Professores paulistas fazem greve e engrossam ato de movimentos sociais

Em assembleia na tarde de sexta-feira (13), no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), professores da rede pública de ensino resolveram entrar em greve a partir de hoje (13). Eles reivindicam reajuste salarial de 75,33%  e a contratação de mais professores, como forma de reduzir a superlotação de alunos nas salas de aula.
Os professores tomaram a decisão momentos antes do ato unificado com centrais sindicais e movimentos sociais pelo Dia Nacional de Luta em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores, da Petrobras, da Democracia e da reforma política. De acordo com cálculo da Polícia Militar, em torno de 3 mil pessoas participaram da assembleia, mas, no ato unificado, o número aumentou para aproximadamente 9 mil.
A presidenta do Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, disse que a paralisação continuará na semana que vem, com visitas às escolas para explicar a alunos e a seus pais as razões do movimento. Outra assembleia para avaliar os rumos da greve foi marcada para a próxima sexta-feira (20), às 14h, também no vão-livre do Masp.
Os professores demonstraram, no entanto, posicionamentos bastante divididos na reunião. Antes da aprovação da greve, praticamente por unanimidade, os professores se dividiam entre gritos de “Fora, Bebel!” e “Fica, Bebel!”. Também havia divisão entre os que defendiam o PT e os que pediam a saída da presidenta Dilma Rousseff do cargo.
Em discurso e em entrevista a jornalistas, a presidenta da Apeoesp ressaltou que o ato político pelo Dia Nacional de Luta em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores, da Petrobras, da Democracia e da reforma política só aconteceria após a assembleia, unindo os professores aos estudantes que chegaram para apoiar o movimento. De lá, todos caminahram para a Avenida Paulista e se uniram aos manifestantes que estavam em frentre à sede da Petrobras. “Esse ato unificado é em defesa dos direitos, da democracia e contra a privatização da Petrobras”, reforçou Bebel.
Todos os manifestantes – professores, sindicalistas, estudantes, sem-terra, trabalhadores estaduais da área de saúde e representantes de vários movimentos sindicais – seguiram, depois, pela Avenida Paulista, até o centro da capital, com intenção de encerrar a caminhada na Praça Roosevelt. Durante a passeata, os manifestantes gritavam: “Fica, Dilma”.
No início da noite, a secretaria estadual de Educação informou, por meio de nota, que, “apesar de considerar legítimo o direito à manifestação, tem compromisso com a qualidade do ensino”. Neste sentido, orienta que os estudantes da rede estadual compareçam às escolas na segunda-feira (16). A secretaria avalia que os mais de 230 mil professores do estado não devem aderir por completo à paralisação, e parte deles compareça normalmente às aulas.
As diretorias de ensino da secretaria foram orientadas a garantir as aulas. O órgão destaca ainda que elaborou um plano de carreiras, em conjunto com os trabalhadores, e o documento estabeleceu um aumento acumulativo de 45% em quatro anos, além de elevar o piso salarial paulista a um patamar 26% maior do que o nacional. Segundo a secretaria, os servidores da educação também podem ter  reajuste anual de 10,5% por mérito.
A nota nega que tenha havido demissões na rede estadual, e ressalva que “o maior concurso do magistério paulista na história, que abriu 59 mil vagas, convocou 38 mil professores no último ano”. Diz também que a exigência do intervalo contratual para temporários é prevista em lei e, graças à atuação da secretaria, o período foi reduzido de 200 dias para 40 dias.
(Da Agência Brasil)