Arruda e Veja: tudo a ver, ou seja, nada de novo

As páginas amarelas de Veja serviram nesta semana para promover o governo Arruda, único governador eleito do DEM. Além de tentarem vender o peixe de Arruda como administrador e como político que “assumiu” seu erro, não podia faltar o tradicional ataque ao Sinpro, aos professores e às entidades de classe dos trabalhadores. Na opinião do governador, foi graças ao fato de ter partido para o confronto com os professores que se produziu uma “revolução na educação”(sic) no DF. Só não sabemos onde estão os resultados dessa revolução.

Segundo Arruda, o sindicalismo feito pela categoria representa um pensamento retrógrado e corporativo. Afirmou que agora o sindicato está contra a proposta que condiciona o 14º salário ao resultado das escolas, omitindo porque somos contra a proposta e como ela pode ser excludente e elitista, ao tratar como iguais realidades diferentes nas escolas da rede pública.

O irônico de tudo é que ele denomina de retrógrado justamente o pensamento que hoje está na ordem do dia, inclusive de países onde o neoliberalismo nasceu: a importância da presença do Estado, a necessidade da discussão democrática com todos os atores sociais, o controle social no uso dos recursos públicos.

Na verdade são pensamentos como os do partido dele que estão em extinção: a privatização desmedida promovida pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, a terceirização e precarização das relações trabalhistas, a tentativa de dar uma feição empresarial a um serviço essencial à sociedade.

Mais sintomático ainda é saber que a entrevista sai no mesmo mês em que fomos informados de que a Veja recebeu do GDF mais de R$ 442 mil de recursos do Fundeb a título de assinatura da referida revista para as escolas públicas. É, há mais coisas entre o céu e terra do que possa imaginar a nossa vã filosofia, ou há mais coisas no ar do que os aviões de carreira.