20 de novembro | Igualdade, resistência e respeito

Em 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares foi emboscado, torturado e morto. Sua cabeça e mãos foram decepadas e seu corpo exposto em praça pública. Protagonista de uma história de luta e resistência, Zumbi lutava pelo o que infelizmente ainda não conquistamos hoje. A data de sua morte é um marco de um povo que sempre lutou e luta pela igualdade.

Dandara dos Palmares, esposa de Zumbi e mãe de seus três filhos, teve papel fundamental na construção e no comando do quilombo dos Palmares, símbolo da resistência contra o regime escravagista brasileiro. Impulsionada pela dor, sentida em sua própria pele, Dandara liderou negros e negras à resistência. Mulher preta e guerreira, ela vive em todas as pessoas que lutam pela liberdade.

Hoje é dia de relembrar a história do povo preto e questionar a herança escravagista e o racismo impregnado na sociedade brasileira. A filósofa afroamericana Angela Davis nos traz uma reflexão importante “Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”. Ser antirracista é fundamental.

Segundo Márcia Gilda, ativista e coordenadora da Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro, a luta antirracista é uma luta de todos e todas negras e não negros. “Uma sociedade livre do racismo é aquela que formula e emprega políticas públicas de reparação e inclusão da população negra em todos os espaços da sociedade, inclusive nos espaços de poder. Isso pressupõe um princípio básico da Democracia”. Afirma Gilda.

                                                                  (Ilustração de Dandara dos Palmares)

Realidade

Em 2019, os negros representavam 77% das vítimas de homicídios no Brasil, com uma taxa de 29,2 por 100 mil habitantes. Entre os não-negros, a taxa foi de 11,2 para cada 100 mil, o que significa que o risco de um preto ou preta ser assassinado é 2,6 vezes superior ao de uma pessoa branca. Os dados são do Atlas da Violência 2021.

Apesar de negros e negras serem maioria nas universidades públicas (50,3%), os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que ocupam apenas 30% dos cargos de liderança no país. Pessoas pretas recebem, em média, 8% a menos do que profissionais brancos exercendo as mesmas funções de liderança. Essa é a realidade de um país dominado pelo racismo estrutural.

A desigualdade racial se perpetua nos indicadores sociais da violência ao longo dos anos. Uma realidade dura, e sentida todos os dias pelos milhares de pretos e pretas que vivem em nosso país. Mesmo depois de 134 anos desde a abolição da escravatura, não foram criadas condições para que a população negra fosse inserida com dignidade e respeito na sociedade. Pelo contrário, o que se vê é o aumento do racismo “velado” e enraizado nas estruturas sociais, econômicas e políticas do país.

O racismo está aprofundado em nossa cultura, escolas, Justiça, universidades, no governo e nas ruas. É tão arraigado que, muitas vezes, nem nos damos conta de como as políticas e instituições favorecem desproporcionalmente alguns em prejuízo de outros. Por isso, “não ser racista” não é suficiente para eliminar e combater a discriminação racial. Não basta simplesmente afirmar “Eu não sou racista!”, mas assumir a luta contra um sistema cruel às pessoas de cor. Ser antirracista é a escolha consciente de tomar um lado, defender uma posição e se envolver em ações que apoiem e contribuam ​​à igualdade e a liberdade de todos e todas.

 

Lançamento – Caderno  É preciso ser antirracista

Em homenagem ao Dia da Consciência Negra, a Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF lançará no dia 29  de novembro o caderno É preciso ser antirracista. O lançamento do material será às 19h, no auditório Paulo Freire na Sede do Sinpro-DF, localizada no SIG.

O caderno foi produzido como apoio às práticas pedagógicas de enfrentamento e combate ao racismo na escola, e traz informações importantes e diversas sugestões para se trabalharem essas temáticas dentro das salas de aula, nas diversas disciplinas.

O evento terá a participação dos três autores – professores Adeir Ferreira Alves, Aldenora Conceição de Macedo e Elna Dias Cardoso- e da coordenadora da Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF, Márcia Gilda.

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