50 senadores aprovam reforma trabalhista e jogam o Brasil na “idade das trevas”

Nesta quarta-feira (12), o Brasil amanhecerá mais pobre, mais desumano e mais infeliz. É que com 50 votos favoráveis e 26 votos contrários, os senadores aprovaram a reforma trabalhista (PLC 38/2017), rejeitaram todas as emendas e, agora, o texto-base segue para a sanção presidencial.
Com isso, um governo federal ilegítimo começa a desmontar a legislação que regeu, regulou e humanizou as relações trabalhistas que prevaleceram no Brasil desde 1943, quando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi sancionada para combater o subemprego, os baixos salários, as longas jornadas e as condições precárias de trabalho e a completa falta de direitos trabalhistas a que a classe trabalhadora era submetida desde a descoberta do Brasil até meados do século XX.
A aprovação do texto-base da reforma exigida pelos empresários e mercado financeiro estava prevista para acontecer na manhã desta terça-feira (11), mas só ocorreu no início da noite porque cinco senadoras da oposição ao governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), autor da proposta que retira direitos trabalhistas e impõe o negociado sobre o legislado, ocuparam a Mesa do Plenário e durante 8 horas seguidas permaneceram ali , impedindo o desmonte das leis de proteção ao trabalhador.
Gleisi Hoffmann (PT-PR), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Fátima Bezerra (PT-RN) e Regina Sousa (PT-PI) tentaram barrar ao maior roubo de direitos trabalhistas já visto no Brasil nos últimos 74 anos, quando a CLT foi sancionada pelo presidente Getúlio Vargas. Contudo, apesar das denúncias e da resistência, os senadores que apoiam e praticam essa agenda neoliberal conseguiram reverter a situação.
Do lado de fora e em frente ao Congresso Nacional, lideranças sindicais e dos movimentos sociais faziam pressão. Durante o dia, realizaram uma passeata pela Esplanada dos Ministérios e concentraram as atividades de protestos em frente ao Congresso. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) Brasil tentou assegurar a entrada dos sindicalistas nas galerias do Plenário do Senado com o ingresso de um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o Supremo acatou em parte e não autorizou a entrada das representações da classe trabalhadora à Casa do Povo. A pressão se concentrou no gramado.
Representantes do alto empresariado nacional e internacional e do mercado financeiro, os políticos ignoraram as grandes mobilizações nacional contra esta reforma e a reforma da Previdência. Comprometidos com esses setores da economia, jogaram duro para aprovar essa e as demais reformas em curso. Valeu de tudo, principalmente, contrainformação por meio da mídia. Nesta terça, em razão da resistência das senadoras, ameaçaram realizar a votação à revelia dos parlamentares que votaram contra, em outra dependência do Congresso Nacional.
O impasse começou por volta do meio-dia. O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, interrompeu a sessão que estava sendo presidida pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN) e, bastante irritado, arrancou o microfone da lapela do vestido da senadora e anunciou que a sessão estava suspensa “até que eu volte ocupar a cadeira da presidência”.
Imediatamente, a TV Senado interrompeu a transmissão ao vivo do Plenário e passou a transmitir uma reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esporte.  Do lado de fora do Congresso Nacional, centenas de trabalhadores e trabalhadoras, sindicalistas e lideranças de movimentos sociais protestavam contra a reforma.
Importante lembrar que em todas as audiências públicas foram palcos de apresentação de estudos e pesquisa sérios sobre reforma trabalhista, nos quais especialistas de universidades federais públicas, institutos de pesquisa, Ministério Público do Trabalho (MPT) e de todas as instituições respeitadas que analisam e estudam a economia e as relações de trabalho do país, como o Dieese, Diap, e até mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU), afirmaram, insistentemente, que esta reforma irá trazer drásticos prejuízos para a população brasileira, sobretudo para as mulheres e as gerações futuras.
Sem nenhuma interlocução com a população trabalhadora, os senadores avançam no projeto neoliberal e na agenda negativa que desmonta a Nação, desconstrói a Constituição Federal e demais legislações que protegem os trabalhadores do país das relações escravocratas e impõe um retrocesso de mais de dois séculos às relações de trabalho brasileiras.
Durante a votação, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e presidente nacional do PT, que resistiu ao longo de toda a tarde na Mesa da Presidência do Senado, impedindo a votação da reforma trabalhista, fez um discurso duro aos senadores logo que a sessão foi retomada pelo presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
“A maioria aqui é empresário, tem dinheiro. Os senhores deveriam se envergonhar do que estão fazendo”, disse. E continuou: “É vergonhoso o que estamos vivendo, que Deus nos perdoe e o povo brasileiro também pelo que estamos fazendo aqui. E tenho certeza que o povo dará sua resposta nas urnas”, afirmou.
Gleisi lembrou que os parlamentares aliados ao governo “já rasgaram a Constituição e agora querem acabar com os direitos dos trabalhadores”. Eunício Oliveira, senador pelo PMDB e empresário agropecuarista e eleito no Estado do Ceará com campanha financiada por várias construtoras deixou o Plenário por mais de 4 horas no escuro e sem microfones, repetindo a velha postura já vista no período inicial da ditadura instituída em 1964.
A reforma trabalhista do interesse dos empresários prosseguiu para votação das emendas, as quais foram todas rejeitadas e seguiu para a sanção do presidente ilegítimo Michel Temer, primeiro presidente da República do Brasil prestes a ser preso por crime comum.
Confira aqui os prejuízos que esta reforma irá trazer para a classe trabalhadora brasileira:
Classe trabalhadora de luto: assassinaram nossos direitos
OIT condena Reforma Trabalhista brasileira
Confira fotos da manifestação contra a reforma trabalhista na Esplanada dos Ministérios nesta terça (11):
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