista em escrita criativa e Jacqueline Fiuza, doutora em linguística e integrante do Núcleo de Estudos Linguagem e Sociedade da Universidade de Brasília (DF)
 
Teatro e dança agitarão o campus Brasília
Diariamente, haverá apresentações de teatro, música e dança tomarão conta de todas as dependências do campus Brasília do IFB, na 610 Norte, com entrada franca. Confira:
 
Yriádobá – Da Ira à Flor
Adriana Rolin (RJ), atriz e arteterapeuta, mistura sua própria biografia com o mito de Obá, para fazer provocações em torno de iras silenciadas que deixam cicatrizes na mulher negra na contemporaneidade. Componentes da cultura iorubá estarão presentes nesta performance em que a Rainha da Sociedade de Elekô mutila sua própria orelha num culto secreto sobre o poder feminino.
Duração: 40 minutos
Dia 19, às 12h
 
“O Mito Das Mulheres Que Viravam Borboletas”
Dirigidas por Jemima Bracho (DF) seis atrizes se revezam em cena para resgatar histórias de mulheres torturadas durante a ditadura militar e que ainda hoje são vítimas da opressão cotidiana.
Com 50 min de duração, a classificação indicativa é de 16 anos,
Dia 19, às 15h20, no auditório do Bloco C
 
“Id. Percursos”
A bailarina Rita Lendé (RS) problematiza a condição de mulher negra no Brasil e na América Latina. A abordagem de dança e teatro trata de lugares de fala do corpo negro feminino.
Duração de 30 minutos
Dia 19, 19h30, no Coliseu
 
“Sacrilégio”
A peça teatral de Caliandra Molotov e Carolina de Souza (DF) consiste em leitura dramática a partir de fragmentos da obra dos escritores Marcelino Freire e Conceição Evaristo, além de poemas das próprias autoras. A encenação trata do desrespeito sofrido por mulheres negras no Brasil.
Duração: 25 minutos
Dia 20, às 12h, no hall do Bloco C
 
“Sujeira Calada NU TaPeTe”
O Coletivo Performativo OniBaBel de Arte Contemporanea (DF) – integrado por estudantes do IFB dos cursos de Dança, ensino médio integrado em informática e técnico em moda – apresenta espetáculo de dança-teatro que denuncia e propõe formas de enfrentamento da violência doméstica que vitimiza grupos vulnerabilizados em nossa sociedade. A plateia será confrontada com seus medos, estabelecendo assim um diálogo político-pedagógico sobre nossa atualidade.
Duração de 30 min
Dia 20, às 12h30, Sala 201 C
 
“Casa Rosa Cruz”
A peça teatral é encenada por pessoas com surdez e autismo e discute inclusão social e violência familiar. A direção é de Lucas Teles de Lima (DF) e a classificação indicativa é de 16 anos
Dia 21, às 15h, no Auditório do Bloco C
 
“Musas do Cotidiano”
Sob direção de Aline Karina, o ensaio fotográfico com cinco mulheres negras de São Sebastião (DF) foi realizado em locais da cidade representativos de suas histórias de vida, exaltando suas belezas, colaborando assim para a elevação da autoestima.
De segunda a quarta-feira, no Museu da Biblioteca
 
“O aquarelista”
Lançamento do livro de Ana Vieira (DF). O romance é ambientado na África do Sul e nasceu da pesquisa realizada in loco sobre o período do apartheid.
Dia 21, às 12h, no Museu da Biblioteca
 
Desfile de Moda e Feira Afro
Vinte e três expositores atenderam à chamada pública e participarão da I FeiAfro, que vai reunir num só espaço (no pilotis da reitoria, na 610 Norte) a comercialização de produtos e serviços de afroempreendedores.
O objetivo é estimular a economia criativa e solidária de pequenos negócios que tenham como diferencial a afirmação da cultura negra. Os estandes funcionarão nos seguintes horários: na segunda-feira (dia 19) das 11h às 20h, na terça-feira (dia 20) das 9h às 19h e na quarta-feira (dia 21) das 9h às 18h.
A moda também está na agenda do SERNEGRA 2018. Em parceria com o Projeto Acampla África, que oferece cursos profissionalizantes de corte e costura para jovens da cidade de Beira, em Moçambique, Rodrigo Santos organiza o desfile “Celebration Consciência Negra”. Na passarela, montada no hall da lanchonete, na terça-feira, às 19h30, estarão modelos negros trajando roupas típicas africanas.
 
