Noite de Autógrafos: Entre livros e memórias, Sinpro celebra o legado da educadora Dorcas de Castro

Uma noite marcada por reencontros, histórias e valorização da cultura e do talento da categoria. Foi assim a 5ª edição da Noite de Autógrafos realizada pelo Sinpro nesta sexta-feira (31/10). Entre troca de livros, experiências e saberes, o evento reuniu professores(as), orientadores(as) educacionais e homenageou uma das educadoras que marcou a educação pública do DF: Dorcas de Castro.

Em dezenas de mesas enfileiradas em frente à sede do Sinpro, mais de 20 autores(as) — em sua grande maioria mulheres — celebraram a escrita e compartilharam a potência criativa que nasce dentro das escolas públicas.

Um dos stands da Noite de Autógrafos foi ocupado por Neila Flores. A professora aposentada da rede pública de ensino conta hoje com sete livros publicados e, como ela mesma diz, “com mais de um século de experiência”. Toda essa trajetória é traduzida em seus textos, que trazem a doçura da poesia e histórias somadas ao longo dos anos.

“Eu estou muito feliz por estar aqui nesta noite e parabenizo o Sinpro. Ver esse tanto de mulher escrevendo e contando histórias é lindo. Meus livros têm saudades, memória, espanto, questionamento e um pouco de esperança, porque a gente precisa ter esperança para viver”, disse.

A edição da Noite de Autógrafo deste ano também trouxe novidades: a participação de clubes do livro — seis no total — e um ponto para troca de livros. Segundo a coordenadora da Secretaria de Assuntos dos Aposentados, Elineide Rodrigues, a ideia foi estimular o hábito da leitura e a participação da categoria.

“Para ser escritor, tem que ter leitor; por isso, essa novidade. Mais que isso, somos uma categoria da educação e entendemos que é pela leitura e pela escrita que vamos conseguir ter criticidade, fazer análises, debates. E queremos levar esse exemplo para os estudantes. Foi uma noite linda”, disse.

A essência dessa proposta pôde ser vista na participação do Clube de Leitura Veredas. Com 13 anos de histórias, o coletivo reúne 15 mulheres de categorias diversas — e uma fila de espera para ingressar no grupo, que se tornou um espaço de partilha, diálogo e afeto.

“Estou muito grata de participar desta noite. O Clube Veredas foi uma coisa que começou bem pequena e não imaginávamos o alcance — e hoje estamos aqui no Sinpro. Do Veredas já surgiram mais de cinco clubes e isso é um ganho. Então, estar aqui numa entidade de professores é fantástico”, disse Darlene Bento, integrante do Veredas.

 

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Para o coordenador da Secretaria de Assuntos Culturais do Sinpro, Levi Porto, eventos como a Noite de Autógrafos fortalecem o vínculo entre cultura, educação e valorização profissional. “O Brasil é um país que lê muito pouco. Por isso, quando conseguimos proporcionar esse trabalho da categoria para a própria categoria — pessoas aposentadas ou ativas que escrevem e publicam seus livros — o impacto é enorme. Eventos como este são fundamentais, não só para o sindicato, mas para o país como um todo. Ver a troca de experiências, a valorização da escrita e da leitura é inspirador e mostra o que a educação pode oferecer quando valorizamos quem faz a diferença nas escolas públicas.”

 

Dorcas de Castro, presente!
Ao longo de cinco edições, a Noite de Autógrafos se tornou também um espaço de homenagens para figuras históricas que contribuíram — e contribuem — para a construção de uma educação pública emancipadora.
Este ano, o evento homenageou a educadora Dorcas de Castro, que faleceu dia 18 de junho deste ano. A orientadora educacional aposentada foi uma das mais honrosas defensoras da educação pública do DF e deixou um legado que segue vivo.

A professora da rede pública de ensino do DF e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) Rosilene Corrêa homenageou Dorcas de Castro com um buquê de flores e uma placa de homenagem a orientadora, entregues às filhas de Dorcas.

“Eu sou uma Rosilene antes de Dorcas e depois de Dorcas. Ela sempre foi uma inspiração. Eu aprendi a pensar, nos momentos de incerteza, o que a Dorcas faria, e essa foi a minha melhor escolha”, disse Rosilene Corrêa.

“Eu me sinto muito orgulhosa, porque a mamãe sempre primou por uma educação pública de qualidade, que fosse acessível a todos. Ela sempre incentivou o estudo, a leitura. Eu sou professora por conta do exemplo que ela deixou”, disse a professora aposentada Sandra de Castro, filha de Dorcas, que esteve na Noite de Autógrafos.

Para Sheyla de Castro Froes, a caçula de Dorcas, que é servidora aposentada da Secretaria de Educação do DF, a homenagem realizada é legítima. “Tentamos seguir tudo o que ela nos ensinou. Ser filha de Dorcas nunca foi fácil, porque ela é muito além… um ser diferente. Ser filhas de Dorcas é um privilégio. Nos sentimos lisonjeadas com essa homenagem”, disse.

Ao longo de sua carreira, Dorcas atuou como diretora do Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia e coordenou a Coordenação Regional de Ensino de Samambaia, contribuindo para a implementação do projeto “Escola Candanga”.
Reconhecida por sua ética, responsabilidade e afeto, Dorcas sempre alinhou discurso e prática, inspirando colegas e estudantes com seu comprometimento e coerência. Sua trajetória deixou marcas profundas na educação do DF, tornando-a referência de dedicação e humanização no trabalho educacional.

 

Edição Vanessa Galassi