UnB ajudará 700 mil pessoas a voltar para a escola

Cerca de um quarto da população do Distrito Federal não concluiu o ensino médio. São quase 700 mil pessoas com mais de 15 anos que abandonaram a escola e precisam trabalhar para garantir a sobrevivência. Iniciativa inédita vai garantir que esse contingente volte a estudar e, ao mesmo tempo, seja inserido no mercado de trabalho.

A Universidade de Brasília participa de um dos nove grupos de pesquisa que vai integrar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o ensino profissionalizante no DF. Atualmente, o estudante precisa terminar o ensino médio antes de ingressar em um curso técnico. O projeto propõe estudo simultâneo para favorecer esses alunos e evitar a evasão escolar.

O trabalho começou em 2007, em caráter experimental, e agora os pesquisadores vão firmar parceria para consolidar e implementar as atividades. O termo de cooperação entre a UnB, a Secretaria de Educação, a Secretaria de Ciência e Tecnologia e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília será assinado até o fim de maio. “Vamos institucionalizar a política de integração entre a EJA e o ensino profissionalizante”, afirma o professor da Faculdade de Educação e coordenador do projeto na UnB, Remi Castioni.

“É uma nova concepção de educação. O aluno adquire conhecimentos com potencial para serem aproveitados na ocupação profissional futura”, explica Castioni. No Brasil, setenta milhões de pessoas têm mais de 15 anos e não concluíram o ensino médio, o que representa um terço da população.

“Há uma questão de sustentabilidade. Para esses alunos, o trabalho é fundamental e eles não podem perder tempo. É muito importante eles terem o ensino médio e profissionalizante simultaneamente”, aponta a pesquisadora Maria Luiza Angelim, também professora da Faculdade de Educação.

NA PRÁTICA – A primeira iniciativa começou em 2007, com o projeto ProEja Transiarte, em Ceilândia. Alunos do Centro de Ensino Médio 3 fazem têm aulas profissionalizantes no Centro de Educação Profissional de Ceilândia. Uma das disciplinas é a Ciberarte I, criada no início deste ano para atender 22 alunos.

Os estudantes desenvolvem trabalhos artísticos digitais, como vídeos, desenhos, fotografias manipuladas digitalmente e sons. Tudo fica disponível no Portal Interativo do projeto. O professor e pesquisador Lúcio Teles criou o conceito de “transiarte”, que deu base à iniciativa.
“É uma expressão artística virtual e, ao mesmo tempo, um aprendizado na área de tecnologia”, esclarece Teles. “O aluno também aprende habilidades técnicas e esse conhecimento pode ser aproveitado num curso profissionalizante de webdesign, edição de vídeo.”

A dona de casa Aurora Ferreira Pires, de 58 anos, aprovou a ideia. “Pra mim, computador era um bicho papão, tinha medo de chegar perto”, diz a estudante do CEM 03. “Estou amando o curso e quero continuar estudando. Já sei desenhar, navegar na internet.”

Darlene Santiago – Da Secretaria de Comunicação da UnB