Sinpro promove curso de formação antirracista na CRE do Paranoá e Itapoã

O Sinpro, por meio da Secretaria de Raça e Sexualidade, promoveu mais um curso de formação, desta vez na Coordenação Regional de Ensino do Paranoá e Itapoã. A atividade foi realizada no dia 19 de novembro e reuniu professores(as) e orientadores(as) educacionais em um espaço de diálogo, debate e fortalecimento sobre a importância de prevenir e enfrentar o racismo na escola.

O curso faz parte do Circuito Permanente de Debates Antirracistas nas Escolas, atividade promovida pelo Sinpro com o objetivo de oferecer aos(às) educadores(as), subsídios teóricos, metodológicos e práticas pedagógicas que fortaleçam o enfrentamento ao racismo no cotidiano escolar. “A gente não nasce racista e é exatamente por isso que precisamos escolher, todos os dias, ser antirracistas. O curso de formação tem se tornado em um espaço fundamental para acabarmos com qualquer tipo de preconceito no ambiente escolar”, ressalta a diretora do Sinpro, Márcia Abreu.

Durante o curso foi ressaltada a importância de avanço sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 27/24), que cria um Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial.

O diretor do Sinpro Jean Carmo lembra que em sua formação histórica, econômica e Social, o Brasil viveu a escravidão negra como uma de suas principais marcas. “Foram cerca de 12 milhões de africanos, homens e mulheres arrancados de suas terras, trazidos para a América. Metade dessas pessoas veio para o Brasil. Foi toda a estruturação econômica do país ancorada no trabalho da escravidão negra. E nós tivemos uma abolição incompleta. Uma abolição em que os negros não tiveram nenhum direito, e isso estrutura toda a desigualdade econômica, toda a desigualdade social que nós vemos no Brasil. Apesar dessa violência ser irreparável do ponto de vista pecuniário, a PEC da Reparação é uma dívida que o Estado brasileiro tem com o povo negro.”

 

Educação Antirracista

Nos encontros, que duram cerca de três horas, são discutidos temas como a psicologia social do racismo e as invenções históricas sobre o que significa ser pessoa negra no Brasil, com ênfase nas representações sociais construídas sobre a população negra.

A história do país a partir de 13 de maio de 1888 também é revisitada, destacando o abandono da população negra pelo Estado republicano e os impactos dessa omissão nas desigualdades que persistem até hoje.

As formações do Sinpro analisam ainda os processos pelos quais a ciência, a intelectualidade e diferentes governos contribuíram para a construção e a manutenção do racismo estrutural.

Por fim, o debate chega ao currículo escolar, em que são discutidas a aplicabilidade da Lei 10.639/2003 — que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira em todas as escolas do Brasil — e as referências de literatura, materiais didáticos e produções acadêmicas que auxiliam o trabalho pedagógico.

Segundo o diretor do Sinpro Robson Câmara, que também é um dos formadores, a ideia é que todos esses temas sejam trabalhados de forma transversal aos conteúdos curriculares.

“Como queremos desenvolver uma educação antirracista, a gente trabalha temas com professores(as) e orientadores(as) educacionais falando das possibilidades pedagógicas de abordar essa temática, de utilizar a pesquisa para estimular os alunos nesse debate. A gente busca qualificar a categoria a discutir com alunos em sala de aula essa temática e mitigar eventuais situações que possam caracterizadas como racismo de diversas naturezas”, disse.

O Circuito Permanente de Debates Antirracistas nas Escolas é realizado sob demanda das escolas. Para solicitar a formação, as unidades escolares devem entrar em contato com a Secretaria de Raça e Sexualidade do Sinpro por meio do telefone (61) 99663-7986 ou pelo e-mail racaesexualidade@sinprodf.org.br.