Sindicatos cutistas rechaçam ilegalidade das greves do serviço público local
A solidariedade de classe é um dos princípios da CUT. A prática desta máxima vem sendo amplamente demonstrada diante da judicialização das greves de alguns setores do funcionalismo local. Para os sindicatos da base da CUT Brasília que representam os servidores públicos do GDF, a intenção do governo local de tornar as greves dos servidores da Saúde, dos agentes penitenciários e dos agentes socioeducativos é “imoral”.
“O GDF opta, mais uma vez, pelo caminho do autoritarismo para resolver os problemas do servido público no DF. Ao invés de sentar com os sindicatos para negociar, para discutir uma proposta séria para que os sindicatos possam apreciar em assembleia junto com suas categorias, o GDF prefere judicializar e decretar a ilegalidade das greves. Essa postura demonstra a falta de habilidade do governo para encontrar soluções para os problemas de Brasília”, avalia o secretário geral da CUT Brasília e coordenador do Fórum em Defesa do Serviço Público, Rodrigo Rodrigues.
Para o professor da rede pública de ensino do DF e dirigente do Sinpro-DF – sindicato que representa a categoria –, Cláudio Antunes, a ação do GDF é, no mínimo, contraditória. “Os professores prestam solidariedade às categorias que já estão em greve e que o governo pressiona para tornar o movimento ilegal. Também estamos sentindo na pele o descaso do GDF. Isso que o governo vem fazendo é imoral. Ele vem pedindo a ilegalidade de movimentos, mas como sugere um suposto cumprimento de lei se ele mesmo não cumpre lei?”, questiona o dirigente sindical.
Izaura Oliveira Santos, dirigente da CUT Brasília e do SAE-DF, que representa os trabalhadores das escolas públicas do DF, entende que a ilegalidade das greves é uma “estratégia” do GDF. “Essa indicação de ilegalidade das greves é uma forma que o GDF vem encontrando de colocar a população contra os trabalhadores. Isso é uma estratégia vergonhosa. Ele quer fazer uma guerra em Brasília”, avalia a dirigente do SAE-DF e da CUT Brasília, Izaura Oliveira Santos.
O Sindicato que representa os servidores da administração direta e indireta e das autarquias, Sindser-DF, se soma à solidariedade aos sindicatos onde a greve foi indicada ilegal. “A greve de todos os setores do funcionalismo local é legal e justa. Ilegal é o descumprimento de lei, que é o que vem fazendo o GDF”, afirma André Luiz da Conceição, presidente do Sindser e dirigente da CUT Brasília.
Judicialização não tem efeito
No último dia 9, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) acatou ação de dissídio de greve ajuizada pela Procuradoria-Geral do DF e determinou o fim da greve dos servidores da Saúde, dos agentes penitenciários e dos agentes socioeducativos. A determinação é de retorno imediato ou multa diária de R$ 100 mil para quem descumprir a decisão e corte de ponto dos servidores desses setores que se mantiverem paralisados.
A decisão do GDF, entretanto, não intimidou os servidores. Em assembleias realizadas na manhã desta terça-feira (13), servidores da Saúde e do Sistema Penitenciário do DF decidiram manter a paralisação.
Mobilizações do funcionalismo
Mesmo com o ataque do governo Rollemberg, as atividades dos servidores públicos do DF continuam. Veja o panorama geral abaixo.
Sinpro-DF (Sindicato dos Professores do DF) – Ato público e início da greve no dia 15, na Praça do Relógio de Taguatinga, a partir das 10h.
SAE (Sindicato dos Trabalhadores em Escolas Públicas no Distrito Federal) – Greve será ratificada no dia 19, em assembleia na Praça do Buriti, às 10h. Durante essa semana, o sindicato realizará reuniões de mobilização nos setores de trabalho.
Sindser-DF (Sindicato dos Servidores e Empregados na Administração Direta, Fundacional, das Autarquias, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do Distrito Federal) – Piquetes diários nas sessões do DER. Na quinta-feira (15), categoria realizará assembleia de mobilização na Praça do Buriti, às 9h. Servidores da Secretaria de Agricultura, que estão em greve, também realizam piquetes nos setores de trabalho.
Na quinta-feira (15), os servidores do DFTrans realizarão assembleia para votar o indicativo de greve. A atividade será às 13h, no estacionamento da antiga Rodoferroviária.
No dia 20, quem vota o indicativo de greve são os servidores do SLU (Serviço de Limpeza Urbana). A votação será feita em assembleia, às 9h, na Praça do Buriti.
Sindate (Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal) – Assembleia de mobilização nesta quinta-feira (15), às 9h, no ambulatório do Hospital de Base.
SindSaúde (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Distrito Federal) – Assembleia nesta quinta-feira (15), às 10h, no Hospital de Base
A CUT Brasília não conseguiu falar com o sindicato dos médicos, dos agentes socioeducativos e agentes penitenciários.
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Fonte: CUT Brasília