Sinpro abre Semana de Valorização do Serviço Público com ato no Hemocentro

Professores(as) e pedagogos(as)-orientadores(as) educacionais concursados e não convocados pelo Governo do Distrito Federal (GDF) inauguraram a Semana de Valorização do Serviço Público, na manhã deste sábado (21), com um ato de solidariedade e amor em favor da população do Distrito Federal. Eles e elas foram ao Hemocentro de Brasília para doar sangue.
“São concursados de 2013, 2014 e 2016 que, num gesto de carinho à comunidade do DF, doaram sangue. Esse gesto serve não só para demonstrar esse carinho que o servidor público tem com a cidade, mas também para sinalizar de que é preciso fazer mais pela cidade. Hoje, os serviços públicos em todos os setores essenciais e primordiais para a população estão gravemente precarizados e um dos motivos disso é justamente a falta de contratação de pessoal para suprir as vagas deixadas pelos aposentados e pelos falecidos, mas também pelo aumento natural da demanda”, informa Cláudio Antunes, diretor da Secretaria de Imprensa do Sinpro-DF.
A Secretaria de Estado da Educação (SEEDF) é um dos órgãos públicos que precisam urgentemente repor a mão de obra. Confira depoimentos de diretores e concursados sobre essa situação:
“Aqui na educação estamos com uma carência de mais de três mil professores nas escolas públicas e de mais de 800 orientadores educacionais para atender a uma rede de ensino que tem meio milhão de estudantes. Precisamos valorizar a comunidade escolar e essa valorização só irá acontecer pelo fortalecimento do serviço público no DF que, com essa população de mais de dois milhões de habitantes e um número inferior ao que necessitaria de servidor para atende-la, sobretudo na educação, que é o primeiro atendimento que um o ser humano tem para sua formação e cidadania”, Cláudio Antunes, coordenador de Imprensa do Sinpro-DF.
Os(as) concursados(as) modificaram, portanto, a característica de suas manifestações, trazendo para a abertura da Semana de Valorização dos Serviços Públicos um gesto de solidariedade com doação de sangue. “Estamos aqui abrindo essa agenda de valorização, cobrando do governador Rollemberg as nomeações dos professores e dos orientadores educacionais”, afirmou o diretor.
Para a coordenadora da Secretaria de Mulheres do Sinpro-DF, Vilmara Pereira do Carmo, “a ação deste sábado, no Hemocentro, é mais do que um gesto de solidariedade com a sociedade brasiliense, e, sim, é um protesto porque o governo Rollemberg não cumpre a lei distrital que prevê que cada professor que se aposenta tem de ser contratado um novo professor, uma nova professora, e essa lei não está sendo cumprida”.
Vilmara diz ainda que o GDF já registra mais de três mil professores aposentados de 2015 até agora e não teve nem 10% de contratação para repor essa mão de obra. “Estamos aqui com um conjunto de professores concursados que montaram uma comissão para exigir a nomeação que o governo não está cumprindo. Até porque estamos tendo na rede pública de ensino um número muito grande de contrato temporário que não estão lá para cumprir a função do contrato temporário porque a função do contrato temporário é substituir o professor concursado que está com problema de saúde, que esteja de licença-prêmio – que, por sinal, não estamos tendo o direito de usufruir –, substituir professores que estão em cargos de gestão. Isso não está acontecendo porque eles estão atuando nas vacâncias de professores concursados que estão à espera de nomeação”.
Letícia Vieira Bento, diretora de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF, informa que o ato no Hemocentro uma atividade que integra um conjunto de ações que o sindicato está realizando na Semana de Valorização do Serviço Público. “Nada mais justo do que estar aqui com os futuros servidores públicos que estão aqui aguardando a nomeação dos concursos de 2013, 2014, 2016, uma vez que agora o governador já pode fazer as nomeações porque o DF não está mais dentro dos limites prudenciais da Lei de Responsabilidade Fiscal”. E diz ainda que, “para além disso, a doação de sangue dos concursados é um gesto de amor que pode significar a vida de muitos. Unindo tudo isso vale a pena estar aqui e considero muito importante tudo isso que o Sinpro está fazendo”.
