7ª mostra literária da EC 12 de Taguatinga recebe o título “Polinizando sonhos”

Da esquerda para a direita: Professora Thaís da EC 12 de Taguatinga; ilustrador André Cerino; professora Hozana Costa, autora do livro “Dó, Ré, Mi, Dormir”, e supervisora da EC 12 de Taguatinga;  autor e editor Álvaro Modernell; professora Maria Cecília; professora Adriana; e o autor Alexandre Lobão. Foto: Arquivo pessoal de Hozana Costa

 

Este ano a Escola Classe 12 de Taguatinga (EC 12) trouxe para a sétima edição da sua mostra literária o tema da polinização das abelhas e, de forma metafórica, como a “polinização” está relacionada com a palavra “disseminação”. Assim, inspirada na ação das abelhas de polinizar, a escola buscou mostrar aos(às) estudantes como funciona a disseminação de cultura, arte, literatura, enfim, do conhecimento.

O evento ocorreu no sábado, 24 de setembro, durante quase todo o dia. Além da tradicional visita de um escritor, este ano, a mostra teve o privilégio de receber, pela primeira vez, o ilustrador André Cerino. A Mostra Literária 2022 – Polinizando sonhos é a culminância de um projeto pedagógico interdisciplinar que, este ano, trabalhou nas turmas da Escola Classe , sete escritores e suas respectivas obras literárias: “Dó, Ré, Mi, Dormir” – 1º Ano – da autora Hozana Costa; “Tô fraca, tô fraca” – 2º Ano – de Rose Costa; “Venha conhecer o Brasil” – 3º Ano –  de Álvaro Modernell; “Brasília e o sonho encantado” –  4º Ano – de Alexandre Parente; O terror no Minecraft –  5º Ano –  de Alexandre Lobão e Cida Chagas; e “O pescador de histórias” –  5º Ano – de Eraldo Miranda.

“Foi um sucesso absoluto. Nesta edição da mostra literária, trabalhamos com o tema ‘polinizando sonhos’. E por que falar de abelhas? Porque a gente acredita que os escritores são como as abelhas, assim como os professores: disseminam o ‘pólen’ da ventura, do encantamento, da diversão, da fé, da esperança e do amor que alimenta os sonhos nos corações de nossas crianças. O escritor e o professor acreditam no poder transformador da nossa sociedade por meio da leitura, da educação e do encantamento. Por isso que tratamos essa questão de polinizar, disseminar a cultura, a literatura, sobretudo, a arte”, conta a professora e supervisora Hozana Costa.

Na abertura oficial, a mostra valorizou os talentos da própria escola com a abertura oficial da diretora da escola e uma apresentação do Hino Nacional feita pelas professoras Gileade e Rosilene Hertel (vice-diretora), juntamente com os estudantes Nicolas Cruciol, que tocou a flauta transversal, e Davi Araújo.

Hozana conta que desde 2015 a EC 12 de Taguatinga realiza a mostra literária no seguinte formato: os professores escolhem as obras de autores e, por intermédio de Hozana, que pega as obras por consignação com a Arco-Íris – Distribuidora de Livros na 509 Sul. Os professores escolhem os livros por ano e pela temática.

 

A execução do método e a realização da mostra

“Como temos cinco turmas de 5º Ano, e para o autor não ficar assim com uma turma muito cheia, foram escolhidos dois livros. Os professores trabalham desde a capa, instigando a curiosidade das crianças. Leem a história. Trabalham a temática e aprofundam, fazendo os estudantes mergulharem naquele livro que aquele autor escolhido escreveu: por que ele escreveu aquele livro, qual a sua temática. Os professores trabalham diversas disciplinas a partir de um livro”, explica.

