Ponte do Lago: sai Costa e Silva e entra Honestino Guimarães

Após ampla discussão no Plenário da Câmara Legislativa, os deputados distritais aprovaram na noite de ontem (30) o PL n° 130/2015, do deputado Ricardo Vale (PT), que muda o nome da Ponte Costa e Silva, na QI 9 do Lago Sul, para Ponte Honestino Guimarães.
A medida vem ao encontro de uma campanha deflagrada pelo Sinpro-DF e pela CNTE, intitulada “Mude o Nome da sua Escola – Ditadura Nunca Mais”. Como no caso da ponte, a intenção é incrementar um amplo movimento de mudança de nomes de escolas que homenageiam agentes patrocinadores do Golpe de 64 e os ditadores de plantão. Esse movimento busca incentivar a sociedade a rever as homenagens prestadas aos algozes do povo brasileiro que dão nomes a praças, ruas, avenidas, estádios e ginásios esportivos Brasil afora.
A troca de nomes é mais do que justa.
Após greves e protestos contra a ditadura, como a Passeata dos Cem mil no Rio, em 1968, Arthur da Costa e Silva, o segundo presidente do regime militar, baixou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que permitia ao presidente fechar o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais; suspender por dez anos os diretos políticos de qualquer pessoa; decretar estado de sítio sem qualquer impedimento, entre outras determinações.
Já Honestino Guimarães foi um líder estudantil. Estudante de Geologia, presidiu a Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília (FEUB). Em razão de sua militância no movimento estudantil, foi preso por quatro vezes. Depois de sua quarta prisão, no ano de 1973, nunca mais retornou. Seu atestado de óbito só foi entregue a família em 1996, vinte e três anos depois, e, ainda assim, incompleto: no documento, não constava a causa da morte.
Foi oficialmente anistiado apenas em setembro de 2013, quando também o seu atestado de óbito foi completado, ficando patente que sua morte ocorreu em razão de atos de violência sofridos quando estava sob custódia do Estado brasileiro.
O caso de Honestino foi objeto de investigação pela Comissão da Verdade, que apura mortes e desaparecimentos ocorridos durante a ditadura militar brasileira.