Alunos da EC 45 de Ceilândia criam desenho e história em quadrinhos

Três garotos inteligentes, obstinados e apaixonados por desenhos. Assim são Miquéias dos Santos, Luís Henrique Vieira e Robert da Silva, todos com 11 anos de idade e alunos do 5º ano da Escola Classe 45, em Ceilândia.

 Espertos, não foi difícil para eles convencerem a direção da escola a os auxiliar em um projeto de informática para a construção de um anime (desenho animado com personagens japoneses) e de um mangá (história em quadrinhos com personagens japoneses).
Tudo começou quando o laboratório de informática do colégio, que atende alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, foi reativado, em novembro do ano passado. O local conta com 15 computadores. Ainda não há um professor específico para a disciplina, mas os alunos que necessitarem podem utilizar as máquinas mediante autorização da coordenação da escola.
Ideia
Animados com a novidade, Miquéias, Robert e Luis passaram a utilizar os computadores para estudar o estilo dos desenhos com os quais planejavam trabalhar e só depois começar a desenvolver o projeto, intitulado Geração Z. Eles pesquisaram desde a mitologia grega, que originou esse tipo de arte, até a anatomia humana, para desenhar personagens geometricamente equilibrados.
Há duas semanas os meninos começaram a trabalhar. Estão desenhando, nomeando os personagens, decidindo quem fará a dublagem de cada um, escolhendo a trilha sonora da primeira temporada – em que será utilizada apenas a batida da música In The Enol, da banda de rock americana Linkin Park, e escrevendo o roteiro.
Temporadas
A ideia dos estudantes é fazer 15 histórias, separadas em 46 episódios e cinco temporadas. A arte dos desenhos é baseada em reproduções famosas, como Dragon Ball Z. Cada uma delas terá personagens, dublagens, temas e trilhas sonoras diferentes. Segundo Miquéias, a  música expressa o que eles querem transmitir com os desenhos.
Boas notas nas provas
Os alunos esperam concluir o projeto até dezembro deste ano. Isso porque querem rodar o primeiro capítulo antes de se mudarem para os novos colégios onde cursarão o 6º ano em 2014.
Os professores Emanuel Lima, coordenador do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), que vai do 1º ao 3º ano, e Marcos Moreira, coordenador da educação infantil, acompanham e orientam as crianças. “Nós disponibilizamos o material e o acesso supervisionado à internet, mas eles fazem tudo de forma autônoma. Nenhum outro aluno nos procurou com um interesse tão grande”, comenta Marcos.
Emanuel acredita que a participação dos alunos em um projeto como este auxilia na sociabilização e autoestima. “Desenvolve a parte cognitiva e ainda abre as portas para futuras atividades profissionais”, analisa o professor.
Rendimento
Marcos diz que o trabalho é extracurricular e sempre é desenvolvido após as aulas. Ele garante que as atividades não atrapalham o rendimento escolar e que os garotos são ótimos alunos.
JORNAL DE BRASÍLIA