Quanto maiores as ameaças, mais crescem ocupações de escolas

Já são 1197 escolas, institutos e universidades ocupados em todo país. Os estudantes são contra projetos que ameaçam a educação pública e de qualidade, como a PEC 55 (ex 241 na Câmara), que congela o de investimentos em saúde e educação para os próximos 20 anos, a MP 746, que reforma do ensino médio, e o PL 131, que retira recursos do pré-sal para a saúde e educação.
Em Brasília o CEM 111, no Recanto das Emas e o campus do IFB em São Sebastião foram desocupados. Continuam ocupados O CED 01, em Planaltina; Gisno, na Asa Norte; CEM Oeste, na 912 Sul; o CEM Elefante Branco, na 908 Sul; CEM, em Taguatinga Norte; CEMAB, em Taguatinga Sul; os Institutos Federais de Brasília de Samambaia, Planaltina, Riacho Fundo, Estrutural, e os campi de Valparaíso Luziânia e Águas Lindas, no entorno.
O dia a dia das ocupações é marcado por muita organização e unidade dos estudantes. No Centro de Ensino Médio Gisno, na Asa Norte, por exemplo, foi organizado Sarau com aulões, debates políticos e intervenções culturais. No evento, houve, também, venda de galinhada para arrecadação de fundos. O dinheiro arrecadado será destinado às despesas dos alunos que ocupam a unidade.
Outro ponto de destaque foi a roda de conversa entre o sociólogo da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos e representantes dos estudantes secundaristas das escolas ocupadas no DF. O professor esteve em Brasília nesse final de semana para palestrar na Universidade de Brasília (UnB), no Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) e na Bienal do Livro. Ele recebeu os secundaristas para troca de experiência. Esteve presente, também, a estudante paraense Ana Júlia, que se tornou símbolo da luta ao encarar deputados e discursar, com argumentos convincentes, em defesa do movimento.
Segundo o diretor do Sinpro-DF, Patrício Ticho, o movimento legítimo dos estudantes em defesa da educação têm se tornado grande referência de luta e resistência no país. Ticho destaca a assistência de professores, advogados e comunidade ao movimento. “Há uma rede de professores aqui no DF que auxiliam os alunos em aulões e debates. Há, também, advogados da OAB e autônomos que dão amparo em questões judiciais”, disse.
O diretor esclarece o porquê de os professores se envolverem nessa mobilização. “A educação é uma bandeira que independe de posição política. Essa bandeira, da educação pública e de qualidade, sempre foi defendida pelos professores. E a mobilização dos alunos só fortaleceu essa luta”, conta.
Movimentos fascistas repreendem mobilização dos estudantes
À medida que cresce a mobilização em defesa da educação, cresce, também, as represálias e perseguições ao movimento legítimo dos estudantes por parte de grupos e setores contrários, amparados pelos governos golpistas. Desde o momento em que os estudantes se organizaram e mobilizaram, movimentos fascistas se levantaram para tentar barrá-los.
Em Goiás, por exemplo, a Polícia Militar refere-se ao movimento como invasões e alega que o movimento não tem legitimidade. Ticho informa que o Sinpro-DF continuará apoiando a causa dos secundaristas e repreende qualquer tipo de represália. “Entendemos que esse é um movimento legitimo. Precisamos ampliar esse debate por meio de audiências públicas e de diálogos com outras esferas públicas”, afirma.
Segundo o diretor do Sinpro, Gabriel Magno, aumentaram as ameaças às ocupações. Magno informa termina hoje o prazo que o Ministério da Educação (MEC) deu para que os estudantes desocupem as escolas. Caso não ocorra, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será cancelado nessas localidades. “O MEC não se pronunciou até o momento. Vamos aguardar e ver o que acontece”, disse.