CUT classifica ataques a Gaza como “um dos maiores crimes humanitários do século”

Somente nos últimos dois dias, 123 pessoas morreram em ataques do Estado de Israel à Cidade de Gaza. Desde outubro de 2023, a ofensiva israelense em Gaza já matou mais de 61 mil palestinos, segundo autoridades locais, agravando uma crise humanitária que tem sido marcada por fome, bloqueio de ajuda humanitária e colapsos nas estruturas, como no sistema de saúde.
O número de jornalistas mortos (192) já supera o total combinado das duas Guerras Mundiais, da Guerra do Vietnã e do conflito na Ucrânia. Diversos países e a União Europeia já alertam para “níveis inimagináveis” de sofrimento. ONG´s que defendem direitos humanos, como a o caso da The Elders, esta semana denunciam um genocídio em curso na região.
No último fim de semana, centenas de protestos em vários países, como Inglaterra, Grécia, Turquia, entre outros, foram realizados contra os planos do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de ocupar e anexar a Faixa de Gaza. Até mesmo em Tela-Aviv, capital do país, israelenses foram as ruas contra as ações do mandatário.
No Brasil, a CUT se soma ao movimento de indignação internacional diante da tragédia humanitária em curso na Faixa de Gaza. Para a central, o que ocorre no território palestino não é apenas uma crise humanitária, mas um genocídio promovido pelo governo de extrema-direita de Israel, comandado por Benjamin Netanyahu.
“O que está acontecendo é inominável, é um dos maiores crimes humanitários deste século, um massacre. E nós, como movimento sindical, não podemos agir como se nada estivesse ocorrendo. O mundo inteiro está vendo e temos a responsabilidade de tomar posição”, afirmou o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa.
A Central já apresentou uma proposta de resolução à Confederação Sindical Internacional (CSI), assinada por mais de 90 centrais sindicais de diversos países, exigindo o fim imediato da violência contra a população civil palestina e defendendo o direito à autodeterminação do povo palestino.
A denúncia da CUT, no entanto, não é nova. No 14º Congresso Nacional da CUT, realizado em outubro de 2023, a Central aprovou uma resolução que apontava com clareza os riscos de escalada autoritária em Israel. O documento separa de forma explícita o povo judeu das ações criminosas do governo israelense.
“Nossa resolução já dizia, desde 2023. Uma coisa são os judeus, outra coisa é a política da extrema-direita israelense. O que estamos atacando é o governo de Israel liderado por Netanyahu, uma figura genocida, não o povo israelense, que inclusive tem se manifestado contra esse massacre”, ressaltou o dirigente.
A CUT reafirma sua posição histórica em defesa da autodeterminação dos povos e repudia o governo de extrema-direita de Israel, que promove ataques sistemáticos contra a população civil palestina. Denunciamos o uso político e militar da religião para justificar violações de direitos humanos e reafirmamos que nossa crítica se dirige ao Estado de Israel e não ao povo judeu, muitos dos quais também lutam por justiça e paz
A CUT lembra que há milhares de judeus em Israel e no Brasil contrários à guerra e às ações do governo israelense. “Mais de 600 comandantes das Forças Armadas de Israel já se pronunciaram contra o massacre. O próprio povo de Israel está cada vez mais crítico ao que está sendo feito em seu nome”, destacou.
Denúncia no Tribunal Internacional e pressão internacional
Lisboa também comentou a decisão do Brasil de aderir à ação liderada pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça, que acusa o Estado de Israel de genocídio. Para a CUT, a decisão do governo brasileiro foi correta, corajosa e necessária.
“Foi uma decisão acertadíssima. O Brasil está do lado certo da história ao denunciar o massacre contra o povo palestino. É importante deixar claro que isso não é um ataque ao povo judeu, mas sim uma denúncia do que a extrema-direita israelense está fazendo.”
Mesmo diante de críticas de setores conservadores à decisão do Brasil, como a nota emitida pela Confederação Israelita do Brasil, que atacou a posição do governo brasileiro, a CUT reafirma que não se pode confundir denúncia de crimes de guerra com antissemitismo.
“Acusar o governo de Israel não é acusar o povo judeu. Esse tipo de confusão é muitas vezes usada como escudo para proteger ações indefensáveis. Quem promove o genocídio não é a população, é o governo de extrema-direita de Netanyahu, que age com brutalidade contra civis palestinos”, reforçou.
Palestina livre e solidariedade internacional
A posição da CUT está em consonância com a de diversas organizações sindicais e de direitos humanos que têm exigido um cessar-fogo imediato, o fim do bloqueio a Gaza e o reconhecimento do Estado da Palestina. Para a central, é necessário atuar em todas as frentes possíveis para denunciar o genocídio e construir solidariedade internacional com a causa palestina.
“Nosso papel é, em todos os espaços onde estivermos – sindicatos, fóruns internacionais, cúpulas populares – levar a denúncia do genocídio e apoiar a luta do povo palestino. O massacre precisa parar. A ocupação precisa acabar. A Palestina tem direito à liberdade”, concluiu o dirigente.
Fonte: CUT