 

 

Ela diz que a base é a Língua Portuguesa, mas, tudo acontece, incluindo aí o envolvimento das demais disciplinas, de acordo com o tema. “Este ano, por exemplo, tivemos a obra “Tô fraca, Tô fraca”, da autora Rose Costa. Fala da história da galinha d’Angola . Mas, por trás dessa história, as crianças puderam trabalhar a questão da escravidão. O porquê da escravidão. Na história da Rose Costa, a autora diz que o ‘tô fraca’ é um grito de liberdade. E assim ela mostra que a gente precisa de dar o grito de liberdade todas as vezes que a gente se sentir oprimido, subjugado, então, é um trabalho riquíssimo que envolve artes, língua portuguesa, ciências, história geografia”, conta.

Ela informou que este ano a escola adotou também o livro “Venha conhecer o Brasil”, de Álvaro Modernell, que fala de todas as regiões, culinária, vegetação, relevo etc. de uma forma lúdica, de uma forma leve e atraente para as crianças entenderem e se interessarem pelo assunto.

 

Hozana Costa também é autora de um dos livros adotados, o “Dó, Ré, Mi, Dormir”, indicado para crianças pequenas, até 1º Ano. “É uma temática bem gostosa, lúdica também, que traz as notas musicais para que o professor, a família apresentem para as crianças as notas musicais e brinquem com as crianças com as sonoridade, com as vozes dos animais. É uma obra que enseja o estreitamento dos laços de afetividade entre família e criança, entre professor e criança, ou parente. Para contação de história para crianças, ela é um aconchego, uma expressão de amor“.

A mostra literária é uma atividade pedagógica que envolve toda a escola, não só professores(as) e estudantes, mas também  funcionários e pais, mães e responsáveis. “Desde o pessoa terceirizado da portaria, dos pais e mães e das equipes de apoio até os professores, estudantes, diretoria, todo mundo se envolve para que essa culminância da mostra literária se realize.

“É um trabalho fantástico. As famílias ajudam as crianças. A gente procura passar tarefas para casa, a partir do livro, que envolvam as famílias para que elas também mergulhem nesse mundo literário e passem a valorizar mais a questão da leitura, da literatura, e, o mais importante de tudo: estreitar os laços familiares. Quando um pai, quando uma pessoa se senta com uma criança para ler uma história, contar uma história, ela está estreitando laços. Ela está curando feridas, mágoas etc. através da literatura. Pela literatura a gente pode tratar de assuntos diversos sem que a criança perceba que ela está vivenciando aquilo, é o personagem que está vivendo aquilo. A literatura é mágica!”, conclui a professora.

Mostra literária: 7 anos fazendo história na EC 12

Hozana Costa, professora e supervisora pedagógica da EC 12, conta que começou a trabalhar nessa escola no fim de 2014 e, em 2015, iniciou, com a equipe da unidade, o projeto da Mostra Literária porque tinha essa experiência adquirida em outro lugar. Só que era em outro formato.

“Como eu já conhecia alguns escritores, eu quis convidá-los a adotar os livros desses escritores na nossa escola e trazer o escritor pessoalmente para que os professores e os estudantes tivessem essa experiência de conhecer o escritor pessoalmente, saber sobre a sua produção, como funciona o seu processo de criação e, sobretudo, as pessoas poderem perceber que o escritor é uma pessoa comum, assim como qualquer um de nós. Acredito muito nisso e acho que isso traz empoderamento para as nossas crianças”, diz a professora.

“A gente, quando era criança, achava que um autor, um escritor, era alguém inatingível, uma pessoa que a gente jamais iria conhecer pessoalmente. Tem crianças que até pega na gente para saber se o escritor é de carne e osso, se ele é de verdade”, afirma.

O primeiro projeto aconteceu em 2015. Naquele ano o renomado escritor Jonas Ribeiro visitou a escola e, de lá para cá, todo ano, a escola começou a trazer escritores nas edições do projeto. “Daí eu acabei me tornando escritora e conheci os autores do Instituto Casa de Autores, de Brasília”, conta. Antigamente, o ICA tinha autores somente de Brasília, mas, hoje, já há autores de outros estados.