Estudantes de Santa Maria protestam contra calote do GDF na inscrição do PAS

 
20522979363_83e4cfb489_zEstudantes do CEM 404 de Santa Maria tiveram uma aula diferente na manhã nesta sexta-feira (4). Eles se reuniram – juntamente com professores(as), orientadores(as) e servidores(as) da educação – no pátio da escola, para realizar uma manifestação contra o calote promovido pelo Governo do Distrito Federal na questão da inscrição do Programa de Avaliação Seriada (PAS). Com cerca de 2 mil estudantes, a escola teve um avanço significativo de ingresso de alunos para a UnB nos últimos anos – uma conquista agora ameaçada.
Alegando falta de previsão orçamentária, o GDF disse simplesmente que não irá cobrir as despesas desses estudantes para inscrição no PAS, algo que não ocorreu nos últimos 10 anos. Vale lembrar que o custo da inscrição é de R$ 100.
O diretor de Finanças do Sinpro Luiz Alberto Gomes Miguel, presente ao ato, rebateu o argumento do GDF enfatizando que o governador Rollemberg já estava eleito quando o orçamento de 2015 tramitava pela Câmara Legislativa do DF. “Como um governdor eleito não acompanha o orçamento que ele mesmo irá gerir no ano seguinte? Tinha que saber quais eram os projetos e as prioridades, principalmente as sociais. É pelo PAS o maior ingresso na UnB de estudantes da rede pública”, disse.
Professor de Português do CEM 404, Marco Antônio Vieira da Silva vê com muita tristeza e preocupação a atitude do governo. “O GDF está penalizando de uma forma cruel e covarde uma grande parcela dos estudantes da escola pública. Isso é um crime porque é direito desses estudantes terem acesso ao ensino superior público, à UnB”. O professor destacou que o projeto político pedagógico do CEM 404 é exclusivamente voltado para o PAS e Enem. “O governo vai comprometer todo o nosso trabalho. Esta manifestação é importante pois é uma afirmação política dos estudantes, de consciência, de lutar por um direito”. Marco Antônio disse ainda que a postura do GDF segrega dentro do ensino médio quem pode ou não pagar a inscrição. “Há muitos pais e mães com dois ou três filhos matriculados. Como fazer para tirar R$ 200 ou R$ 300 de uma só vez?”, indagou. “Se este quadro não for revertido haverá, com toda certeza, um grande prejuízo não apenas para o CEM 404, mas para outras escolas e para a sociedade”.
O mesmo pensa o professor Marcos Vínicus Dutra Vicente, de Sociologia. “Isso é um calote, que pegou a todos de surpresa – estudantes, professores, família. Vejo a situação como descaso, pois a educação é um direito social e este custeamento já era realizado há dez anos. É preciso chamar a atenção da sociedade para a gravidade desse ato do GDF”, afirmou. Marcos Vinícius disse ainda que muitos estudantes estão desestindo da fazer a inscrição por não ter dinheiro e já apresentam desmotivação em sala de aula.
A situação geral pode ser resumida na fala da estudante Daniela Guimarães Matos, do 3º ano do Ensino Médio: “Minha família não tem condições de pagar os R$ 100. Infelizmente, não tenho como fazer a inscrição. Me sinto desprezada, fora da realidade”.
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