13 de maio: o dia da falsa abolição e do combate ao racismo

Nesta terça-feira (13), o Brasil marca o Dia da Abolição da Escravatura, em referência à assinatura da Lei Áurea em 1888. O gesto da Princesa Isabel, que oficialmente extinguiu a escravidão no papel, esconde uma realidade mais complexa: 137 anos depois, a pergunta permanece urgente e necessária: abolição para quem?

Para o Sinpro, a data representa o dia da falsa abolição. “Entendemos que o 13 de maio oficial é o ‘Dia da Falsa Abolição’ e demos outro nome à data. Hoje, a gente chama de Dia Nacional do Combate ao Racismo”, afirma Márcia Gilda, coordenadora da Secretaria de Raça e Sexualidade do sindicato.

“A assinatura da Lei Áurea não foi um gesto de benevolência da monarquia, tampouco encerrou a exploração. Pelo contrário, foi fruto da intensa luta da população negra, organizada em quilombos, revoltas e redes de solidariedade. E ainda assim, a chamada ‘libertação’ não trouxe terra, emprego, educação, saúde, moradia ou reparação. O Estado brasileiro ‘libertou’ os corpos sem desmantelar as estruturas da escravidão”, avalia a dirigente sindical.

A abolição legal significou apenas a transição da escravidão formal para a exploração capitalista. O sistema econômico se reconfigurou para manter o lucro baseado na desigualdade e no racismo. A população negra — principalmente as mulheres negras — segue na base da pirâmide social, exercendo os trabalhos mais precarizados, mal remunerados e invisibilizados.

A escravidão mudou de forma.Está nas cozinhas dos apartamentos de luxo, nos corredores silenciosos dos hospitais, nos empregos informais, nos baixos salários, no encarceramento em massa, no genocídio da juventude negra e na exclusão das universidades e dos espaços de poder.

As mulheres negras, alicerces de luta e resistência, continuam sendo as mais atingidas por essa lógica perversa. Vivem a interseção do racismo, do machismo e da exploração de classe. “São elas as que sustentam o país, mesmo sendo as que mais sofrem com a ausência de políticas públicas. Por isso, o Sinpro afirma que não há o que comemorar no 13 de maio. Há, sim, o que denunciar. E há muito pelo que lutar.A liberdade real só virá com justiça social, antirracismo, feminismo e superação do capitalismo. Enquanto isso, seguimos em marcha, com consciência de classe, ancestralidade e resistência”, afirma Márcia Gilda.

Edição: Vanessa Galassi