Setembro Amarelo | Valorização da educação é base para saúde mental na escola
Dados do Ministério da Previdência Social mostram que de 2023 para 2024 o número de afastamentos de profissionais da educação por transtornos mentais e comportamentais, com destaque para depressão e ansiedade, aumentou 68%. No Distrito Federal, a última pesquisa mostra que 56% dos(as) professores(as) e orientadores(as) educacionais se afastam por ano para tratar a saúde, 70% dos afastamentos relacionados a transtornos mentais e comportamentais.
Pesquisa realizada pela Secretaria de Educação do DF (SEEDF) ainda revela que mais de 3 mil educadores(as) se afastaram em 2023, colocando a categoria do magistério público do Distrito Federal na segunda colocação entre as que mais se afastam no país. A posição no ranking traz preocupação com a saúde de educadores(as), mantendo aceso o sinal de alerta mostrado anualmente pela campanha Setembro Amarelo.
“Estamos iniciando um mês de extrema importância em função de sua temática, que é o combate e prevenção do suicídio e da atenção com a saúde dos nossos educadores. O Sinpro tem entre suas bandeiras de luta a reivindicação por melhores condições de trabalho, que trará mais saúde para quem está diariamente no chão da escola”, comenta a coordenadora da Secretaria de Saúde do Sinpro, Elbia Pires.
A diretora ainda afirma que além da luta pela valorização da saúde da categoria do magistério público, a campanha também sinaliza sobre a prevenção ao suicídio.
O adoecimento de professores(as) e orientadores(as) educacionais é uma preocupação nacional, frequentemente associada a síndromes como a de Burnout (esgotamento profissional), distúrbios de voz (disfonia), doenças osteomusculares (DORT/LER) e problemas relacionados a depressão e ansiedade.
Prevenção começa na escola
A importância do debate sobre temas relevantes para a sociedade pode quebrar tabus e salvar vidas, e o Setembro Amarelo traz esta concepção em seu objetivo: conscientização sobre a prevenção do suicídio e de transtornos mentais e comportamentais. A conscientização começa muitas vezes nas escolas, em conversa com professores(as) e orientadores(as) educacionais.
A escola, como ambiente de formação integral do indivíduo, tem o papel de prevenção, identificação de sinais de alerta e encaminhamento adequado. Além disso, a promoção de palestras e rodas de conversa com profissionais da saúde; a implementação de programas de habilidades socioemocionais, ensinando estudantes a identificar e gerir suas emoções, desenvolver resiliência e empatia desde cedo; a capacitação de educadores(as) para a identificação de sinais de alerta e no acolhimento de estudantes em sofrimento; e a criação de um ambiente escolar acolhedor, no sentido de fomentar um espaço livre de bullying, onde a saúde mental seja tratada com a mesma seriedade que a física, podem transformar o chão da escola em um ambiente acolhedor e inclusivo.
“O adoecimento, muitas vezes, vem pela impossibilidade de comunicar tantas dores. Elas aparecem nas frestas, como enxaquecas, dores musculares, insônia, medo, que é uma forma de evitar explodir em lugares errados diante de tanta demanda. É neste sentido que o Sinpro tem pensado em atividades e programas que contribuam para o fortalecimento emocional e psicológico da categoria, além de levar debates importantes e necessários para as escolas. Isso pode salvar vidas”, ressalta Luciane Kozicz, psicóloga e pesquisadora do Núcleo de Trabalho e Linguagem na Universidade de Brasília (UnB).
Em 2021 o Sinpro produziu cartilha para contribuir no esforço de combater o suicídio e demais transtornos mentais e comportamentais. “O Setembro Amarelo é importante no processo de conscientização, combate e divulgação das causas, consequências e como evitar o suicídio. A cartilha é a contribuição do sindicato nesse esforço do Setembro Amarelo. É uma ferramenta importante para auxiliar a categoria a se prevenir, se proteger e, principalmente, saber como buscar ajuda”, explica a diretora do Sinpro Elbia Pires.
A campanha
A campanha Setembro Amarelo, criada em 2015, foi trazida ao Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), abrindo espaço para diálogo, oferecendo informação qualificada e mostrando que o suicídio é evitável.
Edição: Vanessa Galassi