Audiência pública no Senado discute massacre contra professores no Paraná

Na quarta-feira (6) uma audiência pública no Senado, convocada pelo senador Paulo Paim (PT/RS) debateu o massacre que ocorreu no Paraná no último dia 29 de abril, quando 393 professores(as) ficaram feridos após forte repressão policial. Os(as) servidores(as) protestaram contra o governador Beto Richa (PSDB), que encaminhou projeto para a Assembleia Legislativa, retirando benefícios previdenciários da categoria.

Durante cerca de 5 horas de audiência, dezenas de pessoas relataram o que presenciaram: senadores, deputados federais e estaduais, representantes de movimentos sociais, jornalistas e principalmente os próprios professores.

A truculência da PM paranaense foi unanimidade na fala de todos os presentes, inclusive de parlamentares aliados do governador paranaense. O Governo do Paraná foi convidado, mas não foi representado pelo governador e por nenhum secretário de Estado. Compareceu um mero assessor, chamado Edson Lau Filho, que leu uma carta em que defende o governo e responsabiliza a categoria. O senador Roberto Requião (PMDB/PR) comentou que “o governador do Paraná foi terceirizado pelo senhor Lau”.

O Professor Hermes Silva, presidente do APP-Sindicato, foi enfático em suas declarações. “Desde a reeleição de Beto Richa, nós assistimos a um comportamento diferente do governo. Acabaram os debates, os diálogos e as reuniões com a categoria. O governo começou a propor a retirada dos nossos direitos sem consultar os servidores”, aponta. A professora Luzia Martha Belini (Sindicato dos Docentes do Paraná) afirmou que foram “2 horas e 30 minutos de bombardeio incessante”.

Irina Karla Bacci, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República endossou que “foram quase 400 feridos, que a grande maioria deles era da cintura para cima. E quase todos apresentavam mais de um ferimento”. Irina também disse que uma creche próxima também foi atingida por bombas de gás lacrimogênio.

O repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, que foi mordido por um pitbull, fez um relato emocionado. Luis Carlos de Jesus afirmou que “as cenas foram de guerra, com helicópteros dando rasante e jogando bombas lá do alto. Colegas choravam ao meu lado vendo os professores apanharem. Eu estava lá trabalhando e fui mordido. Por 3cm o cão não atingiu a artéria e eu estaria morto. Ainda tive que ouvir do governador que eu fui pra frente do cachorro, que pisei no pé dele. Minha filha queria ser policial, mas agora diz que não quer mais, pois não quer jogar o cachorro em ninguém que está trabalhando”, disse com a voz embargada.

Ao final, Carmem Foro, vice-presidenta da CUT nacional, mostrou o ferimento no antebraço após o massacre. E declarou que “nada justifica aquela violência. O que aconteceu ali foi absolutamente desigual. A atitude da polícia foi de varrer as pessoas daquela praça pública”.  Regina Cruz, presidenta da CUT Paraná, falou que pediu para o Secretário de Segurança Pública do Paraná interromper o massacre, mas ele ignorou. “Liguei para o senhor Franciscchini para interromper com as bombas, pois tinham muitos feridos na praça para serem socorridos. Não fui atendida. O responsável por essa covardia é quem manda na PM e no Secretário, é o Beto Richa, governador do Paraná”, diz.