Professora aposentada dedica vida à inclusão por meio da arte

Um dia, quando foi visitar a igreja frequentada por sua mãe, Arlene Muniz notou que um dos membros não interagia com os demais fieis. Não por opção, mas por exclusão social: era surdo.

“Eu pensei: alguém tem que conversar com essa pessoa. Como é que ele vai para a igreja, fica sentado e não entende nada?”, conta a, hoje, professora aposentada da rede pública de ensino do DF, escritora, artista plástica, artesã, cordelista e xilógrafa.

Arlene saiu dali inquieta, decidida a mudar aquela situação. Não tardou em fazer curso de libras e retornar ao templo, onde colocou em prática o que aprendeu.

Décadas depois, a professora mantém o mesmo ímpeto de ampliar a inclusão, seja por meio do ensino-aprendizagem ou pela arte. Para ela, não importa o meio, inclusão é a palavra-chave. Como ela mesma diz, “professora é sempre professora”. 

Além da visão

A mais recente iniciativa da educadora é um projeto de experiência tátil, descrito por ela como “um trabalho que trata de respeito, acessibilidade e inclusão”. Nele, é possível explorar sentidos para além da visão.

Na produção, Arlene coloca pessoas sem deficiência visual no lugar de pessoas cegas. O participante é vendado e colocado para tatear quadros em duas dimensões. A ideia é que o voluntário possa traduzir as obras em alto-relevo e perceber as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual.

Em seguida, os mesmos quadros são reproduzidos em três dimensões ideal para pessoas cegas , revelando novos aspectos das obras antes não identificados em 2D.

“Eu acho muito importante essa experiência, porque as pessoas acham que é fácil para um cego entender uma obra só pelo fato de ela estar em alto-relevo, mas não é. A gente se coloca no lugar do outro, e as pessoas que não possuem deficiência visual aprendem sobre o respeito e inclusão”, disse.

 

Professora aposentada Arlene Muniz dedica vida à inclusão por meio da arte

 

A verdadeira inclusão

Além do projeto de experiência tátil, a educadora tem outras iniciativas voltadas à inclusão de pessoas cegas e surdas, como o segundo livro de sua autoria, Você pode, que fala sobre um menino cadeirante e conta com a colaboração de pessoas com algum tipo de deficiência. Segundo a autora, a obra será lançada este mês e é toda contada em Libras. 

“Se eu estou defendendo e falando da pessoa com deficiência, eu também tenho que dar oportunidade de trabalho. Isso é respeito. Isso é a verdadeira inclusão”, conta.

Para Arlene, além das Libras e das experiências táteis, o sistema braille também é um instrumento importante para promover a inclusão na sociedade. “O braile deveria ser acessível a todos, principalmente na área da educação. É uma língua que tem toda uma estrutura. Então, toda escola deveria saber, pelo menos, o alfabeto”, pontua.

Agendamento

As escolas interessadas em levar o projeto experiência tátil para estudantes, podem entrar em contato diretamente com a professora Arlene pelo telefone (61) 98598-5578.