Sílvia Canabrava, coordenadora da Secretaria para Assuntos dos Aposentados do sindicato, faz um paralelo entre a função de um hemocentro e a da escola pública. “O Hemocentro tem a função de coletar sangue para salvar vidas. E nós, do Sinpro-DF, lutamos pela valorização da vida e fazendo uma ligação com essa ideia, lutamos pela valorização dos serviços públicos. Por essa razão estamos aqui nessa atividade, mostrando para a sociedade em geral, a importância de se contratar professores e orientadores para desenvolver um serviço público de qualidade nas escolas, as quais, desde quando o Rodrigo Rollemberg assumiu, ele não tem feito esse papel de contratar os concursados para suprir as carências que temos nas escolas”
A diretora de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF, Jucimeire Barbosa, diz que o sindicato está aqui juntamente com os concursados na luta pelo cumprimento de direitos. “Há uma grande importância nesse ato solidário porque são pessoas que estão aqui em busca de um direito, são concursados, e que estão esperando sua nomeação, mas, de antemão, já trazem aí um olhar cuidadoso com o outro que é justamente dizer que ninguém vive só, ninguém está numa ilha e um ato solidário como este aqui, que é doação de sangue, é um ato muito valoroso até porque a gente vive num momento em que temos de despertar mais o amor e o cuidado ao outro, em razão da conjuntura”.
Considera esse ato público “um gesto muito bonito de ser ver porque mais do que lutar pelo seu direito de estar sendo convocado e nomeado, é muito mais perceber a importância que o outro tem e querer se somar a essa luta junto ao espaço da escola de uma maneira que as pessoas possam estar ali somando cada vez mais com seus alunos e toda a equipe escolar”, diz Jucimeire.
Ronaildo Rodrigues, professor de educação física aprovado no concurso de 2013, faz parte da Comissão de Educação Física diz que o grupo tem feito várias ações e, uma delas, é uma campanha que têm realizado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), em defesa do Projeto de Lei (PL) nº 903/2016, que que torna obrigatória a presença de profissional de educação física na educação básica na rede pública de ensino do Distrito Federal.
“Importante reforçar aqui a questão do PL 903/16 que fala sobre o Currículo em Movimento e que se faz importante nas séries iniciais. A gente sabe que o esporte sendo fomentado desde a tenra idade é de suma importância a longo prazo, influi na qualidade de vida. A gente gostaria de ter um diálogo mais incisivo com o governo para ter esse olhar especial com a educação física porque é uma atividade pedagógica e curricular de suma importância para o estudante e para a sociedade. Dentre os vários benefícios, elimina a violência, melhora significativamente a saúde de quem pratica e a nossa luta é que haja nomeação específica. O nosso concurso finda em junho de 2018 e até o momento não foi feita nenhuma convocação expressiva e temos enormes vacâncias na rede”
Ele disse que a comissão tem feito levantamentos e constatado que há, no momento, quinhentas carências e, hoje, há 533 professores de educação física concursados de 40 horas e 91, de 20 horas, esperando apenas a nomeação para ingressar no sistema público de educação. Já era para a gente estar atuando há muito tempo e já era para o GDF estar pensando em realizar outro concurso de professor de educação física. “E se ele puser em prática o Currículo em Movimento, que é até o 5º ano, a gente consegue zerar o cadastro, levando uma melhora significativa na qualidade do ensino público e completando com os professores que ali já estão”, disse.
Álcio Silva Costa, professor de educação física concursado, presidente da Comissão de Concursados de 2013, também participou da doação de sangue. “A gente entendeu que a doação é importante porque a gente lida com vidas. A nossa profissão é preventiva. A nossa categoria está ligada com a área da saúde porque lidamos com a prevenção de doenças, portanto, nada mais justo do que a gente fazer uma ação voltada para a sáude”.
Ele afirma que além dessa característica, o gesto de doar sangue no Hemocentro no dia da abertura da Semana de Valorização do Serviço Público também visa a chamar a atenção da população e do governo para a importância do profissional de educação física, principalmente nas séries iniciais. “Temos cerca de 600 professores no cadastro reserva aguardando uma oportunidade de fazer a diferença dentro da educação pública do DF. No dia 6 de junho de 2017 conquistamos a aprovação, na CLDF, do PL 903/16, em dois turnos. O PL foi vetado pelo governador Rodrigo Rollemberg, mas conseguimos derrubar o veto. O projeto trata da obrigatoriedade do professor de educação física nas séries iniciais”, informa.
Nataniele Cristina Soares Rodrigues, do concurso para educação física de 2013, diz que a principal exigência do grupo de concursados são as nomeações para as vacâncias existentes. “Ele insiste em falar que não há vacâncias, mas há. Só em 2017, pela quantidade de aposentadorias que ocorreram desde o início do ano até hoje, é óbvio que há vacâncias. Avalia se considerarmos as acumuladas desde 2015. Será possível que de tudo isso não tenha nenhuma aposentadoria de educação física?”
