Após revolta na Câmara, Cid Gomes deixa o Ministério da Educação

O ministro da Educação, Cid Gomes, pediu demissão nesta quarta-feira (18) à presidente Dilma Rousseff. A saída ocorreu após uma fala do ministro na Câmara ter gerado revolta entre parlamentares na base aliada. O atual secretário-executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, assume interinamente a pasta.
Convocado pelo Legislativo para explicar uma declaração dada por ele no início do mês na Universidade Federal do Pará, Cid Gomes disse na tribuna do plenário da Câmara que “partidos de oposição têm o dever de fazer oposição”. “Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo”.
Em seguida, o ministro atacou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Prefiro ser acusado por ele [Cunha] de mal-educado do que ser acusado como ele de achaque”, disse Cid, apontando para a Mesa Diretora, onde estava o presidente da Casa.
Segundo Cid Gomes, “alguns querem criar dificuldades para conseguir mais um ministério. Estarei mentindo, se assim o disser? Por exemplo, tinha um que só tinha cinco. Criou dificuldades, criou empecilhos e conquistou o sexto. Agora, quer o sétimo. Vai querer o oitavo. Vai querer a Presidência da República, e isso é disputa de poder até certo ponto”, disse ele, referindo-se ao PMDB.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), defendeu a demissão de Cid ou o PMDB sairia da base aliada.
Declarações no Pará
O pedido de explicações da Câmara surgiu após uma declaração do ministro para professores e reitores durante uma visita à Universidade Federal do Pará.
Na ocasião, Cid afirmou que “tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”.
Eleições e ministério
Ex-integrante do PSB, Cid Gomes chegou ao ministério por ter se mantido fiel a Dilma Rousseff.
Ele rejeitou a candidatura própria do partido à Presidência – a legenda teve a ex-senadora Marina Silva como candidata após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O grupo ligado a Cid Gomes, que inclui o irmão Ciro Gomes, deixou o PSB em setembro de 2013 e se filiou ao Pros (Partido Republicano da Ordem Social).