Trabalhadores em greve rejeitam contraproposta do governo da Holanda

O governo da  Holanda enviou uma carta nesta quarta feira (10) aos funcionários de sua embaixada no Brasil, que estão em greve desde o dia 1º de dezembro, contendo, segundo o Sindnações, uma contraproposta considerada uma afronta aos direitos dos trabalhadores. Primeiro, porque quer impor uma negociação, sem respeitar o sindicato brasileiro, que representa legitima e legalmente os funcionários. E segundo porque propõe acordo até janeiro de 2016, condicionando o seu cumprimento à não realização de greve até o final de sua validade.
“A contraproposta é inaceitável, pois afronta à livre organização e à representação legítima dos trabalhadores. Além disso, fere a legislação brasileira, que garante o direito de greve aos trabalhadores como forma de defender seus direitos e interesses. É uma contraproposta antissindical. Esse governo (governo da Holanda) mais uma vez quer coagir os trabalhadores a seguirem a legislação e os modelos de negociação da Holanda. Não tem condições dos trabalhadores brasileiros seguirem a realidade holandesa”, afirma o presidente do Sindnações Raimundo Luis de Oliveira.
Os trabalhadores rejeitaram a contraproposta patronal, que, além de estabelecer prazo de um ano sem movimento paredista para os funcionários, solicita que os trabalhadores esperem a pesquisa salarial anual do Grupo de Marcadores-GM (grupo de embaixadas que decide em conjunto as propostas de reajustes salariais para seus funcionários) prevista para fevereiro do ano que vem, com data-base retroativa a janeiro. Exige ainda que os grevistas retornem as atividades até a próxima segunda-feira (14) sem corte de ponto, mas condicionando o pagamento integral à reposição das horas paradas.
Grupo de Marcadores
No Grupo de Marcadores da Holanda estão as embaixadas dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá e União Europeia. A estratégia do grupo consiste em reajustar o salário dos trabalhadores com base na média praticada pelas embaixadas de seu grupo. O Sindnações entende que o método GM, além de não ser transparente, não funciona pois as remunerações ficam defasadas e corroídas pela inflação. Como uma embaixada fica esperando pela outra para reajustar os salários da categoria, acaba ocorrendo um longo tempo sem reajuste.
Os trabalhadores não recebem reajuste salarial conforme o Índice de Preço de Consumidor Amplo – IPCA desde abril de 2009, e há quase dois anos vêm reivindicando reposição, além do auxílio-alimentação de R$ 500 e auxílio-educação para os filhos.
“Ela (embaixada da Holanda) tem que entender que há perda do poder aquisitivo dos funcionários devido à inflação em nosso país. Diferente da Holanda, onde a inflação quase nem existe! São cinco anos sem reajuste. Cansamos dessas desculpas!”, afirma o secretário de Finanças do Sindnações, Marcondes Rodrigues.