5ª CNPM: Sinpro reforça papel da educação na luta pelo fim das violências contra mulheres

O processo histórico que coloca mulheres em situação de subordinação é cultural e envolve uma série de combinações que reforçam a desigualdade de gênero. Diante desse cenário, a educação é estratégica para estimular a consciência crítica e transformar padrões discriminatórios enraizados.

O tema foi discutido na Conferência Livre do Sinpro para 5ª Conferência Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres, realizada nessa sexta (15/8). O encontro, além de propor ações para fortalecer e valorizar a proteção das mulheres do magistério, elegeu delegadas à 5ª CNPM.

Para a professora Olgamir Amancia, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, a educação tem papel estratégico para a transformação da sociedade em relação à visão colonialista e patriarcal sobre as mulheres.

 

Professora Olgamir Amancia, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, fala sobre papel da educação na luta pelo fim das violências contra mulheres

 

“Se é uma cultura, é uma aprendizagem. E se é uma aprendizagem, é possível ressignificá-la, transformá-la. Essa transformação passa pela educação. Não só a educação na escola, mas também a educação em casa. A escola é um espaço fundamental para transformações nessa dimensão cultural. Não há que se falar em uma sociedade de igualdade, de respeito às mulheres, de superação de estereótipos, sem que a escola não concorra para isso”, disse Olgamir Amancia, palestrante da Conferência Livre do Sinpro.

Para a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação Rosilene Corrêa, a retomada das políticas públicas no Brasil, iniciada nas eleições de 2022, passa, também, por ações governamentais voltadas às mulheres.

“É uma tarefa importante a reconstrução e implementação de políticas de proteção, de fortalecimento, de ocupação de espaço, tendo a mulher como protagonista. Nós, educadoras, temos papel estratégico na CNPM, afinal de contas, somos nós que estamos lidando com nossas crianças e juventudes, formando cidadãos conscientes. Só vamos combater as violências contra as mulheres mudando comportamentos, e a educação cumpre esse papel”, disse.

Delegadas

A Conferência Livre do Sinpro elegeu a diretora do Sinpro Márcia Gilda como delegada titular à 5ª Conferência Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres e Janaína Mamedio como suplente.

“É muito importante estarmos num espaço onde a gente compartilha tantas questões relevantes para a transformação da sociedade, uma sociedade que não seja apenas igualitária, mas que tenha, de fato, equidade. Levaremos e defenderemos as propostas das mulheres educadoras à 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e reafirmaremos o compromisso da categoria com a construção de um país mais justo, inclusivo e democrático”, disse Márcia Gilda.

 

Diretora do Sinpro Márcia Gilda e diretora do Sinpro e da CNTE Berenice D’arc

 

As propostas das educadoras aprovadas na Conferência Livre do Sinpro abordam temas diversos, como a formação de profissionais com foco em gênero, o combate às violências, com destaque aos grupos sociais oprimidos, além de tópicos relacionados à saúde mental.

“Essa conferência tem um processo histórico. Durante tempos difíceis desse país, não conseguimos reunir as mulheres para discutir de forma democrática e construir um plano de lutas, com mais democracia, mais inclusão e direitos para as mulheres. Esse debate fortaleceu a pauta das educadoras, que defendem políticas públicas comprometidas com a valorização profissional, a equidade de gênero e a transformação social por meio da educação”, disse a diretora do Sinpro Berenice D’arc.

Diretora do Sinpro e da CNTE Berenice D’arc, durante Conferência Livre do Sinpro

 

5ª CNPM

A 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM) será realizada de 29 de setembro a 1º de outubro e é um amplo processo democrático e participativo promovido pelo Ministério das Mulheres e pelo Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres, em parceria com entes federativos e sociedade civil.

Com o tema “Mais Democracia, Mais Igualdade e Mais Conquistas para Todas”, a 5ª CNPM promove a escuta ativa e a representação plural de mulheres.

“As conferências são um espaço para a sociedade civil colocar a sua voz. São as pessoas que estão nos territórios que realmente sentem o que precisa ser feito pelo Estado e que estão vivenciando essas falhas. E foi um avanço importante a 5ª CNPM pensar em incluir mulheres que normalmente não têm voz na política, como mulheres negras, de povos tradicionais, LBTs e outras. Isso traz uma nova cara ao desenho da política pública para as mulheres no Brasil”, disse a diretora do Sinpro e secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-DF, Thaísa Magalhães.

A última CNPM foi realizada em 2016, durante o governo da presidenta Dilma Rousseff.  No período seguinte, o Brasil atravessou um período de negação de direitos, com predominância de uma pauta de costumes e esvaziamento de debates políticos e das conquistas das mulheres.

 

Educadoras aprovam propostas para a 5ª CNPM

 

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Edição: Vanessa Galassi