Clara Charf, presente!

A ativista política Clara Charf morreu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada pela Associação Mulheres pela Paz, entidade que ela presidia. Segundo a organização, a morte ocorreu por causas naturais. Clara estava internada e havia sido intubada nos últimos dias.
Nascida em Maceió (AL), filha de judeus russos refugiados, Charf iniciou sua militância nos anos 1940. Em 1946, Clara se mudou para o Rio de Janeiro, onde queria se tornar piloto de avião. Mas como não havia mulheres na profissão, ela se tornou aeromoça.
Aos 21 anos, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), onde conheceu o guerrilheiro Carlos Marighella, com quem compartilhou vida e militância. O casal tornou-se símbolo da resistência à ditadura militar.
Durante o regime, Clara foi presa e posteriormente exilada. Após o assassinato de Marighella, em 1969, viveu dez anos fora do país, passando por Cuba e Portugal. Retornou ao Brasil em 1979, com a promulgação da Lei da Anistia, e filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1982, concorreu a deputada estadual em São Paulo, recebendo cerca de 20 mil votos.
Sua atuação também se destacou no movimento feminista. Em 2005, coordenou o movimento internacional Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que indicou 52 brasileiras ao Prêmio Nobel da Paz. Em 2014, recebeu o Prêmio Direitos Humanos na categoria Igualdade de Gênero.
Ao longo da vida, Clara defendeu a democracia, a justiça social e os direitos das mulheres. Mesmo afastada da militância nos últimos anos, em razão do Alzheimer, manteve-se referência entre gerações de ativistas.
De uma maneira geral, Clara Charf construiu uma trajetória que reflete parte da história política e social do País — marcada pela luta contra a opressão, pela igualdade e pela busca por um Brasil mais democrático.
Fonte: CUT
