12 de novembro: Dia do Gestor e da Gestora Escolar

Neste domingo (12), o Sinpro comemora o Dia do Gestor e da Gestora Escolar e parabeniza a todos(as) os(as) gestores(as) da rede pública de ensino do Distrito Federal, alertando que, mais do que um dia comemorativo, a data é também um momento para reflexão sobre os desafios do ofício de gerir uma escola pública. Este ano, o sindicato apresenta a importância de uma Lei de Gestão Democrática, discutida no Conae Distrital, entre 9 e 11 de novembro, capaz de assegurar autonomia, corresponsabilidades e participação democrática na gestão das escolas e do sistema educacional do DF.

Maria Irene Lino de Carvalho, a pedagoga e professora de Atividades, gestora da Escola Classe 419 de Samambaia, diz que há muitos desafios na gestão de uma escola da rede pública de ensino do Distrito Federal. “São muitos os desafios, mas eu aponto que o principal deles, na atual conjuntura, é o fato de nós não atendermos todos os alunos que vêm até nós em busca de matrícula, haja vista que há um déficit muito grande de escolas no DF. Há muito tempo não se constrói escolas na capital do País, principalmente em Samambaia e a nossa realidade é cruel”, define a diretora.

Há 12 anos, Irene atua como gestora  e, há três décadas está na rede pública de ensino do DF. Segundo ela, “atualmente, estamos no meio de duas escolas em construção, a Escola Classe 415 e a 425, com isso, o fluxo de estudantes que migrou para o 419 é gigantesco. Estamos com salas superlotadas, acima da capacidade e dói no coração ter de falar não para algumas famílias porque a gente não tem vaga. É terrível ter de falar não. Mas, infelizmente, é uma realidade bem cruel”.

Irene considera a gestão democrática a garantia da realização de uma boa gestão. “Quando a gente é eleita, e agora, dia 25 de outubro, aconteceu uma eleição para diretor e vice-diretor, nós também, nesta eleição, conseguimos eleger também o Conselho Escolar, que são 13 conselheiros que ajudam a dirigir a escola. Têm o papel de sugerir e fiscalizar para que a gestão democrática aconteça de forma transparente é fundamental que haja esses servidores e pessoas da comunidade escolar”, afirma.

Para ela, a “gestão democrática é um instrumento de extrema importância porque é onde professores, pais de alunos e demais funcionários têm vez e voz e o poder de estar dentro da escola nos ajudando a tomar decisões, assim como o Conselho Escolar”. Ela considera a luta do sindicato fundamental para isso. “Se não fosse a luta do Sinpro no DF em prol da gestão democrática, hoje, não a teríamos. Foi muita luta do nosso sindicato em gabinetes com deputados, eu estive em vários desses encontros, buscando apoio para que fosse aprovada a lei de gestão em 2012. A luta do Sinpro em prol da gestão democrática, para mim, é algo extremamente importante”.

Desafios diários

Os desafios de um gestor na rede pública de ensino no Distrito Federal, na opinião de Jacy Braga Rodrigues, professor de geografia e gestor eleito desde 2019 no Centro de Ensino Médio Setor Oeste na Asa Sul, são monstruosos e grandes. “Passam pela estrutura física, pela gestão de pessoas, pelos desafios pedagógicos. O gestor tem de ser uma pessoa multifacetada e com várias competências e habilidades para lidar no dia a dia com os desafios que a educação pública nos colocam”, afirma.

“Apesar de sermos uma cidade nova, temos uma rede um tanto quanto envelhecida por falta de cuidados ao longo dos anos de uma manutenção periódica e sistemática de nossas escolas. Esse é um desafio enorme. Nós temos tido, também recentemente, crises e falta de aulas em várias escolas do DF por causa da estrutura física da própria escola. Esse é um grande desafio manter uma estrutura física funcional, funcionando, adequada para todos, principalmente para nossos estudantes, confortável para o processo ensino–aprendizagem”, afirma Braga.

Ele diz que, quanto à gestão de pessoas, esse é outro desafio. “É sempre complicado numa escola, por menor que ela seja, você estará lidando, diariamente, com duzentas, trezentas pessoas e isso representa um desafio imenso quer seja pela singularidade de cada uma das pessoas quer seja pelo desafio que é ter uma gestão que junte todas essas pontas. Assim, o desafio na gestão de pessoas, sejam eles os nossos alunos, comunidade, trabalhadores da escola, professores, é diário e tem de ser um desafio no sentido da construção de um projeto de educação e não é somente gestão de pessoas, gestão de caixinhas e sim uma gestão em que o gestor tem de juntar todas essas pontas para entregar um processo de ensino – aprendizagem avançado, eficiente e eficaz”.

Sobre a gestão pedagógica, avalia que essa é outra ponta do conjunto de problemas. “O desafio da gestão da qualidade, ou seja, a gestão pedagógica. Em que pese termos a elaboração dos nossos Projetos Político-Pedagógicos, ele está apenas no papel. Colocá-lo na prática, para andar, é sempre um desafio enorme, o qual o gestor tem, diariamente, de enfrentar no sentido da construção de uma escola pública democrática, eficiente, que entregue uma educação de qualidade para nossos estudantes, e esse tem de ser o nosso principal objetivo. Para que existe escola? Escola existe para satisfazer as necessidades de aprendizagem da nossa comunidade, de nossos estudantes e tem de ser uma educação libertadora, democrática, emancipadora, que enfrente os desafios colocados pela sociedade brasileira”, afirma.

Para ele, um dos principais atributos da gestão democrática é partilhar os problemas para construir uma solução conjunta. “Não adianta o gestor trazer para si todos os problemas do interior da escola porque ele ou ela não irá conseguir resolver sozinho. Acho que trazer o problema para que a solução seja construída por todos é uma grande colaboração da gestão inclusive porque traz a participação dos vários segmentos que formam a escola. Sou diretor de uma escola de Ensino Médio, então, aqui tenho a participação efetiva dos meus estudantes, que já são cidadãos e cidadãs, que já participam efetivamente do processo de democracia do País, estão à beira de definirem a sua profissão e seguirem para uma universidade e eles e elas participam desse processo porque as decisões terão consequência para sua vida escolar e para sua vida de aprendizagem. Você envolve a comunidade escola sejam eles os estudantes, pais, mães e responsáveis, corpo docente e trabalhadores. A gestão democrática tem a capacidade de dividir o problema com todos que estão no ambiente daquela comunidade escolar para construir uma solução para os problemas e desafios”, finaliza.

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