STF quer apurar corrupção no MEC em esquema denunciado por 10 prefeitos

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Portal CUT – Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha

 

O escândalo de corrupção envolvendo dois pastores evangélicos que não exercem cargos oficiais no Ministério da Educação, mas são base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), ganha novos contornos com a confirmação de 10 prefeitos de que houve pedido de propina para a liberação de verbas do MEC para suas cidades.

Os prefeitos acusam os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, de operarem um esquema no MEC para facilitar a liberação de recursos no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A denúncia veio à tona com a divulgação de uma gravação em que o próprio ministro da Educação admite que o presidente Bolsonaro pediu que ele liberasse verbas intermediadas pelos pastores.

Diante desses fatos, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, autorizou a abertura de inquérito pedido pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar o envolvimento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, com os pastores. Na investigação que será conduzida pela Polícia Federal, serão ouvidos os prefeitos como testemunhas do caso. O ministro da Educação e os dois pastores também serão intimados a prestarem esclarecimentos.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse ver indícios dos crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa. Ele ainda precisa dizer se Bolsonaro também será investigado.

Os prefeitos que admitiram ter recebido pedidos de propina feitos pelos religiosos, foram: Gilberto Braga – Luis Domingues (MA); Kelton Pinheiro – Bonfinópolis (GO) e José Manoel de Souza – Boa Esperança do Sul (SP).

Os que admitiram que só chegaram ao MEC por meio dos pastores, são: Nilson Caffer – Guarani D’Oeste (SP); Adelícia Moura – Israelândia (GO); Laerte Dourado – Jaupaci (GO); Doutor Sato – Jandira (SP); Fabiano Moreti – Ijaci (MG); André Kozan – Dracena (SP) e Edmario de Castro Barbosa – Ceres (GO). A informação foi divulgada pelo jornal Estadão, o primeiro a divulgar o escândalo.

Segundo o jornal, além do pedido de um quilo de ouro feito ao prefeito Gilberto Braga, de Luis Domingues (MA), o prefeito de Bonfinópolis (GO), Professor Kelton Pinheiro (Cidadania), contou que chegou a receber uma oferta de desconto no valor da propina: “(Arilton) falou: ‘vou lhe fazer por R$ 15 mil porque você foi indicado pelo pastor Gilmar, que é meu amigo. Pros outros aqui, o que eu estou cobrando aqui é R$ 30 mil’.” O valor da contrapartida também incluía compra de bíblias patrocinadas pelo pastor. 

O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), também disse ter sido abordado pelo pastor Arilton com proposta de propina. “Ele disse: Eu falo lá, já faz um ofício, mas você tem que fazer um depósito de R$ 40 mil para ajudar a igreja”.

PT entra com representação no TSE

Diante das denúncias, o Partido dos Trabalhadores entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sejam investigados por abuso de poder econômico e político.

Para o PT é preciso apurar o caso na seara eleitoral, já que há indicações de que a estrutura do Ministério da Educação vem sendo usada, pelo menos desde o início do ano passado, para promover a ‘candidatura e os desideratos políticos’ de Bolsonaro.

Leia aqui a íntegra do documento 

Bolsonaro mantém apoio a ministro da Educação

Apesar das gravações em que o próprio ministro admite a interferência dos pastores na liberação de verbas do MEC, Bolsonaro, em transmissão ao vivo na noite dessa quinta-feira (24), disse que coloca ‘a cara toda no fogo’ por Milton Ribeiro e de que estão fazendo uma covardia com ele.

Leia mais: Ministro da Educação diz priorizar amigo de pastor a pedido de Bolsonaro  

Com informações do Estadão

Fonte: CUT