Música em destaque no VII SERNEGRA
O berimbau, trazido ao Brasil pelas populações banto da África Centro Ocidental, inicialmente ganhou espaço em cultos religiosos para depois se tornar símbolo da capoeira. A Orquestra Nzinga de Berimbaus homenageia esse instrumento que é um dos mais representativos da herança africana no Brasil. Os cerca de quinze berimbalistas serão regidos pela Mestra Janja (Rosângela Costa Araújo). A Orquestra foi criada em 1999 pelo Grupo Nzinga de Capoeira Angola, um dos pioneiros do DF, e fará apresentação no dia 20, às 20h, no Coliseu.
Martinha do Coco também faz show no campus Brasília, no dia 19, às 20h20, no Coliseu. O repertório será um mergulho no universo afro-brasileiro da música nordestina: samba de coco, maracatu e ciranda em composições autorais desta artista pernambucana considerada uma das principais mestras da cultura popular no DF.
O encerramento da programação do SERNEGRA 2018 será na Funarte (Eixo Monumental – Setor de Divulgação Cultural) no dia 21, a partir das 19h30, com transporte gratuito saindo do campus Brasília.
No palco da Sala Plínio Marcos, “Nãnan canta África, Tributo aos 100 anos de Nelson Mandela”. A cantora, percursionista e dançarina Nãnan Matos (DF) fará uma homenagem ao maior líder mundial no combate ao racismo e também à Década Internacional dos Afrodescendentes (2015- 2024), instituída pela Organização das Nações Unidas.
Em uma hora e meia espetáculo haverá músicas autorais e releituras de clássicos, num show dançante para celebrar a conscientização racial e a resistência negra.
 
Rodas de Conversa: sociedade com a palavra
A aproximação de pessoas interessadas em refletir coletivamente sobre aspectos fundamentais para a construção de uma sociedade igualitária estará garantida durante o SERNEGRA 2018
A “Roda de conversa: LGBT’s negras no contexto atual”, fará os recortes de raça e orientação sexual na discussão. A iniciativa é dos ativistas Tarcísio José Ferreira, especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, e do professor de Serviço Social, Gerson Martins de Sousa (DF), pesquisador na área de politicas de saude e população LGBT.
 
Dia 21, das 14h às 17h, na sala 108 D
“Rumo ao Encontro Nacional de Mulheres Negras: 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem viver. Mulheres Negras movem o Brasil”, também será tema de Roda de Conversa, puxada por  ativistas e pesquisadoras como a pedagoga Alessandra Pio, Elaine Meireles, articuladora da Marcha de Mulheres Negras no DF e Janira Sodré, Coordenadora do Núcleo de Estudos em Gênero, Raça e Africanidades do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.
A atividade integra o calendário de mobilizações em torno do Encontro, que e ocorrerá de 6 a 9 de dezembro, em Goiânia (GO). Em discussão, os avanços do movimento de mulheres negras, desafios e perspectivas diante do atual cenário político-social e econômico brasileiro.
Dia 21, das 8h30 às 12h, no Hall do Bloco C
 
Sernegrinha reserva espaço para as crianças
As crianças são bem-vindas no “Sernegrinha”, espaço reservado para o público infantil durante o VII SERNEGRA. Montado no pilotis do bloco B (no campus da 610 Norte), o espaço vai oferecer brinquedoteca e cineclube, além das seguintes atrações: Oficina de Estética do Cabelo Afro, com penteados a cargo de Katheleen Cristine Souza Borges de Jesus; Contação de História com brincadeiras de origens africanas, com o Eduardo Klein Carmona, professor de Educação Física do campus Recanto das Emas do IFB; Confecção de Bonecas Abayomi com as professoras do IFB Êrika Barretto Fernandes Cruvinel, Sylvana Karla da Silva de Lemos Santos e Magali Melo;
História de Ninar para garotas rebeldes, é a oficina de desenhos e pinturas a partir de biografias de heroínas negras, com a estudante Clara Tavares, de 9 anos.
A Oficina Kekerè okam, vai contar a historia dos orixás através do corpo, com Marília Borges, aluna do curso de Dança do IFB. A arte-educadora Carla Girija vai oferecer Oficina de Dança Africana para Crianças, de 7 a 12 anos, através de danças, cantos e contos.