GDF reabre escola do gás e põe mais de mil pessoas sob risco de vida

Mais de mil pessoas voltaram a correr perigo de vida na Escola Classe 01 (EC01), da Cidade Estrutural. O Governo do Distrito Federal (GDF) a reabriu, no dia 10 de fevereiro, após quatro anos de interdição por causa do vazamento de gases tóxicos e inflamáveis dentro do prédio. A reabertura da escola causou polêmica e preocupação na comunidade.
O GDF instalou um equipamento para filtragem do ar a fim de garantir a segurança. “Porém, quando o técnico que opera a máquina não puder ir, a escola terá de ser evacuada, bem como quando, independentemente da presença do operador, faltar luz ou chover”, informa Vilmara Pereira do Carmo, coordenadora da Secretaria de Assuntos e Políticas para Mulheres Educadoras do Sinpro-DF.
Apesar do equipamento, o prédio continua oferecendo risco de vida ao público que a frequenta. Ela foi construída sobre uma montanha de 16 metros de lixo e, por causa do processo de decomposição constante e do aterramento incorreto, o local recebe, 24 horas, emissão de vários tipos de gases. “Laudos da Defesa Civil indicam que é necessário realizar outros estudos para saber se há contaminação por radioatividade porque não se sabe que tipo de lixo está soterrado no local”, afirma a diretora.
Por causa disso, o Sinpro-DF vai reivindicar vistorias e irá entrar na Justiça para assegurar o direito ao adicional de insalubridade para os/as professores/as que atuam na escola. O sindicato também vai entrar com um requerimento, pedindo a documentação relativa a todo o estudo feito no local, desde que a escola foi desativada até hoje.
“A diretoria colegiada decidiu tomar essas providências porque o GDF reabriu e reocupou um prédio condenado, que já deveria ter sido demolido. O governo passado retirou os/as estudantes de lá por causa da gravidade do problema”, afirma Gilza Lúcia Camillo Ricardo, diretora da Secretaria para Assuntos de Saúde do Trabalhador.
Ela diz que a diretoria vai exigir uma política de promoção e prevenção à saúde do trabalhador nessa escola. “Até porque o direito à insalubridade é a última coisa que a gente quer pedir, uma vez que isso é pagar para adoecer e correr riscos. É um pagamento que não compensa. E é bem possível que o GDF nos negue esse direito porque já está retirando-o dos/as trabalhadores/as das unidades de internação”, informa.
Gilza contou que o ex-subsecretário de Estado da Educação do governo passado, Jacy Peninha, disse que na época da desocupação, após estudos detalhados no local, o governo tinha o entendimento de que o mais seguro para a comunidade escolar e até mais econômico para o GDF seria demolir esta escola e construir uma em outro local, “mas a empresa que fez o estudo também tinha interesse em executar o tipo de manutenção em curso na EC01/Estrutural, que torna o funcionamento da escola muito caro”, aponta a diretora.
Ela lembra que o Sinpro-DF não teve acesso a nenhum documento oficial desse processo, porém, já sabe que, além do equipamento de filtragem de ar, os/as professores/as terão de realizar exames periódicos. “Mas é periódico de quantos em quantos meses? Quem irá fazer esses exames? E os/as estudantes? Tem uma série de indagações no ar”, questiona.
Lembra também que o sindicato irá acionar os direitos previstos no Manual de Saúde e Segurança do Trabalho, da SubSaúde, o qual está em vigor. De acordo com esse documento, os/as servidores/as públicos/as devem fazer exames periódicos desde o segundo semestre de 2014 e isso, segundo Gilza, irá embasar o sindicato na exigência dos exames.
RISCO DE EXPLOSÃO E DESOCUPAÇÃO
A escola foi desocupada, em 2012, pela Defesa Civil e pelo Corpo de Bombeiros do DF por causa da alta concentração de vários tipos de gases tóxicos e inflamáveis dentro do prédio, incluindo aí o gás metano, advindos do lixão. Na época da interdição, vários laudos da Defesa Civil indicavam a existência desses vazamentos e do risco de explosão.
“Primeiramente, detectaram o gás de cozinha por causa das instalações malfeitas; depois, a Defesa Civil retornou, confirmou que o vazamento do gás de cozinha havia sido solucionado, mas identificou a alta concentração dos gases tóxicos e inflamáveis advindos do lixo”, afirma Vilmara.
E complementa: “O problema é que quando a Defesa Civil emitiu o primeiro laudo, ela dizia que a escola tinha 100% de risco de explosão. Por isso tinha de ser evacuada. Agora, o novo laudo da Defesa Civil zerou essa possibilidade, porém, essa máquina funciona por meio de energia elétrica e se não tiver energia elétrica não poderá ter aula. Além disso, se o funcionário que faz a medição do gás para acompanhar se de fato não está tendo saídas de gás pelos espaços por onde saía: as tomadas”.