Ela reforça a tese de que o governo Rollemberg deve obedecer as leis e, dentre elas, a que trata da educação em movimento. “A aceitação desse projeto pela população é algo fabuloso, maravilhoso, tendo crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental com aulas de educação física. A gente sabe que nessa idade as crianças têm uma necessidade de se movimentar e os pedagogos, que são professores desse público, não têm a formação em educação física necessária para que possam desenvolver as principais habilidades para essas crianças e, nós, professores de educação física, somos. Isso iria trazer mais qualidade para a educação e uma forma de o GDF alocar toda essa mão de obra concursada”
Geisiane Cristina, do concurso de educação física de 2013, que também compareceu ao ato público para doar sangue, diz que o GDF precisa implantar a educação física desde as séries iniciais. “Sabemos da realidade de nossas escolas e o aumento da obesidade infantil. As crianças não estão tendo mais essa prática. A escola que adota a educação física nas séries iniciais melhora a qualidade de vida das crianças e, consequentemente, do futuro adulto. Além disso, o desenvolvimento da coordenação motora grossa e fina é uma habilidade desenvolvida pelas crianças nas séries iniciais e na educação infantil. A educação física viria contribuir com esse processo que faz parte do processo de alfabetização da criança. É ela conseguir pegar no lápis, no estojo, giz de cera e trabalhar com objetos, como caderno, livro, papel, tudo isso é fundamental. A educação física é necessária para ajudar a criança a ter o controle do seu próprio físico.
O ato reuniu também orientadores e orientadoras educacionais que protestam contra a não convocação dos concursados. Esse é um segmento da carreira do magistério público totalmente desrespeitado pelo governador Rollemberg porque dos 1.055 orientadores aprovados no concurso de 2014, o GDF só nomeou cinco. Este ano, após anunciar que o DF havia conseguido sair dos limites prudenciais da LRF. Há um processo na SEEDF para que o governo nomeie 40, mas esse processo não avança.
Esse concurso foi realizado em 2014 e homologado em maio de 2015. “E de lá para cá é essa luta, essa batalha que a gente não consegue que o GDF nomeie os aprovados. Temos feito várias atividades. O governo Rollemberg não vê a necessidade do orientador dentro das escolas e isso é nítido. Não é por causa do movimento é porque o GDF ignora a importância desse profissional nas escolas. Ele não dá nenhuma esperança para a gente”, diz Andreia Braga, do concurso de 2014 para orientador educacional.
Ela afirma que o GDF não dá informações nem sequer do processo que exige a nomeação de 40 orientadores e que a única resposta do governo é que ele está em análise. “Quando chega na governança, o processo para. A Lei Orçamentária do DF para 2017 previa a nomeação de 280 orientadores neste ano”, assegura.
Para ela, a doação de sangue neste sábado “é uma atividade política válida porque é, antes de tudo, um ato humano. As pessoas que estão aqui vieram não somente por causa do protesto, mas também por causa do gesto humano de doar seu próprio sangue para salvar vidas. Se todas as categorias fizessem isso, além de ajudar a outras pessoas, certamente eles também começariam a mobilizar o próprio governo”, acredita.
Zenilda de Araújo, orientadora educacional concursada de 2014, também vê indisposição nas atitudes do governo Rollemberg e reconhece o esforço do sindicato na luta pela nomeação deles. “A impressão que se tem é a de que o GDF desconsidera o orientador educacional. Ele ficou nesses 40 e nem esses ele nomeou. O Sinpro-DF tem nos ajudado bastante na luta pelas nomeações. A gente tem participado de todos os movimentos realizados pelo Sinpro. Mas Rollemberg está irredutível”, afirma.
Evelin dos Santos, passou no concurso de 2013 e já foi nomeada. Mas ela decidiu participar do protesto porque o marido dela é concursado, também de 2013, e aguarda a nomeação. Ambos são professores de educação física. Evelin atua no Projeto Educação por Movimento, na Escola Classe 18, do Gama.
“Este ato e esta luta é muito importante porque sabemos das necessidades e das vagas existentes nas escolas no Projeto Educação por Movimento, principalmente, que tem muitas vagas, muitas escolas ainda não o adotaram. Esse projeto precisa ser ampliado e, em consequência, precisa de novos professores no quadro. Existe um cadastro reserva e esses professores precisam ser nomeados”, disse.
Melissa Benevides é professora de atividades concursada. Espera desde 2013 ser convocada pelo GDF. Para ela, é muito importante aliar o serviço público a boas ações. “Prestar um bom serviço público é uma boa ação. Servir a população é algo bom. E a gente aliar a nossa luta pela nomeação de professores concursados com a necessidade de doação é importante”.