A luta não para
Em todo o Brasil, neste dia 11 de julho, os trabalhadores mobilizaram-se com suas reivindicações. Greves, paralisações e manifestações responderam ao chamado da CUT e demais centrais sindicais, exigindo do governo federal, do Congresso nacional e dos patrões:
– Acabar com o PL 4330 da “terceirização”
– Que as reduções de tarifa do transporte não sejam acompanhadas de qualquer corte dos gastos sociais;
– 10% do orçamento da União para a saúde pública; 10% do PIB para a educação pública, “verbas públicas só para o setor público”;
– Fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias;
– Redução da Jornada de Trabalho para 40 horas sem redução de salários;
– Reforma Agrária;
– Suspensão dos Leilões de Petróleo.
Pauta unitária à qual diferentes setores somam reivindicações específicas. Movimentos populares e jovens também se juntam às mobilizações com suas demandas.
A luta não vai parar neste 11 de julho, novas mobilizações certamente virão. É o momento de unir as fileiras da classe trabalhadora e do povo para avançar na conquista das reivindicações e da verdadeira democracia.
Com as manifestações de massa puxadas pela juventude em junho, quando milhões ocuparam as ruas em todo o país, revelou-se o fosso que há entre o povo e as atuais instituições políticas. Já não era sem tempo que a classe trabalhadora ocupasse o cenário, pois apenas dela pode vir uma saída positiva para a situação.
O atendimento das reivindicações exige do governo Dilma que deixe de destinar bilhões para o Superávit primário, para pagar dívidas a banqueiros e especuladores; que pare de conceder bilhões aos empresários com isenções de impostos, créditos públicos subsidiados e desoneração da folha do INSS e passe a usar esses recursos na Saúde e Educação públicas, na estatização dos transportes, na Reforma Agrária, na retomada do petróleo para a nação.
Plebiscito sim, por uma Constituinte!
Em 24 de junho a presidente Dilma fez a proposta de um Plebiscito por uma Constituinte que fizesse a reforma política. Mas, um dia depois recuou, pois seu vice Temer do PMDB, “aliado” principal do PT no governo de coalizão, foi contra.
Sobrou a ideia de um Plebiscito sobre a reforma política, cujas questões seriam decididas pelo Congresso, o mesmo que, abalado pelas manifestações, pretende agora retomar o controle da situação.
Quem pode acreditar que os atuais deputados e senadores possam fazer uma reforma política contra seus próprios privilégios? Quais serão as questões que irão a plebiscito, se depender do Congresso, cuja maioria inclusive é a favor de um referendo (consulta posterior sobre um “prato feito”)?
Recordemos que em julho de 2012, a CUT adotou uma resolução no seu 11º congresso nacional que defendia “uma verdadeira reforma política”. Ela afirmava que “a relação de forças no atual Congresso Nacional bloqueou até mesmo a tímida reforma eleitoral que se discutia, o que coloca em pauta a questão da convocação de uma Assembleia Constituinte Soberana que dê a palavra ao povo brasileiro, como instrumento que supere os obstáculos levantados pela classe dominante a qualquer transformação de fundo no nosso país.” (página 20 do Caderno de Resoluções do 11º CONCUT)
Sim, o que o Brasil precisa é de transformações de fundo, que protejam a nação da crise capitalista mundial e das pressões do imperialismo para jogar seu custo nas costas dos povos.
Um começo seria atender a pauta dos trabalhadores deste Dia Nacional de Luta, numa sinalização de mudança de rumos por parte do governo Dilma que teria o apoio da esmagadora maioria do povo.
Mas para ir até o fim, é preciso avançar na construção de instituições democráticas, liquidando o entulho que vêm da ditadura militar, numa verdadeira reforma política que só pode ser feita, como dizia a resolução adotada no último CONCUT, por uma Constituinte soberana, com deputados eleitos em lista para uma assembleia unicameral (sem Senado), sem financiamento privado, com regras proporcionais (uma pessoa, um voto) e plenos poderes!
Escrito por: Júlio Turra, diretor executivo da CUT Nacional