Sinpro e comunidade escolar exigem suspensão do falso Escola de Tempo Integral

Pais e mães de estudantes, parlamentares, Sinpro-DF, Conselho de Direitos Humanos do Distrito Federal, Conselho Tutelar e representantes da comunidade escolar reuniram-se, na manhã desta segunda-feira (26), com o secretário de Educação do DF, Júlio Gregório, e outros representantes do Governo do Distrito Federal (GDF), para exigir a suspensão imediata do projeto Escola de Tempo Integral, o qual reestrutura o atendimento das Escolas Parques em 2017.
O governo Rodrigo Rollemberg, do PSB, pôs esse projeto em curso, de forma açodada e autoritária, em 17 escolas públicas do Plano Piloto, incluindo aí as cinco escolas parques, as quais não têm nenhuma estrutura física, pedagógica e nem número suficiente de professores (as) para receber o tal projeto e nem partilha da concepção de educação dessa proposta esdrúxula do governo federal. Além do mais, embora tenha no seu título a palavra “integral”, o Escola de Tempo Integral não irá oferecer educação integral, e sim educação em tempo integral.
Trata-se de um plano reformista do governo federal que desconstrói completamente o projeto pedagógico do educador Anísio Teixeira e adotado com sucesso na rede pública de ensino do DF desde a fundação de Brasília. Com o Escola de Tempo Integral, o governo Rollemberg parece ter começado a trabalhar para destruir completamente as Escolas Parques até mesmo com a exclusão de cerca de 80% do seu corpo discente (ou seja, seus/suas estudantes).
É assim que o GDF prepara um prejuízo sem precedentes para a educação pública da capital do país em 2017: cerca de 80% dos/as estudantes atendidos/as pelas escolas parques ficarão de fora delas. E mais grave é que pretende implantá-lo sem nenhuma discussão com a comunidade escolar e de forma vertical e apressada .
Atualmente essas escolas complementam a educação das escolas classes e atende a 12 mil crianças. Com o projeto açodado do governo Rollemberg, esse número vai cair porque as escolas parques passarão a atender somente crianças do primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
A comunidade escolar, pais e mães, professores/as e outros/as afirmam que o GDF não apresentou claramente os critérios de escolha e nem estudos de vulnerabilidade social, estatísticas ou dados que embasassem os motivos da mudança. O fato é que a decisão exclui mais de seis mil estudantes do acesso às escolas de artes plásticas, artes cênicas, educação física e música.
E ainda pior, o Escola de Tempo Integral fere duas legislações (a própria resolução do Ministério da Educação (MEC) que implanta esse projeto e a lei da gestão democrática) e afeta o cotidiano de 12 mil famílias de crianças e adolescentes que estudam no Plano Piloto, Cruzeiro e Varjão.
As escolas parques do Plano Piloto são uma rede especializada que, com o modelo atual, atende a estudantes de todo o DF. Não é de hoje que este governador quer acabar com a educação pública do DF. Tentou acabar com a gestão democrática para implantar as Organizações Sociais, está interferindo seriamente nos repasses do PDAF, tem deixado a categoria docente com salários pendentes. Enfim, tem criado um problema atrás do outro para privatizar a educação pública e promover a maior exclusão educacional da história do DF.
A diretoria do Sinpro-DF destaca a falta de diálogo e alerta para o fato de o projeto esdrúxulo estar sendo imposto de forma açodada e nervosa. Lembra também que o Conselho de Educação não se manifestou sobre esse projeto que modifica completamente e de forma equivocada a estrutura da escola, a forma de trabalho, o projeto de Anísio Teixeira. “Entendemos que é um grande retrocesso porque esses/as estudantes deixarão de ter esse atendimento que é fundamental e importante para sua formação cidadã, intelectual e pedagógica”, afirma Polyelton de Oliveira, diretor do sindicato.
Ele lembra que a discussão que se tem de fazer não é essa de que o Plano Piloto é uma Regional privilegiada por ter escolas parques, e sim sobre a falta de planejamento da Secretaria de Estado de Educação (SEEDF) em não promover políticas públicas de valorização desses espaços e a construção desse tipo de escola nas demais regionais de ensino como prevê o projeto pedagógico da rede pública do DF.
Com o Escola de Tempo Integral, o GDF retira a oportunidade dessas crianças, que serão excluídas das escolas parques, de terem um contato com profissionais especializados e capacitados para atender às quatro linguagens: educação física, artes plásticas, artes cênicas e música.