Ampla maioria da população confia mais em professores(as) que em militares nas escolas

Pesquisa realizada pelo instituto Datafolha e pelo Centro de Estudos em Opinião Pública (Cesop/Unicamp), por encomenda Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) e da Ação Educativa, aponta que a ampla maioria da população – mais de 70% – confia mais em professores do que em militares para atuar em uma escola.

A pesquisa “Educação, Valores e Direitos”, que ouviu 2.090 pessoas com 16 anos ou mais de 130 municípios em todas as regiões do país. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais dentro do nível de confiança de 95%.

Outro dado revelado pela pesquisa é que quase metade da população brasileira nem ouviu falar do assunto (45,2%) ou se considera mal informado (11,1%).

Para a maioria, o principal problema da escola pública é a falta de investimento dos governos (28%), seguida pelos baixos salários e desvalorização dos professores (17%) e pela falta de infraestrutura (12%). A segurança vem em quarto lugar (12%), e a falta de disciplina, somente em sexto (10%). Confira nos gráficos abaixo:

 

Segundo os números oficiais, o Brasil tem hoje 216 escolas cívico-militares distribuídas em 26 estados e no Distrito Federal. Isso representa 0,1% de 178.370 instituições de ensino básico em 2021. Entretanto, as escolas militarizadas recebem proporcionalmente muito mais recursos, e tiveram esse repasse triplicado pelo governo federal, de cerca de R$ 16 milhões em 2020 para R$ 45,1 milhões em 2021.

 

Militarização no DF

Reportagem da Folha de S. Paulo que divulga os resultados da pesquisa entrevistou a mãe de um estudante do CED 01 da Estrutural, escola militarizada onde diversos casos de abuso de autoridade e desrespeito à gestão democrática já foram relatados. A mãe, que havia sido favorável à implantação da gestão compartilhada, agora vê o avanço da militarização do ensino com preocupação. Ela transferiu seu filho para outra escola e disse à Folha: “A polícia tem que proteger o cidadão e não oprimir e fazer da escola um quartel”.

Em maio, o Ministério Público do Distrito Federal revogou a legalidade do processo de militarização de escolas públicas do DF. Entre as razões para isso, estão a ausência de dados que comprovem o sucesso da proposta e a necessidade de garantir os direitos constitucionais ao princípio da dignidade da pessoa humana e ao pluralismo político.

>>> Saiba mais: MINISTÉRIO PÚBLICO DERRUBA LEGALIDADE DE ESCOLAS MILITARIZADAS

No último dia 22 de junho, a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) recomendou a suspensão da votação da militarização do CEF 427 de Samambaia. A reunião foi cancelada, e a recomendação da Proeduc é para que, enquanto as respostas solicitadas pelo órgão não forem fornecidas pela Secretaria de Educação, a votação permaneça suspensa.

 

A pesquisa

Os dados e gráficos utilizados nesta matéria foram divulgados pelo Cenpec, um dos propositores da pesquisa. Leia mais no site do Cenpec.