Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é momento para a reflexão de todos(as)

Em 1998, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 03 de dezembro como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. O objetivo da comemoração é provocar a reflexão sobre as questões relacionadas à deficiência e buscar a inclusão de todas e todos na sociedade, com igualdade de oportunidades e acessibilidade. Desde então essa data é comemorada e lembrada todos os anos, em todo o mundo, e se constitui em momento para reflexão e busca de novos caminhos para as lutas do segmento. Para as pessoas com deficiência, é também momento para divulgar as lutas e cobrar mais inclusão social.
A frase “Nada Sobre Nós, Sem Nós” tem sido usada por mais de 20 anos como um lema para promover os direitos das pessoas com deficiência. A Declaração de Madri (23/3/2002) é o primeiro documento internacional a trazer a frase “Nada Sobre Pessoas com Deficiência, Sem as Pessoas com Deficiência”, numa versão mais explícita do lema. Este documento internacional foi aprovado por mais de 600 pessoas reunidas no Congresso Europeu sobre Deficiência, em Madri.
Desde as primeiras movimentações civis  até a ratificação, por órgãos  internacionais, de documentos que reafirmam a necessidade de consolidação desses direitos com ativa participação das pessoas com deficiência, a implementação e vigência de leis tem sido o grande desafio, sobretudo no Brasil. São documentos como  a declaração dos direitos da pessoa com deficiência (1975) e a A Declaração de Madri (2002), que trazem com especificidade o lema na frase: “Nada Sobre Pessoas com Deficiência, Sem as Pessoas com Deficiência”.
Fernando Rodrigues é professor com deficiência visual. Ele explica a importância deste dia. “É significativo, pois precisamos mostrar para a população do que nós somos capazes de fazer. E lembrar ao poder público da nossa importância. A acessibilidade vai muito além de um piso tátil e um ônibus com elevador para cadeirante”, aponta.
Tarefas simples como ir ao banco ou pegar ônibus depende da boa vontade de terceiros. “Pouquíssimos ônibus são adaptados para o deficiente visual. Precisamos pedir para as pessoas no ponto nos avisar quando o ônibus chegar. Dependemos da boa vontade delas e também de as encontrarem por lá, senão não tem jeito. No táxi, não enxergamos o taxímetro. Ficamos à mercê do valor que o taxista diz. No banco, o número da senha para atendimento é apenas visual”, diz.
Até na própria escola que leciona, ele enfrenta problemas. “Eu não tenho um diário de classe adaptado. Ele existe, mas não está acessível para nós. Muitas vezes peço ajuda para as pessoas no diário de classe e elas recusam. Às vezes fico com receio de pedir algo para não ser rotulado como ‘chato’, ou que fica ‘sempre pedindo favor’. Não é fácil”, desabafa.
O professor faz um pedido para que “as autoridades se colocassem na nossa situação, até porque não dá para prever o dia de amanhã. A conscientização das pessoas melhorou, mas ainda temos muito o que batalhar. É isso que peço: para que as pessoas se colocassem no meu lugar, tenho que matar três leões por dia”.
Ao final, ele questiona o porquê de um profissional da educação se aposentar quando perde a visão. “Será que ele não poderia dar aula para os alunos cegos? Será que ele não poderia ser readaptado para continuar com sua vocação?”, questiona.